Mulheres que fazem a diferença – conheça as tripulantes operacionais do helicóptero Águia de São Paulo
16 de junho de 2020 5min de leitura
16 de junho de 2020 5min de leitura
São Paulo – Quatro mulheres que exercem a mesma função, são policiais militares. Existe, porém, outra coisa em comum entre elas: são tripulantes operacionais do helicóptero Águia e, assim como as aves de rapina, precisam ter olhar atento, mira certeira e muita atenção para encontrar, do alto, os seus alvos.
O posto é uma promoção um tanto difícil de ser alcançada, mas a dificuldade serviu como estímulo para essas quatro mulheres estarem onde estão. Atualmente, elas são as únicas PMs do gênero feminino a exercer a função no estado de São Paulo, sendo que duas delas atuam em Rio Preto.
A rotina de tripulantes operacionais do Águia consiste em um trabalho externo e corporativo. Os profissionais ficam na base, de prontidão, até que sejam solicitados. Tripulante operacional do Águia em Rio Preto, Kelly Cristina Guim está há sete anos na corporação. Seguir essa carreira partiu da admiração que sente pelo pai, também policial militar, hoje aposentado. A família teve um papel muito importante em sua vida profissional, pois a apoiou na escolha.
Ao longo desses anos como PM, o momento mais marcante em seu ofício foi a formatura do curso de tripulante operacional. “O sonho de entrar para o Águia vem desde que eu era criança e via passar na televisão. Então, quando concluí o curso e conquistei o brevê de tripulante, não tenho dúvida alguma de que foi um marco na minha carreira”, conta. O processo para entrar nesta unidade especializada passa por um concurso interno, assim como em outras áreas da Polícia Militar.
Trabalhar como tripulante operacional do Águia também foi a escolha da cabo Jocelaine Cristina de Carvalho, que exerce a função em Rio Preto e está há 22 anos em atividade na carreira militar. “Posso dizer que aqui todos têm oportunidade de trabalhar onde quiserem ou onde têm mais afinidade. Sabe aquela conhecida frase ‘eu quero, eu posso, eu consigo’? Para mim foi assim.
O quanto eu estava disposta a me dedicar e sacrificar um pouco da minha família para que isso fosse possível. Trabalhar na aviação foi mais difícil do que nas outras áreas que trabalhei na PM pelo fato de ser um setor muito técnico. Mas o fato de ser mulher não torna essa profissão mais difícil, cada um sabe de seus limites, suas dificuldades e tenta fazer o possível para se enquadrar naquilo que é exigido”, relata.
Subtenente da PM e tripulante operacional do Águia em São Paulo, Elaine Françozo Ribeiro é veterana e inspiração para as outras três mulheres. Ela está na profissão há 23 anos e meio e o momento que marcou a sua carreira foi a Operação Verão, no litoral.
“Conseguimos resgatar uma menina de 8 anos que estava se afogando, foi emocionante e gratificante saber que fomos os responsáveis por salvar aquela vida. Isso não tem preço, é inenarrável”, conta. O curso de tripulante operacional é um desafio, segundo Kelly, considerado o maior de sua vida, justamente por envolver três campos: emocional, físico e mental.
A capacitação inclui o treino árduo para testar suas funções, que podem ser exigidas em situações reais. “Garanto que não tive nenhum privilégio por ser mulher. Tudo o que foi exigido dos homens, eu e a Bianca fizemos igualmente. Bianca foi a tripulante que se formou comigo, foi meu braço direito durante o curso, somente eu e ela de mulheres. Apoiamos uma a outra para chegarmos até o final e não desistir”, lembra.
Bianca Moreira também está entre as quatro mulheres que são tripulantes operacionais do Águia no Estado de São Paulo. Ela atua em São José dos Campos e seu trabalho no voo policial é coordenar para o piloto o caminho que ele deve fazer para a aeronave chegar ao local da ocorrência. Bianca também é responsável por salvamentos e buscas em matas. “Não foi fácil o curso, o processo é bem complexo, mas escolhi a profissão por admiração ao trabalho da Polícia Militar”, diz a soldado, que está há pelo menos cinco anos no cargo. Preconceito Estereotipada como uma profissão masculina por ser um trabalho que, muitas vezes, exige força física, a profissão de policial militar é exercida por mulheres que relatam preconceito pela escolha.
No caso das quatro tripulantes operacionais do Águia, contudo, a situação serviu como impulso para seguirem seus sonhos. “Já sofri preconceito, sim, de público interno e também externo. Acho que na nossa profissão sempre vai existir. Muitas vezes se questiona a capacidade da mulher em desempenhar a mesma função. Não tenho problemas com isso e tento fazer o meu melhor”, diz Jocelaine. “Infelizmente, em pleno século 21, ainda lidamos com esse tipo de preconceito.
Eu usei a meu favor, para me inspirar e me fortalecer. Não para provar algo para alguém, mas para mim mesma de que, com certeza, eu era capaz”, acrescenta Kelly. Bianca diz que já sofreu com o preconceito e sofre até hoje, mas olha para isso como um impulso positivo. “Esse tipo de ação só me fortalece cada vez mais”, relata. “Nesses longos 23 anos e meio passei por alguns preconceitos, sim, mas foi o que me fortaleceu, foi o que me fez crescer, foi o que me fez chegar aonde cheguei”, conta a subtenente Elaine.
Paras as mulheres que desejam seguir na carreira, ou em qualquer outra área, mas são desestimuladas pelo fato de serem mulheres, as policiais militares de Rio Preto dão um conselho. “Eu começaria por aquela frase clichê, que é a mais pura realidade: lugar de mulher é onde ela quiser! Dê o seu melhor sempre, não tente provar nada para ninguém, prove a você mesma o quanto você é forte e tem potencial de estar onde sonha”, orienta Kelly. Já a cabo Jocelaine diz: “Corra atrás daquilo que você quer, lute, acredite, trace seus objetivos, supere seus obstáculos e procure ser feliz na profissão que escolher”.
Fonte: Diário da Região / Autoria da jornalista Beatriz Moreira
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