RIO – A ajuda que vem dos céus. É dessa forma que muitos desabrigados em Teresópolis se referem aos policiais civis que, a bordo de um helicóptero blindado, têm resgatado corpos, sobreviventes e levado mantimentos a pessoas ilhadas. Dormindo pouco, o piloto do Serviço Aeropolicial (Saer) Adonis Lopes de Oliveira faz quase uma dezena de voos diários para ajudar quem ainda sofre as consequências da avalanche.

Acostumado a sobrevoar favelas durante confrontos, Adonis deixou os fuzis de lado e equipou sua aeronave, o helicóptero Huey II, com uma UTI móvel. A bordo, além do copiloto e de mais um policial, seguem o médico Leandro Ayres Castro e o enfermeiro Jorge Luiz Silva Souza, ambos da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil.

A equipe não para. Ela já resgatou uma mulher em trabalho de parto, uma idosa numa cadeira de rodas e muitas outras pessoas que ficam de olhos nos céus, esperando socorro. Para Adonis, a recompensa maior veio quando a idosa, que morava no bairro de Campo Grande, já dentro do helicóptero sorriu, agradeceu e disse a ele que nunca havia voado na vida:

– Trazer pessoas com vida é uma grande satisfação, é um trabalho recompensado.

Voando entre montanhas e pousando em locais de difícil acesso, o médico Leandro Ayres não se limita a atender feridos. Quando a aeronave pousa, ele arregaça as mangas e leva aos desabrigados mantimentos, água e remédios.

Ver cadáveres de todos os tipos é uma rotina para o enfermeiro Jorge Luiz. Um resgate, no entanto, deixou o policial com lágrimas no olhos. Ele retirou de uma fazenda o corpo de uma menina de 6 anos presumíveis.

Entre as vítimas da enxurrada, houve até um colega: a equipe do helicóptero resgatou um policial civil que ficara ilhado na delegacia de São José do Vale do Rio Preto.


Fonte: Extra Online