A verdadeira unidade aérea: patrulhando com os helicópteros policiais de Londres – Parte III
20 de novembro de 2014 4min de leitura
20 de novembro de 2014 4min de leitura
Leva-se seis minutos para chegar no Big Ben de Essex. A chuva respinga nas janelas à medida que contornamos um dos temporais previstos. Durante o caminho, somos surpreendidos por uma vista espetacular do jardim de Buckingham Palace, onde parece estar ocorrendo um evento. A própria rainha, em uma roupa amarela luminosa, estava claramente distinguível.
Só mais tarde fiquei sabendo que nós “subimos” para socorrer um homem, em Westminster Bridge, que havia cortado os seus pulsos. A polícia estava com medo dele pular da ponte, e pediu que o helicóptero o rastreasse. Quando chegamos lá, ele havia sido detido com segurança, mas uma vez que o India 99 está no ar, com o seu transmissor-receptor sinalizando sua localização, todos os tipos de pedidos surgem.
Um homem foi visto pondo uma moto na traseira de uma van em Pimlico. Donnelly bate o endereço e logo encontra uma van, correspondendo às descrições, reduzindo a velocidade à medida que o carro da polícia se aproxima. O helicóptero acompanha a van até ela ser estacionada e o motorista sair, filmando-o enquanto ele joga fora um par de luvas.
Quando ele dobra a esquina, o helicóptero vira junto com ele, e eu me pego olhando bem no topo de sua cabeça pela minha janela lateral. Ele deve saber que estamos lá atrás dele. Assim que a políca o pega, retornamos para a van para pegarmos o número de registro da placa, e direcionarmos a polícia ao seu paradeiro. Assistimos pela câmera já que as portas traseiras estão abertas, mostrando não apenas uma, mas duas motos.
Depois, Leaver me conta que este é o seu tipo de trabalho preferido, “porque se não estivéssemos lá, eles não o teriam pego”.
“Mas se isso tivesse vindo de cima,” diz Donnelly, “nós não pegaríamos o trabalho.” Muito do policiamento de helicóptero é fortuito; o India 99 teve a sorte de estar no lugar certo na hora certa.
De Pimlico fomos para o oeste. Enquanto no ar, os tripulantes do helicóptero realizam, com frequência, verficações de segurança; a abordagem à Heathrow, por exemplo, é filmada regularmente, para que no caso de um incidente as imagens recentes possam ser revisadas.
Conforme cruzamos o rio, Londres fica toda espalhada como um mapa, os marcos da cidade aparecem nitidamente delineados como em uma simulação de computador. Eu estou pensando em pressionar o botão de fala para contar que eu consigo ver minha casa quando uma outra chamada é recebida.
O helicóptero gira 240 graus e é arremessado para frente. As rodas e estocadas de Londres passaram pela janela. Quando o helicóptero finalmente voltou a voar em linha reta, eu não sabia diferenciar mais o norte do sul.
Foi quando sobrevoamos o Selhurst Park, o campo de futebol de Crystal Palace, que eu me recuperei. Estamos em busca de um homem visto correndo com uma faca, mas a câmera de imagem térmica não está encontrando nada na área. Estou fascinado, porém, pelo que parece ser um universo inteiro delimitado por quatro ruas: um homem limpando um lote com ancinho; um quintal repleto de barcos; uma criança pulando em um trampolim.
De repente, encontramo-nos numa situação que eu mais tarde chamarei de Incidente da Teevan Road, quando eu tiver que perguntar a Donnelly o que exatamente estava acontecendo.
“Recebemos uma chamada sobre um indivíduo procurado devido à violação de fiança,” disse ele. Alguém havia avisado à polícia sobre o seu paradeiro – em um carro estacionado na Teevan Road, em Croydon, perto do incidente da faca – e o India 99 lá chegou primeiro para direcionar os oficiais e registrar a captura. As substanciais provas fornecidas por um helicóptero raramente são contestadas. “Envolvi-me na captura de mais de 1,000 pessoas em seis anos,” diz Donnelly, “e nunca estive no tribunal.”
De Teevan Road devemos voar de volta para Lippitts Hill (via uma rotação ao redor do topo de Shard), mas recebemos mais duas chamadas: uma, para procurarmos por uma pessoa idosa desaparecida (sem sucesso) e a outra, para seguir um “homem IC1” (caucásio, do norte da Europa) suspeito de estar observando casas em Pinner (detido assim que chegamos).
Quando finalmente tocamos o solo, depois de uma hora e 20 minutos no ar, a fotógrafa fica nauseada.
Eu quero fazer isto tudo de novo. As coisas estranhas que eu vi ainda passam pela minha mente: dois campos de beisebol, algumas vacas, uma pequenina rainha amarela e, para minha surpresa, uma grande quantidade de espaço verde (nunca aceite ninguém lhe dizer que a Grande Londres sofre com a falta de cursos de golfe).
Em seguida, eu pergunto ao piloto se ele planeja continuar fazendo este trabalho. “Se formos para o NPAS, não,” Leaver diz. “Porque isto não faz parte do que eu sou. Eu sou a favor de que Londres receba o melhor serviço.”
Uma vez que o helicóptero é reabastecido, Lippitts Hill retorna à sua quietude habitual e os insetos zumbem no ar carregado.
Na estrada, do lado de fora do portão, caminha um cavalo.
• Este artigo foi retificado no dia 12 de junho de 2014. A versão anterior dizia “Se eu for voar em um helicóptero, eu presumiria que as condições estivessem favoráveis.”
Fonte: The Guardian/ Reportagem: Tim Dowling
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