Polícia Nacional de Angola recebe seus novos pilotos treinados no Brasil
24 de novembro de 2011 5min de leitura
24 de novembro de 2011 5min de leitura
Dulcineia de Sousa entra para a história da aviação policial angolana ao tornar-se, aos 25 anos, a primeira mulher a levantar voo num aparelho pertencente ao comando da Esquadra de Helicópteros do Comando-Geral da Polícia Nacional. A pioneira faz parte de um grupo de 13 pilotos e 20 técnicos de manutenção que terminaram recentemente a sua formação em pilotagem, no Brasil.
Os novos pilotos, com idades entre os 20 e os 27 anos, contaram ao Jornal de Angola que o curso foi marcado por muita ansiedade, devido ao meio ambiente, clima, alimentação e saudades da família. No entanto, depois de terminado o curso, a satisfação, o sorriso, a alegria, a emoção e o sentimento do dever cumprido apossaram-se de todos eles.
Para Dulcineia, ser piloto é a concretização de um sonho que alimentou desde pequena. Um dia, quando menos esperava, surgiu a oportunidade e aproveitou-a da melhor forma. Passou nos testes psicotécnicos e foi enviada para o Brasil. No entanto, no início as coisas não foram fáceis e o primeiro obstáculo foi mesmo o mais inesperado: o medo de voar. De estatura baixa e corpo franzino, Dulcineia arranjou coragem e quando ultrapassou o medo de voar, conseguiu também ultrapassar outros obstáculos que tinha pela frente.
Agora, sente-se capaz de rasgar os céus e regressar a terra, mesmo com mau tempo. Os dois anos que passou no Brasil deixaram-na preparada para enfrentar qualquer adversidade.
Dever cumprido
O comandante-geral da Polícia Nacional, comissário-geral Ambrósio de Lemos, visivelmente emocionado, confessou que gostava de ser transportado num helicóptero pilotado pela única mulher piloto, desejo que foi prontamente aceite. Para ele, Dulcineia pode tornar-se uma referência e motivo de incentivo a outras jovens mulheres dentro da corporação. “É um exemplo de igualdade de género. O que faz a igualdade de género é a capacidade, a vontade e determinação da pessoa independentemente do sexo”, sublinhou Ambrósio de Lemos durante o acto de apresentação do grupo de pilotos, assistido igualmente pelo segundo comandante da Polícia Nacional, comissário-chefe Paulo de Almeida, e pelo comandante da Esquadra de Helicópteros, João Lello. Todos tinham a satisfação estampada no rosto, denunciando a convicção da missão cumprida.
O comissário-geral adiantou que os novos pilotos vão contribuir para uma maior operacionalidade das missões que lhes são incumbidas pelo Comando. “Com o reforço de pessoal, podemos perseguir criminosos à noite, que tenham roubado, por exemplo, uma viatura, perseguindo os seus movimentos”, explicou Ambrósio de Lemos.
Aptos para voar
O comandante da Esquadra de Helicópteros da Polícia Nacional disse que os pilotos e técnicos receberam formação no Brasil durante dois anos e meio e estão prontos para voar, inclusive, durante a noite. Adiantou que existem outros 20 elementos a frequentar o curso de técnicos de manutenção e nove na especialidade de pilotagem.
O comissário João Lello, piloto instrutor há mais de 30 anos, adiantou que a formação vai continuar, tendo em vista o crescimento daquela Esquadra e para ser dada resposta policial com os aparelhos actualmente disponíveis.
“Os pilotos formados estão prontos a voar, porque tiveram a qualificação que os habilita a voar à noite com mau tempo, faltando apenas, neste momento, ganharem experiência”, disse.
Dentro em breve vai ser enviado para fora do país um outro grupo de jovens para frequentarem o curso de pilotagem de aviões, tendo em vista o plano da Polícia Nacional de adquirir um aparelho, adiantou o comandante da Esquadra de Helicópetros da Polícia Nacional.
O curso de pilotos de helicópteros teve o seu início em Janeiro de 2009 e terminou em Julho de 2011.
A importância da formação
Durante a formação, foram ministrados disciplinas como matemática, trigonometria, física, aerodinâmica, teoria de voo, regulamento de tráfego e navegação aérea, segurança de voo, psicologia e medicina aeronáutica, regra de ar e inglês de aeronáutica, num total de 500 horas. Os pilotos tiveram quatro meses de prática de pilotagem privada de helicóptero, com 40 horas de voo. Fizeram ainda o curso de piloto comercial de helicóptero durante seis meses e cada instruendo voou 65 horas.
Do lote de pilotos, três são agentes e dez civis. Os civis vão fazer formação policial básica para enquadramento no quadro da corporação. A Polícia está a trabalhar na construção de um hangar e o objectivo é a colocação de três helicópteros em cada hangar. Os recém formados também vão trabalhar no socorro a catástrofes com os helicópteros ambulância, para remoção de sinistrados.
Os helicópteros da Esquadra
O Comando possui actualmente 19 aparelhos de marca Ecureil B3, B2, Allouette e Delfim N2, dos quais dois prestam serviço de ambulância. Os helicópteros têm capacidade para transportar seis pessoas: um piloto, um mecânico e quatro passageiros. Existem aparelhos que são monomotores, com uma velocidade de 220 quilômetros por hora e uma autonomia para duas horas e 40 minutos de voo. Os Dalfim N2 funcionam com dois motores. Têm a velocidade de 250 quilômetros por hora e capacidade para transportar dez pessoas.
A Polícia tem utilizado o helicóptero ambulância para socorrer vítimas de acidentes de viação e pessoas adoentadas em diversas partes do país. Os helicópteros contribuem para o combate à criminalidade e são um valor acrescentado para as forças que se encontram em terra, devido à sua rápida mobilidade para a localização de viaturas furtadas ou na perseguição de grupos de marginais.
A Esquadra de Helicópteros apoia ainda o Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional e a Brigada Especial de Trânsito (BET) no patrulhamento aéreo, cujo aparelho, para não depender da torre de controlo do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, está em prontidão na Escola Nacional de Polícia de Protecção e Intervenção, conhecida por Capolo II.
O Comando da Esquadra de Helicópteros foi fundado no dia 4 de Junho de 1992 com o objectivo de apoiar a Polícia de Intervenção Rápida (PIR) na cobertura da visita do Papa João Paulo II e nas eleições gerais de 1992.
Fonte: Jornal de Angola, por André da Costa.
Foto: Domingos Cadência.
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