Quatro Estados liberam uso de aeronave oficial para governadores
23 de janeiro de 2017 3min de leitura
23 de janeiro de 2017 3min de leitura
JOSÉ MARQUES
de Belo Horizonte
CAROLINA LINHARES
de São Paulo
Usar helicóptero ou avião oficial para deslocamentos privados é proibido para a maioria dos governadores, mas não em Estados como Minas Gerais ou São Paulo, administrados respectivamente por PT e PSDB.
A discussão sobre os limites do uso de aeronaves de governos surgiu no Ano Novo, quando o mineiro Fernando Pimentel buscou seu filho em uma festa em um helicóptero do Estado. Na ocasião, ele disse que foi passar o dia com o filho e que, no trajeto, foi informado de que ele não passava bem, motivo pelo qual o buscou para voltar a Belo Horizonte.
https://youtu.be/dPqnRAx9pYg
Segundo levantamento da Folha, em 18 Estados o uso de aeronaves por integrantes do Executivo é permitido apenas nos deslocamentos em serviço, segundo lei, norma ou decisão do governador.
Em quatro Estados: São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, o uso para agendas não oficiais é permitido, por “questão de segurança”.
Segundo a assessoria de Pimentel, o deslocamento dele em aeronave está previsto em decreto e o uso é regulado por uma resolução de 2005.
Em 2012, houve um caso parecido com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Ele saiu do Palácio dos Bandeirantes para buscar a família de helicóptero no aeroporto de Guarulhos, sem compromisso oficial no local. Procurado, o governo paulista afirma que a decisão de fazer um deslocamento aéreo cabe à Casa Militar, que analisa a opção mais segura seja para viagens a serviço ou familiares.
Um decreto de 2004 expedido por Alckmin define que o órgão é responsável por “planejar o uso e a operação das aeronaves executivas, vinculadas à Casa Militar, necessárias aos deslocamentos do governador do Estado e da primeira-dama, bem como, excepcionalmente, de secretários de Estado e agentes públicos a serviço”. (Decreto Nº 48.526, de 04 de Março de 2004)
REGRAS
Não há um padrão nacional para regular os voos –cada Estado define suas regras.
Em 3 Estados, Acre, Sergipe e Roraima, os governadores dizem que só usam voos comerciais. Amapá e Paraíba não responderam ao pedido da Folha.
A assessoria de Roraima disse que a governadora Suely Campos (PP) só viaja em voos comerciais para fora do Estado e que o governo não tem aeronaves. No entanto, não informou se os voos pagos pelo Estado sempre são a serviço. Acre e Sergipe dizem não ter avião ou helicóptero.
Há também governadores que alugam ou fretam aeronaves, apesar de o Estado ter esses veículos.
É o caso de Beto Richa (PSDB), que voa em aeronaves locadas e divide o uso delas com “casos de emergência médica, transporte de órgãos para transplante, Defesa Civil e Segurança Pública”.
Já em Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) freta voos. Um decreto de 2013 obriga a gestão do Estado a divulgar na internet os custos da suas viagens, mas só há registros de dados que vão até novembro de 2015 –naquele ano, foram gastos R$ 2,8 milhões.
No passado, outros governadores também se envolveram em polêmicas a respeito de viagens em aeronaves custeadas pelo estado.
Durante o governo de Aécio Neves (PSDB) em Minas, houve 198 voos bancados pelo governo sem a presença do tucano ou de agentes públicos autorizados a usar as aeronaves.
Em 2013, o Ministério Público do Rio de Janeiro chegou a investigar o uso de helicópteros do Estado pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) para ir com a família a sua casa em Mangaratiba. Cabral alegou questão de segurança e a investigação foi arquivada.
Fonte: Folha de S.Paulo.
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