Minimizando os riscos do “Mac Guire” – Uma técnica desenvolvida pelo GRPAe/SP
16 de novembro de 2009 4min de leitura
16 de novembro de 2009 4min de leitura
EDUARDO DE MORAES GOMES
Segundo conta a história, esta técnica tem sua origem no nome de um militar americano, que, durante a guerra do Vietnã, utilizando-se de sua criatividade, retirando militares que se encontravam no meio da floresta, através de cordas fixadas no helicóptero.
Essa técnica é utilizada para resgatar vítimas em locais de difícil acesso (matas, telhados, torres, encosta de montanha, etc) onde outra técnica não seria possível ser empregada, visto o risco que esse tipo de operação apresenta. A técnica consiste no lançamento de dois tripulantes através de cordas, perfazendo-se do rapel para a descida (infiltração), e posteriormente na exfiltração, através do içamento e deslocamento desses tripulantes pelas cordas, variando o seu comprimento conforme a missão. A novidade é que todo este conjunto fica acoplado em um sistema de ancoragem instalado no piso e também no gancho da aeronave, denominado “Mac Guire” com exfiltração pelo gancho.
A aeronave utilizada no caso é um AS 350 B2, peso máximo de decolagem de 2.250 kg, peso máximo de decolagem com carga externa de 2.500 kg. Sabendo-se que a maioria das polícias no Brasil utilizam-se desse modelo de helicóptero e fazem da técnica do “Mc Guire” um dos meios para a resolução de problemas, essa técnica, ora apresentada, visa aprimorar o sistema, minimizando os riscos.
Vale lembrar que há várias formas de ancoragem das cordas no piso da aeronave, no caso apresentado, a “aranha” é confeccionada com cabos de aço, mas existem outras possibilidades, como a utilização de “fitas tubulares” ou cordas, em conjunto a uma “placa de ancoragem” ou argola de aço, pois, para essa técnica, o mais importante é o tipo de acoragem realizada no gancho da aeronave, pois é ele que suportará a carga e minimizará o pêndulo.
Um dos maiores temores esta alicerçado no pêndulo que as cordas apresentam durante o deslocamento da aeronave e para evitar e/ou minimizar o efeito deste pêndulo dessincronizado (eixo longitudinal ou transversal da aeronave) e, por vezes acentuado, foi testada uma nova maneira de executar a amarração no piso e no gancho da aeronave (este modelo suporta 750 kg de carga), e, ao invés das cordas passarem por cima dos esquis, como o habitual, elas passam pela parte interna deles e têm seu “ponto bomba” (local de ancoragem na aeronave que surporta niveis elevados de carga) no gancho da aeronave, como se fosse um deslocamento com carga externa pelo guancho.
Assim, as cordas são ancoradas no gancho e a força a ser exercida estará no centro de gravidade (CG) do helicóptero, melhorando a performance e facilitando as manobras realizadas pelo piloto, reduzindo sobremaneira o pêndulo, além de ser simples a sua redução se porventura vier a ocorrer.
Este tipo de sistema foi realizado com a “Aranha” confeccionada com cabos de aço e é distribuída da seguinte forma:
O sistema esta montado como mostra a figura acima, lembrando que após a realização do rapel, o tripulante lançador deve retirar as cordas que foram utilizadas para a descida de rapel, desfazer os nós e liberá-las entre os esquis para que possam ficar no sistema de “Mc Guire” pelo gancho e realizá-lo, conforme fotos abaixo:
Fonte: Esse texto foi escrito por Eduardo de Moraes Gomes (tripulante operacional), entretanto, essa técnica foi desenvolvida por tripulantes operacionais e pilotos do Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar de São Paulo, após muitos debates e testes e, atualmente, é procedimento adotado por essa Unidade de Aviação Policial.
Fotos: Edmar Félix Ambrósio, Eduardo Alexandre Beni e GRPAe.
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