Como foi seu dia? O meu não foi lá essas coisas. Passei o dia lendo relatórios de acidentes com helicópteros no site do NTSB. Eu não sei quanto a vocês, mas meu nível de frustração vai lá em cima nessas horas.

Não houve surpresas. Ninguém ainda inventou uma nova maneira de sofrer um acidente com helicópteros. Os relatórios falam sobre as causas de sempre – pane seca, voo em condições meteorológicas marginais resultando em entrada inadvertida em condições por instrumento e, em uma minoria de casos, falhas mecânicas. Ainda merece destaque o caso de um piloto sob efeito de medicação sem receita.

Em muitos acidentes, não há como saber previamente de que nem tudo está bem. Mas no caso de pane seca, a maioria dos pilotos estão cientes do baixo nível de combustível e da incerteza de chegar com o combustível existente. Em incidentes relacionados com a meteorologia, os pilotos sabem que estão em condições climáticas longe da desejável, com dificuldade em manter-se em regras de voo visual. Acidentes causados ​​por falhas mecânicas envolvem indicadores de parâmetros e luzes de alerta, além de ruídos ou vibrações anormais. Em uma incapacidade médica ou caso sob a influência de remédios, o piloto geralmente é consciente de seu desempenho comprometido e seus reflexos alterados.

Com tudo isso em mente e assumindo que exista um local de pouso aceitável, por que os pilotos não utilizam de uma das capacidades mais únicas e valiosas do voo com aeronaves de asa rotativas – ou seja, pouse o maldito do helicóptero! Na maioria dos casos este simples fato iria quebrar a cadeia de eventos e evitaria o acidente.

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Uma vez eu conversei com um piloto que tinha sobrevivido a um acidente e perguntei-lhe por que ele não tinha efetuado um pouso de precaução. Ele falou que não havia pensado a respeito e ao invés disso se concentrou em chegar ao destino e em cumprir a missão. Ele admitiu, porém, que no passado tinha preocupação sobre o que iriam falar caso ele efetuasse um pouso de precaução. Isso não me surpreende. No meu começo de carreira como piloto, eu também pensava da mesma maneira, embora, felizmente, atualmente eu não ligo mais.

Os pilotos normalmente associam pousos de precaução com relatórios, despesas extras para a empresa, passageiros assustados e até em uma recusa futura de voar com eles novamente, questionamentos pelos órgão de controle aéreo, imprensa, e até mesmo seus pares questionando suas habilidades.

Sim, tudo isso realmente é possível, mas pensando em relação as opções disponíveis. Opção um: foco na situação e na segurança, realize um pouso de precaução, evite o acidente, e tenha confiança em explicar sua decisão, ao ver você preocupado com a situação todos irão apoiar sua decisão. Opção dois: não pouse e, em vez disso mate todos a bordo da aeronave e talvez alguém no solo. Você pode me chamar de louco, mas isso é uma decisão de um cabeça oca.

Obviamente, em primeiro lugar, o principal objetivo de um piloto deve ser o de não chegar a esta situação. No entanto, até onde eu saiba, nenhum de nós é perfeito. Assim, quando esses pousos acontecem, a indústria e as autoridades devem reconhecer o evento como sendo parte de uma cultura de segurança saudável.

Tenha isso como um ponto de partida, quando for o caso, pouse e fique vivo.

Como sempre, que todos tenham um voo seguro !


Matt Zuccaro é presidente da Helicopter Association International. O presente artigo foi publicado na edição do verão de 2013 da revista RotorNews, da Helicopter Association International.


Fonte: HAI (tradução e edição Piloto Policial a partir de original em inglês)