Antônio Mendes Neto

Muitas vezes confundimos Perigo com Risco, e vice-versa.
Perigo é uma situação que, quando não percebida ou evitada, pode gerar evento(s) não desejável(is).
Na aviação podemos associar o conceito de Perigo ao conceito de Falha latente e o conceito de risco ao conceito de falha ativa.
Falhas latentes podem permanecer dormentes e ocultas por um bom tempo e, não necessariamente, levam a um evento não desejável, mas – se somadas  a outras falhas latentes ou se o risco associado for intolerável – podem levar a um evento não desejável.
Um único perigo pode ter vários riscos que – por definição – são as conseqüências de um perigo específico.
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Como um exemplo prático corriqueiro: trabalhar com sistema informatizado sem a utilização de um no-break é um perigo. Os riscos deste perigo por nós identificados são os da queima da placa mãe do sistema informatizado (RISCO 1) e a perda dos trabalhos realizados (RISCO 2).
Outro exemplo prático no segmento aeronáutico: voar uma aeronave sem estar proficiente em emergências de voo previstas é um perigo. Um dos riscos associado a este perigo específico é a tripulação não administrar a contento a emergência em vôo e causar um evento não desejável, que pode ser o acidente ou perdas financeiras.
Só existem 3 ferramentas possíveis para mitigarmos ou eliminarmos riscos: regulamentos, treinamentos e tecnologias.
E isso não é para a aviação, e sim para qualquer momento de nossas vidas! Quando os nossos filhos atingem uma idade que querem participar de eventos sociais sozinhos, nós sempre aplicamos – no mínimo – uma dessas defesas, que é o regulamento:

“… Filho(a), esteja de volta até ás … hrs, ou senão…”.

Outra que podemos aplicar é a tecnologia. Que tal inserimos um GPS em seus carros para gravarmos os seus roteiros? (por favor, não contem isso para eles).
A mitigação ou eliminação de riscos só é possível quando conhecemos os perigos. E essa é a importância de cada um de nós em reportarmos situações de perigo ou de potencial perigo, quando as visualizamos. Isso permitirá que determinemos os riscos específicos e realizemos a análise de sua tolerabilidade, ou seja, se podemos tolerar um risco ou se devemos aplicar uma das 3 defesas para mitigá-lo ou eliminá-lo.
Para analisarmos a tolerabilidade de um risco nós temos que medir a probabilidade do risco se tornar ativo e, caso isso aconteça, qual será a sua severidade.
Resumindo, TOLERABILIDADE é a análise da PROBABILIDADE+SEVERIDADE de um RISCO específico.
A aviação é uma atividade perigosa?
Sim!
Necessariamente teremos eventos não desejáveis por ser perigosa?
Não!
Esse é o objetivo de um Programa de Gerenciamento de Riscos em atividades aéreas. Tornar a atividade aérea um meio confiável de locomoção através do conhecimento de seus PERIGOS e a mitigação de seus RISCOS a um nível aceitável.

Autor: Antônio Mendes Neto é Piloto Comercial de Helicópteros, Agente de Segurança de Voo, Gestor de Segurança Operacional, Auditor ISO 15100, Perito Aeronáutico, Speaker e CEO da AIRJOB.

Fonte: Artigo originalmente publicado no site da AIRJOB Auditores e Consultores

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