Espírito Santo – Nos últimos meses, as florestas brasileiras enfrentam um sério desafio nas formas de incêndios devastadores, especialmente no estado do Espírito Santo, onde o número de chamados aos bombeiros dobrou em comparação a todo o ano de 2023. O combate a esses incêndios, que consomem a vegetação e ameaçam a biodiversidade local, impõe um risco significativo não apenas para os brigadistas em terra, mas também para os pilotos que operam as aeronaves de combate ao fogo. A intensidade do desafio é evidenciada pela necessidade de mudança nas rotas normais de voo e a implementação de rigorosos procedimentos de segurança.

Os helicópteros do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) têm adotado rotas mais altas para evitar a densa fumaça que se acumula entre o solo e as nuvens. O voo a uma altitude de aproximadamente 800 metros é obrigatória, pois, apesar da invisibilidade do fogo a olho nu, equipamentos sofisticados a bordo conseguem identificar pontos quentes a mais de 70 quilômetros de distância. Esse sistema de câmeras com sensores de calor é vital para a coordenação das operações e para garantir que os pilotos possam localizar e combater focos de incêndio com precisão.

Um exemplo significativo das operações aéreas ocorreu em Irupi, um município onde grandes áreas de vegetação estavam sendo consumidas pelas chamas. A equipe de voo, ao identificar a extensão do incêndio, prestou suporte a outro helicóptero, garantindo um combate mais eficaz. Durante as operações, um dispositivo conhecido como helibalde, capaz de transportar mais de 800 litros de água, é utilizado. Esse recurso é frequentemente abastecido em locais próximos ao incêndio, como piscinas, demonstrando a adaptabilidade e engenhosidade dos pilotos na luta contra as chamas.

Contudo, os desafios não se restringem apenas à logística; a dinâmica dos incêndios exige que a aeronave não possa parar durante a descarga de água, mantendo-se em movimento para garantir eficácia no combate. Além disso, para maximizar a carga de água transportada, os helicópteros devem operar com menos combustível, implicando em reabastecimentos mais frequentes, aumentando a complexidade das operações.

As estatísticas sobre queimadas no Espírito Santo são alarmantes — foram quase 200 ocorrências apenas em setembro. Essa alta frequência de incêndios levanta questões sobre as causas, com especialistas, inclusive o diretor do Instituto Estadual do Meio Ambiente, destacando que a maioria dos incêndios é de origem intencional e não acidental. Essa triste realidade reforça a necessidade de uma abordagem integrada que não apenas combata os incêndios, mas que também promova a prevenção e a conscientização da população sobre a proteção das florestas.

Em conclusão, o incêndio que consome a vegetação na região do Espírito Santo serve como um alerta sobre a fragilidade dos ecossistemas brasileiros e a complexidade das operações de combate ao fogo. A segurança dos pilotos e da equipe de combate é uma prioridade, e as tecnologias utilizadas demonstram como a inovação pode contribuir para a eficácia das operações. Será essencial continuar a monitorar essa situação, promovendo um esforço conjunto entre as autoridades e a sociedade civil para mitigar os impactos dos incêndios florestais e garantir a preservação da rica biodiversidade brasileira.