Minas Gerais – A tarde desta segunda-feira, dia 17, para Darci Francisca dos Santos, de 63 anos, uma das vítimas do rompimento da Barragem de Fundão, da Samarco Mineração S.A., em Mariana, foi marcada por colaboração no terceiro inquérito policial da Policial Civil de Minas Gerais, que investiga as lesões corporais graves provocadas em decorrência do desastre, e também por emoção em rever parte da equipe de policiais civis e bombeiros militares que a resgatou, de helicóptero, em meio à lama no trágico 5 de novembro de 2015.

A senhora prestou depoimento na 5ª Delegacia Regional de Polícia de Ouro Preto, passou por exame de corpo de delito complementar, realizado por profissionais do Posto de Medicina Legal da cidade e reviu a equipe que a resgatou do mar de lama.

Sobrevivente da tragédia em Mariana reencontra equipe que a resgatou do mar de lama

As lembranças do desastre, que completará um ano no próximo mês, ainda sensibilizam bastante Dona Darci, e a recordação do resgate ela descreve como se fosse hoje. “Os helicópteros passavam e não me viam. Quando iam embora, eu pensava: agora não tem jeito mais. Mas quando colocaram a luz em mim, pensei, agora estou salva”, conta emocionada.

Rever os profissionais do salvamento era um desejo da senhora, que hoje mora fora do estado. Como ela viria para prestar o depoimento, o delegado Rodrigo Bustamante oportunizou o encontro.

Também bastante comovidos com o encontro estavam o delegado geral de polícia, Ramon Sandoli de Aguiar Lisboa, que é piloto de helicóptero, co-piloto e tripulante operacional; o investigador de polícia, Luiz Cláudio Octaviano de Alvarenga Filho, que também é piloto desse tipo de aeronave e piloto em comando; o soldado João Felipe Mota Silveira Magalhães e o sargento Márcio Ferreira, integrantes do Batalhão de Buscas e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar.

Eles, acompanhados de outros dois colegas, cerca de duas horas após o rompimento da barragem, foram responsáveis pelo salvamento de Darci. “Realizar o salvamento foi muito gratificante. Nessa hora não teve tempo de ter medo, mas sim coragem e disposição para tomar a atitude. Certamente, é um fato muito marcante para a vida da gente”, ressalta Sandoli.

Investigações

De acordo com o presidente da investigação, delegado regional Rodrigo Bustamante, além de Dona Darci, outras seis pessoas já foram ouvidas, entre vítimas, testemunhas e um médico. “A senhora prestou depoimento para falar das lesões sofridas e das sequelas que ficaram após o fato. A intenção do inquérito é verificar se há vinculação entre sequelas e lesões”. Para isso, conforme explica o delegado, além dos depoimentos, são realizados exames de corpo de delito indireto, com base em laudos e relatórios médicos do atendimento prestado à época e também por exame complementar pela equipe do Posto de Medicinal Legal.

Esse terceiro inquérito policial foi instaurado pela Polícia Civil de Minas Gerais no último dia 29 de setembro, em atendimento à requisição do Ministério Público Federal (MPF), através da Procuradoria da República no Estado de Minas Gerais. O procedimento apura vítimas do crime de lesão corporal de natureza grave, previsto no art. 129, parágrafos 1º e 2º, do Código Penal. Segundo Bustamante, o prazo para conclusão do trabalho é de 30 dias, podendo ser prorrogado por igual período se houver necessidade.

Outros dois inquéritos foram instaurados em 6 de novembro de 2015, para apurar os fatos e circunstâncias que deram causa ao rompimento da barragem, homicídios, delitos de perigo comum e contra a saúde pública. Sete pessoas foram indiciadas pelos crimes de homicídio qualificado, inundação e corrupção ou poluição de água potável. O inquérito foi enviado à Justiça no dia 23 de fevereiro deste ano. Já o segundo procedimento foi instaurado pela Polícia Civil em 22 de fevereiro, para apurar crimes ambientais e licenciamentos da Barragem de Fundão. Ambos estão com o MPF.

Fonte: Polícia Civil de Minas Gerais.