SAER/RJ teria utilizado arma emprestada da Marinha na ação contra traficante
08 de maio de 2013 2min de leitura
08 de maio de 2013 2min de leitura
O atirador do helicóptero da Polícia Civil teria usado uma metralhadora belga FN MAG 7.62mm para matar o traficante Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, em maio de 2012. O Fantástico, da TV Globo, mostrou as imagens da morte de Matemático, em vídeo que não era segredo para as autoridades de Segurança Pública do Rio nem da Polícia Civil.
Esse armamento é de uso restrito das Forças Armadas e, portanto, não autorizado para uso por policiais civis ou militares, devido ao seu alto poder de destruição, pelas rajadas, que disparam à cadência de 650 a mil tiros por minuto – inadequado para ambientes civis urbanos.
O site iG ouviu de ao menos dois interlocutores com contato com a equipe aérea da Civil, antes da divulgação do vídeo pela TV Globo, que a arma lhes teria sido emprestada pela Marinha do Brasil. Ao se observar o vídeo, as rajadas da MAG 7.62mm são características e facilmente reconhecíveis por um especialista.
O alcance máximo da MAG é de 3.800 metros de distância, e alcance efetivo de até 1000 metros, com bipé, ou 1.500 metros, se apoiada em tripé.
Não se trata de uma arma de “sniper”, ou atirador de precisão, como se poderia imaginar de um equipamento embarcado em helicóptero de polícia, a fim de minimizar ao máximo os “efeitos colaterais” – ferimentos de inocentes por “bala perdida”. Com a trepidação da aeronave e os movimentos bruscos como os feitos pelo piloto na ação, como se vê no vídeo, o tiro fica ainda mais difícil.
A MAG é, ao contrário, usada por forças armadas como “apoio de fogo”, ou seja, para atingir determinada área e permitir a fuga ou abrigo de soldados e impedir o ataque dos inimigos. O modo de dispará-la é segurando a coronha com a mão esquerda por cima – a fim de diminuir o recuo da arma –, apoiando-a no ombro direito. O tiro de rajada reduz ainda mais a precisão, por conta do constante recuo provocado pelos disparos sucessivos.
A Polícia Civil não tinha autorização do Exército, que regula o uso de armas no País, para utilizar a MAG 7.62mm. A assessoria de comunicação da corporação informou que o uso da metralhadora MAG pela equipe aérea está sendo apurado.
A Polícia Civil afirmou que as imagens não tinham chegado ao conhecimento da chefe de Polícia Civil à época, e só chegaram após serem encaminhadas à Corregedoria Interna – à Globo, ela disse ter sabido há 15 dias. A Corregedoria Interna está apurando o caso, que deve estar concluído em 30 dias.
O site iG enviou uma série de perguntas à Secretaria de Segurança, que não as respondeu. A assessoria reafirmou nota de domingo: “O secretário, José Mariano Beltrame, entende que há um setor especializado nessas ações que tem que dar uma resposta à sociedade. Quem teve a responsabilidade de agir, tem que ter a responsabilidade de arcar com as consequências”.
A reportagem também enviou e-mail à Marinha do Brasil, para saber se houve empréstimo formal do armamento. O Centro de Comunicação informou que já está apurando o caso e deve ter uma resposta nesta quarta-feira.
Fonte: IG
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