São Paulo – Uma equipe do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) aperfeiçoa, por meio do uso de drones, os estudos voltados ao monitoramento dos cursos d’água em São Paulo. Desde 2016, o Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental está dedicado a desenvolver tecnologias com baixo custo operacional e de instalação para mapear amostras. Durante as atividades, a experiência adquirida capacitou os integrantes do grupo para novas aplicações.

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De acordo com o pesquisador Caio Pompeu Cavalhieri, coordenador da iniciativa, o objetivo inicial era avaliar métodos para recolher amostras de água. O ponto de partida do projeto teve início após o conhecimento de uma análise feita por cientistas da University of Nebraska-Lincoln, dos Estados Unidos, que estudaram a utilização de drones com tecnologia específica para coletas em rios e lagos.

“Sempre que se fala em usar drones, a intenção é melhorar processos. Pensamos inicialmente em um projeto para empresas de saneamento, por exemplo, que precisam se deslocar em embarcações nos reservatórios para recolher líquidos que serão submetidos a exames. Muitas vezes, os barcos precisam ir até áreas distantes. A questão da segurança durante o processo também é importante, pelo risco de acidentes”, explica o pesquisador.

IPT usa drone em estudos sobre monitoramento hídrico

Soluções

Ao realizar os primeiros trabalhos de campo, a equipe do IPT enfrentou um problema: os primeiros resultados obtidos com o sistema de amostragem semelhante ao de Nebraska não foram satisfatórios. Os componentes dos equipamentos (que não são descartáveis) exigiam, para cada amostra, uma mangueira higienizada ou nova, o que demandaria muito tempo.

Inicialmente dedicado a desenvolver soluções para o monitoramento hídrico, o projeto de capacitação do IPT permitiu à equipe a maior familiarização com os drones. Paralelamente ao estudo, os pesquisadores começaram a produzir mosaicos de imagens aéreas e os primeiros resultados indicaram ganhos na velocidade de processamento dos dados.

“Isso evita tanto a espera pela disponibilização das imagens pelo Google Earth quanto a contratação de uma empresa para realizar uma aerofotogrametria, que é o registro da cobertura da superfície terrestre feita por aeronaves equipadas com câmera fotográfica para fins de mapeamento”, explica Caio Pompeu Cavalhieri.

IPT usa drone em estudos sobre monitoramento hídrico

Resultados

Além dos mosaicos com alta resolução, os cientistas conseguiram gerar mapas a partir de modelos digitais de superfície. Os resultados se mostraram promissores na questão da rapidez, pois o processamento das imagens para a geração dos modelos em áreas de até 25 hectares durou de três a cinco horas.

“Montamos modelos que transformam dados em informações importantes do relevo e de outros elementos que caracterizam os terrenos”, ressalta o coordenador do projeto. “Trabalhamos com resoluções inferiores a um metro. Isso significa que os erros são da ordem de centímetros”, acrescenta.

Para dar um exemplo do nível de resolução, é possível identificar a diferença de altura entre a superfície pavimentada de um estacionamento e o capô de um veículo parado. Os mapas de superfície já começaram a ser usados em planos que envolvem delimitação de áreas inundáveis, avaliação da estabilidade de aterros sanitários e monitoramento das pressões que a mancha urbana exerce sobre áreas de preservação.

A ferramenta também pode ser empregada no mapeamento de áreas de risco, no acompanhamento em canteiros de obras ou em trechos de uma rodovia em construção. Com os drones, é possível fazer uma comparação, por exemplo, entre uma área construída e uma área verde, o que facilita a análise visual em projetos que envolvem planejamento urbano, territorial ou ambiental.

O IPT é vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo.

Do Portal do Governo e IPT.