A sobrevivência de uma tripulação em uma ocorrência de piloto incapacitado – Parte 3
24 de abril de 2019 4min de leitura
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Pouse lá!!
Enquanto isso, no cockpit, Abshire tentava desesperadamente achar um jeito de fazer o piloto controlar a aeronave.
“Eu estava tentando um jeito de fazer o piloto retornasse com a aeronave para nossa base, tentando algum tipo de contato ou reação dele, mas ele não respondia e não estava fazendo nada”, lembrou Abshire. “Então eu tentei falar para pousar em qualquer área livre por onde sobrevoamos, e ele apenas ficava olhando para mim, me encarando e com cara de “Onde”?’.
Embora o HeliSAS estivesse acoplado, a mão direita do piloto ainda estava no cíclico e a aeronave continuava girando à esquerda. Abshire colocou a mão na mão cíclica do piloto e ajudou-o a nivelar a aeronave. Eles ainda estavam voando, mas Abshire ainda não tinha resolvido o que fazer.
“Houve um momento no voo em que eu já tinha aceito o fato de que íamos morrer”, disse ele. “Comecei a pensar na minha família e nos meus filhos, e orava a Deus, por favor, não me deixe sofrer. Se isso for acontecer, seja rápido”.
Então, de repente, o piloto desviou o olhar de Abshire e olhou para uma área livre em frente a eles e disse “Lá”.
“Sim!”, exclamou Abshire. “Lá! Pouse lá!”.
O piloto acionou o coletivo e o helicóptero começou a descer. Abshire gritou para Coupel: “É isso!”. Ele sabia que o piloto automático iria desacoplar quando diminuísse a velocidade e se aproximasse do solo, e sua ansiedade era intensa. Sua mão ainda estava no cíclico junto com a mão do piloto, ajudando a corrigir o desvio à esquerda.
Sozinha atrás da cabine, Coupel estava surpreendentemente calma; a sensação de uma aproximação suave e controlada a deixava tranquila. “O que é maluco, se você pensar sobre isso. . . Não é grande coisa, mas ali era o momento que iria decidir qual é o nosso destino”, disse ela.
Mas a atitude suave continuou até o toque no chão. Na verdade, ela disse, “que provavelmente foi o pouso mais controlado e suave que eu tive até agora em uma aeronave – foi simplesmente perfeito”.
Mais tarde, Abshire especulou que o experiente piloto, aposentado do Exército dos EUA, recorreu à “memória muscular de todos esses anos de dedicação à excelência” para fazer seu pouso “milagroso”. (Air Evac recusou um pedido para entrevistar o piloto para esta história.)
Naquela época, todavia, tudo o que Abshire conseguia pensar enquanto pousavam era a possibilidade de rolamento dinâmico. Ele queria desesperadamente sair da aeronave e, ao iniciar o procedimento de corte de emergência, gritou para que Coupel saísse logo da aeronave. “Não fazia sentido eu dizer para ela sair da aeronave com rotores ainda girando”, admitiu ele. “Mas nesse modo de sobrevivência, foi apenas o que passou na minha cabeça… vai… vai… vai.”
Coupel o ignorou, permanecendo a bordo e saindo do helicóptero somente depois que Abshire completou o corte de emergência: tirando o fornecimento de combustível e bateria para OFF. Quando ela saiu da aeronave, o piloto, ainda em estado mental alterado, conseguiu terminar o corte da aeronave.
Ela então puxou o piloto de seu assento e ficou entre ele e a aeronave enquanto esperavam pelo atendimento de emergência. Abshire saiu do cockpit e voltou para atender a vítima – que, claro, ainda estava em suporte vital.
“Assim que aterrissamos, não demorou cinco minutos para que viaturas de todo o mundo viessem para ver se estávamos bem”, lembrou Abshire. “O 9-1-1 tinha despachado que era um acidente de helicóptero, então todo mundo estava vindo.”
Coupel e Abshire trabalharam juntos por cerca de um ano antes do evento e tiveram “um ótimo relacionamento”, disse Coupel. Esse “respeito mútuo” formou a base de sua gestão de recursos médicos aéreos em vôo
Entre os primeiros a chegar, estava a equipe de uma ambulância que acabara de deixar um paciente. Eles levaram o piloto e Coupel para o hospital mais próximo. Enquanto isso, outro helicóptero da Air Evac, pousou no local para continuar o atendimento da vítima embarcada, e transportou-a para o hospital de destino.
Hoje, o piloto não está mais voando, mas supostamente teve de passar por uma recuperação física substancial. A Air Evac não pôde fornecer mais detalhes sobre a vítima transportada por motivos de privacidade.
Abshire soube mais tarde que todo o incidente – entre o momento em que percebeu a incapacitação do piloto até o pouso – durou apenas oito minutos.
“Eu nunca acreditaria nisso”, disse ele. “Parecia que foram três dias.”
Tradução livre do artigo “A fighting chance: Surviving pilot incapacitation”, de Elan Head
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