NÁDIA TEBICHERANE

A situação em Paraisópolis estava tensa. Um tiroteio cerrado produzia um barulho assustador. Policiais e traficantes se enfrentavam. O reforço policial chegava em várias viaturas. Os traficantes foram sendo cercados. Cinco moças, estudantes, foram feitas reféns. A polícia negociava, buscava um modo para que aquela situação de perigo terminasse de forma positiva, sem perdas.

O helicóptero fazia o apoio dando uma ajuda importante ao pessoal de terra. O capitão Fly comandava a aeronave e passava informações valiosas sobre a localização dos bandidos. Então, recebeu pelo rádio a ordem de pousar para resgatar as moças que haviam sido libertadas pelos traficantes finalmente dominados. Elas ficariam no clube da polícia de onde seguiriam de carro para o hospital.

Enquanto isso, na casa do capitão Fly, sua esposa atende ao telefone:

– Alô?

– Alô. Aqui é um amigo seu. Você sabe onde anda o seu marido?

– Trabalhando. Aconteceu alguma coisa?

– Ele está é na maior farra…

– Como é?

– É isso mesmo! Tá na maior festa animada, tem fogos e tudo…Ele está no paraíso!!!

– Não acredito em nada disso! Vou desligar!

– Você não tá acreditando? Seu marido não é o capitão Fly?

– É sim…

– Pois é… ele é que tá comandando a parada toda! Tá rolando muita droga…Os amigos dele não param de chegar… cada carrão…

– Que amigos?

– Ah dona… os de sempre…nesse  momento ele tá enchendo o helicóptero de mulher…vai levar sabe pra onde né?…

– Mulher no helicóptero?

– É… cinco saradas…

A esposa desliga e faz imediatamente uma ligação para o grupamento aéreo:

– Alô, é verdade que o capitão Fly está com cinco mulheres no helicóptero?

– É sim senhora, mas elas…

– Não fala nada…pra onde ele foi?

– Para o clube da polícia e depois…

– Safado…

O telefonista da central do grupamento consegue falar com o capitão Fly…

– Capitão, a casa caiu….