Única piloto do governo do Estado de MS fala do orgulho da profissão
09 de março de 2010 3min de leitura
09 de março de 2010 3min de leitura
Campo Grande (MS) – “Não tenho rotina de trabalho. Tem dia que saio às três horas e só volto em três dias”, diz, sorridente, a capitão Katiane Almeida de Oliveira, de 30 anos. Ela é a única piloto na área de aviação de segurança do Estado de Mato Grosso do Sul e há pelo menos três anos atua na Coordenadoria Geral de Patrulhamento Aéreo (CGPA).
Katiane Almeida representa milhares de mulheres que batalham pelo que querem sem medo e com determinação. “Entrei na Polícia Militar com 18 anos e minha formação é de oficial de polícia. Dentro da instituição recebi um convite para fazer um curso de formação para piloto e resolvi tentar. Fiz o curso teórico de seis meses e 40 horas de aulas práticas. Hoje tenho a carteira de piloto comercial”, conta.
A capitão pilota monomotores, bimotores e os bandeirantes pertencentes ao governo do Estado. Quando questionada se já sentiu medo de pilotar, ela responde com tranquilidade: “medo nunca senti, mas ansiedade só no primeiro voo de solo que é quando estamos sendo avaliados. Já no meu primeiro voo de missão estava confiante e precisava provar para eles que eu sabia pilotar. Quando a missão terminou tive um sentimento que se resume na palavra: alcancei”, ressaltou. Ela estava se referindo aos objetivos que foram alcançados.
O trabalho de Katiane é de atender as diversas secretarias do governo do Estado e de resgate. “Fazemos voos de resgate para pegar um doente, de missões como na região do Pantanal e de atendimento às secretarias. Ano passado, por exemplo, levamos equipes de bombeiros para atuar num incêndio na Serra do Amolar, em Corumbá”, explicou.
Em meio a um painel cheio de botões e alavancas nos monomotores e bimotores que pilota, um item não pode faltar no dia-a-dia da piloto. “Pode faltar tudo na minha bolsa, menos o protetor solar”, brinca. Katiane conta que os colegas de trabalho, a maioria homens, brincam com ela quando “retoca” o protetor solar no rosto. “Depois eles acabam me pedindo um pouquinho”, sorri.
Katiane divide as tarefas de profissional da segurança do Estado com a família. “Faço as duas coisas com amor”, referindo-se ao trabalho e ao dom de ser mãe de uma filha de dois anos. A piloto conta que a ausência em casa um dia vai dar retorno para a filha. “Essa ausência vai trazer orgulho para minha filha e faço tudo que posso por ela. Hoje quando ela vê um avião, ela diz: mamãe olha você lá”, diz emocionada.
A piloto é filha e irmã de militar e diz que sempre contou com o apoio da família para atuar na profissão. “Sinto que meu pai se realiza em me ver onde estou. Minha mãe, preocupada, às vezes me liga e pergunta: minha filha hoje está chovendo. Você não vai voar, né?”, lembra sorridente.
Quanto ao cargo que é quase 100% ocupado por homens, ela fala que não enfrentou preconceito, mas teve todo o apoio necessário para atuar na profissão. “Adoro o que faço e tive todo o apoio e incentivo para chegar onde estou. Se estou aqui é porque todos acreditaram no meu trabalho”, afirma.
No mês de mulher, a piloto faz questão de ressaltar que as mulheres têm conquistado espaço em todas as áreas. “As pioneiras já abriram as portas e temos que dar continuidade às conquistas. Precisamos ter objetivos, ter firmeza nos propósitos. A gente alcança o que verdadeiramente queremos”, argumenta.
Durante a entrevista, o comandante da CGPA, o Coronel José Tadeu Sampaio Vieira, não poupou elogios à piloto. “Para nós da aviação, esta piloto formada aqui mesmo no Estado é orgulho. Vemos a dedicação com superação de paradigmas. Ela pode ser uma futura comandante e tem bagagem para isso. Capacidade ela tem, só depende dela”, elogiou.
Em breve, a CGPA vai contar com a atuação de quatro comissárias de bordo que são profissionais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Elas já estão lotadas na Coordenadoria e estão concluindo o curso de formação de comissário de bordo.
Fonte: SEJUSP MS
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