Modernas práticas de resgate aeromédico tiveram suas origens na guerra do Vietnã
08 de dezembro de 2017 4min de leitura
08 de dezembro de 2017 4min de leitura
Por CARSON FRAME
North Carolina Public Radio®-WUNC
A guerra no Vietnã ajudou os EUA a desenvolver uma plataforma de resgate aéreo para soldados feridos que mudaria radicalmente os sistemas civis de resposta a emergência nos EUA. No início foi utilizando helicópteros UH-1 “Huey” como ambulâncias aéreas, tripulados por dois pilotos, um médico e um tripulante.
Operar em zonas de pouso ativas para pegar soldados feridos era um trabalho perigoso. Pouco mais de um terço das equipes aeromédicas se tornaram vítimas em suas missões. Os helicópteros em missões Medevac foram derrubados em uma taxa três vezes maior do que de outras missões durante a guerra.
As equipes que operavam com os helicópteros, também chamadas de “Dust Off”, desenvolveram a capacidade de fornecer cuidados médicos básicos quando em voo. Eles poderiam administrar medicação intravenosa, imobilizações e torniquetes, e ainda manter os soldados respirando.
Esse tipo de tratamento foi uma mudança em relação às guerras anteriores, quando os helicópteros estavam basicamente equipados para transportar os feridos para hospitais.
Jim Eberwine era um piloto “Dust Off” do 82º Destacamento Médico em 1966. Muitas vezes, ele e sua equipe ficavam tão impressionados com as vítimas que nem sequer usavam macas ou padiolas a bordo do helicóptero.
“Em uma missão eu cheguei a ter 19 feridos a bordo. A capacidade normal era de apenas seis. Nós mal conseguimos sair do chão. Eu pensei: “Eu poderia ter um recorde aqui'”, disse Eberwine.
Em um país longo e estreito, onde as redes rodoviárias eram muito perigosas, a evacuação aeromédica era a salvação. Os militares tinham uma rede de centros médicos de combate, hospitais de suporte e até mesmo navios onde os pacientes podiam ser levados de aeronave.
A situação em casa
De volta aos EUA, os sistemas de atendimento pré-hospitalar não eram tão sofisticados. “A expectativa para quando você chamasse uma ambulância na década de 1960 era aparecer um Cadillac Hearse”, disse George Wunderlich, historiador do Museu do Departamento Médico do Exército americano, que também tem experiência como paramédico e bombeiro.
“Dois jovem desembarcavam, colocavam você em uma maca e corriam com a ambulância para o hospital “, disse ele. “Eles não tinham nada além de ataduras para evitar que o sangue não sujasse sua ambulância”.
Este método, também conhecido como “scoop and go”, já não era suficiente para acompanhar o nível de acidentes nas estradas do país à época. Na década de 1960, as mortes no trânsito atingiram cerca de 55 mil por ano, números muito maiores do que os registrados atualmente.
O programa de Assistência Militar à Segurança e Tráfego, ou MAST, foi criado em 1970 para mitigar o problema. O MAST permitiu que unidades de aviação militar ajudassem as comunidades civis com o transporte aeromédico durante emergências. O programa baseava-se no modelo de resgate similar ao usado durante o Vietnã.
“Era um helicóptero tripulado por dois pilotos, um tripulante e um médico”, disse Lewis Barger, do Museu do Departamento Médico do Exército. “Era a plataforma de evacuação aeromédica do Vietnã baseada nos Estados Unidos”.
O programa iniciou a operação com testes nas instalações militares perto das cidades de San Antonio/Texas, Seattle/Washington, Phoenix/Arizona, entre outras.
O MAST ofereceu aos militares uma forma de manter suas tripulações aéreas treinadas, dando aos civis uma chance maior de sobreviver a acidentes graves.
O legado do Medevac
George Wunderlich diz que a cobertura da imprensa nas operações de resgate aéreo do Vietnã mudou o conceito dos americanos sobre quais cuidados médicos de emergência eram necessários. Líderes da comunidade médica civis começaram a utilizar os mesmos tipos de helicópteros e equipamentos de primeiros socorros.
“Todo o conhecimento foi se transferindo como uma cascata tecnológica, nos levando até o estágio onde estamos hoje”, disse Wunderlich.
O MAST ainda está ativo, embora tenha diminuído bastante com a Guerra do Golfo e o desenvolvimento de serviços aeromédicos civis. Devido a isso, as mortes de trânsito no ano de 2016 totalizaram cerca de 40.000 vítimas, aproximadamente uma diminuição de trinta por cento em relação à década de 1960.
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