Espirito Santo – A Major da Polícia Militar, Elisabeth Bergamin, destacou os desafios e superações que marcaram sua trajetória como piloto de helicóptero e comandante de aeronaves no Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer). Ela é a primeira mulher a ocupar esse posto na unidade, onde atua há 15 anos. Além de pilotar, Elisabeth também lidera a Assessoria de Comunicação do Notaer, desempenhando múltiplas funções no dia a dia da corporação.

Major Elisabeth, a primeira mulher a comandar aeronaves no Notaer, revela sua trajetória cheia de desafios e conquistas. Foto: Fernanda Côgo

Início inesperado e quebra de barreiras

A jornada de Elisabeth na aviação não, foi algo que ela sempre sonhou. “Não era um sonho de infância, mas acabou se tornando a realização da minha vida”, conta. Ela começou sua carreira na Polícia Militar, sem imaginar que seria uma das pioneiras na aviação. A oportunidade surgiu em 2008, quando foi enviada para um curso em São Paulo pela corporação. Lá, conheceu um tenente apaixonado pela aviação, que a inspirou a explorar o campo.

Ao retornar ao Espírito Santo, descobriu que ainda não havia mulheres no quadro de pilotos do Notaer. Isso, no entanto, não se devia a impedimentos formais, mas aos desinteresse anterior de mulheres em ingressar na unidade. Determinada, Elisabeth decidiu se candidatar ao curso e ao processo seletivo, tornando-se a primeira mulher a integrar a equipe.

No entanto, sua entrada não foi fácil. A unidade, até então, não havia sido projetada para receber mulheres, o que gerou alguns obstáculos logísticos e culturais. “Não havia alojamento feminino, por exemplo”, relembra Elisabeth. A unidade precisou se reorganizar para garantir a estrutura necessária para recebê-la. Com o tempo, as barreiras foram sendo quebradas e, atualmente, a aceitação é plena.

Mulheres na aviação e crescimento da unidade

Além de ser a primeira mulher a ocupar esse cargo, Major Elisabeth vê com entusiasmo o aumento do número de mulheres na aviação. Atualmente, outra piloto, a Major Laura, está em processo de ascensão para se tornar comandante de aeronaves. A próxima turma de pilotos aprovou uma nova candidata, que será a terceira mulher a integrar o grupo.

Além disso, há outras três mulheres atuando no quadro administrativo do Notaer, que também colaboram em operações quando necessário. Essa presença crescente de mulheres na unidade reforça o impacto da trajetória pioneira de Elisabeth.

Rotina intensa e operações marcantes

A Major Elisabeth também descreveu a rotina dinâmica do Notaer, que opera em um regime de escala para atender diversas demandas. A unidade, integrada por policiais militares, bombeiros, policiais civis e equipes do SAMU, realiza operações multimissão, como voos aeromédicos e missões de segurança pública.

Uma das missões mais marcantes para Elisabeth aconteceu recentemente, quando sua equipe foi acionada para resgatar uma criança de um ano que havia se afogado em Santa Teresa. “O tempo de resposta foi crucial. Conseguimos estabilizar e transportar a criança em 14 minutos”, relatou. O tempo total da operação, incluindo o resgate e o transporte para o hospital, foi de uma hora. “Saber que fizemos a diferença naquele caso é algo que me marca até hoje”, conclui.

Além das operações de resgate, Elisabeth também destacou o papel da unidade no combate a incêndios florestais, em especial durante períodos críticos no interior do estado, quando participou de ações em municípios como Castelo e Conceição do Castelo. Essas missões são coordenadas em conjunto com o Corpo de Bombeiros, que determina as áreas prioritárias de atuação.