Tirando ideias das teorias – Manual de Teoria de Voo de Multirrotores
29 de setembro de 2017 3min de leitura
29 de setembro de 2017 3min de leitura
HÉRLON LIMA
Major da Polícia Militar da Bahia
O dia 15 de janeiro de 2015 mudou, definitivamente, a forma com que abordávamos o tema RPAS (Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas). Para nós baianos, além de muita festa, pois era o dia em que comemorávamos a Lavagem do Bonfim, vai ser lembrado como o dia em que rompemos o Break-Even Point nos assuntos relativos ao tema RPAS. Inicialmente, abordamos o assunto sob o ponto de vista da segurança de voo e, após quinze dias, criamos um colóquio com a comunidade, seguindo a corrente do bem, a linha doutrinária preconizada pela nossa honrosa e quase bicentenária Corporação.
Nesse dia, uma aeronave do Grupamento Aéreo (GRAER) da PMBA sobrevoava acima do adro da Igreja do Bonfim, protegendo os baianos e os turistas que comparecem todos os anos para prestigiar a riqueza das manifestações culturais e religiosas, além da diversidade étnico-racial que são marcas do Estado da Bahia.
Ocorre que uma aeronave não tripulada passou a fazer parte desse contexto, sem se submeter aos procedimentos de segurança de voo, cujo cumprimento é obrigatório para todos aqueles que têm acesso ao espaço aéreo e que contribuem para tornar da aviação um dos sistemas de transporte mais seguros do mundo.
A partir desse evento gatilho, já que a população, servidores e patrimônio público poderiam ser comprometidos, o GRAER, a partir do primeiro encontro com operadores no Quartel do Comando Geral (QCG), passou a desenvolver o Programa RPAS da PMBA, uma ação baseada nos pilares da segurança de voo, como forma de garantir a continuidade dos serviços públicos de proteção e socorro que são prestados à sociedade, por meio do uso das aeronaves de sua frota.
No espectro da análise do ambiente interno, uma das forças do GRAER reside no seu ambiente voltado ao ensino e à instrução. Há algum tempo é desenvolvido o Projeto GRAER nas Escolas, que promove a inclusão digital pela apresentação e acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) disponíveis no acervo da unidade. Essa é uma forma de acelerar o desenvolvimento das comunidades em idade escolar e promover a proximidade da PM com a comunidade.
Avançando um pouco mais, com base nas potencialidades apresentadas, a unidade submeteu à aprovação do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) da Corporação um projeto pedagógico para capacitação dos futuros pilotos remotos e observadores de RPA da Corporação. Assim, tornou-se a unidade executora do Curso de Operador de RPAS (CORPAS). Esse curso de capacitação foi, detalhadamente, construído para atender a uma necessidade e a um contexto, acompanhando o fato social.
Atualmente, o curso possui um formato transcorporativo, já que os alunos pertencem aos diversos órgãos e instituições que desenvolvem as suas atividades a serviço do poder público. Em 2018, a previsão é que alcancemos mais de 100 operadores capacitadas formalmente pelo programa, um número bastante expressivo para o período de funcionamento. Como bem se diz: em segurança de voo não há segredos nem bandeiras.
Dessa forma, somente ao final, voltamos ao título do texto que faz um trocadilho com a Teoria das Ideias de Platão. Esse renomado pensador clássico acreditava que por trás da realidade material existe uma realidade abstrata. São dois mundos que se articulam e coexistem perfeitamente, o inteligível e o físico.
A partir das ideias se oferece o verdadeiro conhecimento. Nos detalhes é algo distinto da acepção adquirida na cultura moderna, mas guarda algumas similaridades nos aspectos gerais.
Assim, o GRAER lançou um Manual de Teoria de Voo de Multirrotores com o objetivo de preencher as lacunas presentes no setor e superar os desafios que surgem com a operação de aeronaves remotamente pilotadas, ou seja, transformar ideias em realidade.
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