A sobrevivência de uma tripulação em uma ocorrência de piloto incapacitado – Parte 4
25 de abril de 2019 4min de leitura
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E agora?
De volta a Centro de Controle, a equipe de liderança da Air Evac ficou chocada com o que havia acontecido. Dentro de 36 horas, os principais gerentes vieram até a base de Kinder, “só para nos dar abraços e se certificar de que estávamos bem”, disse Abshire. Mas a empresa ainda levaria muito tempo para determinar uma resposta organizacional ao incidente.
“Nunca havíamos lidado com algo assim, e realmente não havia nenhum manual ou procedimento aplicável a esse tipo de evento”, lembrou Tom Baldwin.
A primeira prioridade, disse ele, foi realizar um debriefing com a tripulação e os operadores do centro de controle para entender exatamente como o incidente se desenrolou em cada uma de suas perspectivas. Mas ainda havia o problema de como explicar o que havia acontecido para o restante dos funcionários da empresa.
“Tivemos um evento piloto, mas não tínhamos certeza de como comunicar isso da maneira correta aos demais tripulantes”, disse Baldwin. “O que nos preocupava era nos anteciparmos demais, e depois ter as tripulações questionando: ‘Como a empresa vai me proteger disso? Como você vai me manter seguro se isso acontecer comigo? ‘Nós não tínhamos essa resposta ainda”.
A equipe de gestores considerou a possibilidade de que não havia resposta para esse incidente – que talvez a incapacidade do piloto fosse simplesmente um risco inerente e inevitável de operações single pilot. Mas de acordo com Baldwin, “nenhum de nós acreditava nisso. Nós dissemos, tem de existir algo que podemos fazer para dar às nossas equipes de voo uma chance de sobreviver se isso acontecer novamente. ”
Depois de desenvolver um plano, o presidente da Air Evac, Seth Myers, gravou uma mensagem em vídeo para os funcionários descrevendo o que havia acontecido e como eles pretendiam preparar suas equipes para lidar com um evento similar no futuro. Nas semanas seguintes, a empresa desenvolveu um programa de treinamento em duas partes.
A primeira parte englobava o treinamento de familiarização do piloto automático para a tripulação aeromédica: como utilizar o HeliSAS, como usá-lo para manter o rumo e a altitude, como configurá-lo para fazer uma aproximação ao aeroporto mais próximo.
O piloto automático simples de dois eixos no HeliSAS não voa a aeronave até o toque, mas pode levá-lo para bem perto do solo em uma aproximação controlada em uma pista de pouso, onde o resgate e os serviços médicos de emergência estariam de prontidão. A ideia, disse Baldwin, é “ir de um acidente com quase certeza de vítimas fatais para um pouso forçado”.
Este treinamento baseado em vídeo foi fornecido a todos os atuais enfermeiros e paramédicos da Air Evac e foi integrado ao treinamento inicial para as novas contratações.
De acordo com Abshire, se ele tivesse tido o treinamento antes do incidente, ele saberia imediatamente dizer que o HeliSAS e o controle de direção estavam acoplados. Ele saberia também que, em vez de forçar a mão do piloto no cíclico, ele poderia simplesmente ter removido a mão do piloto para que o HeliSAS auto-nivelasse a aeronave.
Mais importante ainda, ele disse, sabendo desde o início o que poderia ser feito, instantaneamente ele iria priorizar as tarefas mais críticas para lidar com a emergência.
“Quando cheguei à frente da aeronave, eu estava indo lá para tentar algo, porque não queria morrer sentado quieto”, lembrou ele. “Mas eu não tinha ideia a menor ideia do que ia fazer.”
A segunda parte do programa de treinamento da Air Evac foi desenvolvida com os controladores do Centro de Comando, que agora têm uma orientação clara e roteirizada para os despachadores caso ocorra evento de incapacitação do piloto.
“Depois do evento, sentimos que tínhamos de melhorar em alguma coisa ainda”, disse o gerente do Centro de Comando Brian Allison, um ex-piloto de helicóptero Apache do Exército dos EUA que foi recrutador de pilotos da Air Evac antes de assumir sua função atual. Os controladores receberam um treinamento sobre o sistema HeliSAS e, em seguida, trabalharam junto com os instrutores de simulador de voo da empresa para escrever e testar o procedimento passo a passo para responder a um evento de incapacitação do piloto.
O procedimento evoluiu através de várias interações, mas agora “sinto que chegamos a um procedimento seguro”, disse Allison. Ele observou que os despachadores, sem experiência de voo, foram treinados com o procedimento no simulador com resultados bem-sucedidos. E não são apenas os eventos de incapacitação médica em que o procedimento pode ser necessário – também seria relevante se um piloto fosse incapacitado por uma colisão com pássaro ou drone.
“É como praticar uma autorrotação ou um procedimento de perda de motor”, disse Allison. “Você nunca quer passar por isso, mas caso aconteça com você, você quer estar pronto.”
Tradução livre do artigo “A fighting chance: Surviving pilot incapacitation”, de Elan Head
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