O homem sempre buscou descobrir o oculto, desvendar o desconhecido e na aviação isso não foi diferente, o homem sempre almejou galgar os ares e poder ter a visão dos pássaros. Essa visão poética da possibilidade do homem voar imperou nesses primórdios. Neste afã de desvelar o ignoto inicia-se a conquista do proibido.

Essa busca se inicia na mitologia grega com a lenda de Dédalo e Ícaro. A história diz que o Rei Minos ao desobedecer ordem de Poseidon, deus do mar, é castigado por ele, através da gravidez de sua esposa, que dá luz a um monstro, o minotauro. O Rei Minos, para deixá-lo preso e isolado, convida Dédalo e seu filho Ícaro para construírem um labirinto, onde ficaria preso o minotauro.

O Rei Minos prende Dédalo e Ícaro no labirinto e como Dédalo era um grande inventor ateniense, cria dois pares de asas feitas com penas e cera. Antes de voarem Dédalo orienta o filho para que não voasse próximo do sol, pois esse derreteria a cera e ele cairia.

Durante o vôo, Ícaro, embriagado pela sensação de voar, quis ir mais alto, quando, próximo do sol, observou as penas de sua asa soltarem uma a uma. Ícaro caiu e morreu.

Dédalo ao perceber, retorna e conduz seu filho a uma pequena ilha, onde o enterra. A ilha passa a ter o nome de Içaria.

Com a evolução dos tempos várias histórias foram escritas e contadas, passando para as gerações seguintes, como, por exemplo, aquela que relata uma viagem à Lua , ou aquela em que Ulisses, içado aos céus por uma tromba d’água chega à Lua e encontra seus habitantes em preparativos para guerrear contra os moradores do Sol.

Neste caminho da história temos relatos sobre uma viagem à Lua , usando, como estrada, um corredor formado pela sombra da terra, ou ainda a aventura do ibero Domingo Gonzalez, perdido na ilha de Santa Helena, onde domestica cisnes selvagens, que, tracionando uma carroça, leva-o à Lua.

Passando para a história da aviação, foram vários os inventores e pensadores que proporcionaram à humanidade a possibilidade de se poder voar, utilizando um objeto mais pesado que o ar, fato que até então parecia ser impossível. Dentre tantas invenções podemos citar:

– Criação do helicóptero, pára-quedas, trem de pouso e asas a pedal por Leonardo da Vinci.
– A invenção do balão a ar quente em 1709 pelo Padre Bartholomeu de Gusmão, mais de 70 anos antes do épico vôo (2.000 m) dos irmãos Montgolfier em Paris, no ano de 1783
Do dirigível, quando Alberto Santos Dumont voou, em 19 de outubro de 1901, com o balão-dirigível n.º 6, com 33 metros de comprimento e 622 m³.
– Do avião, quando os irmãos Wilbur Wright e Orville Wright voaram em 17 de dezembro de 1903, nos EUA, utilizando uma catapulta rudimentar (com uso de um plano inclinado) para lançarem em vôo o biplano Flyer, o qual deu um salto de 40 metros (vôos subseqüentes melhoraram esta distância até pouco mais de 200 metros).
– Do avião, quando Alberto Santos Dumont alçou vôo no campo de Bagatelle, Aeroclube de França, por seus próprios meios motrizes, com o 14-bis, que rolou por 100 metros e levantou vôo, tendo percorrido 60 metros em 7 segundos, em um vôo nivelado a poucos metros do solo. A aeronave possuía uma envergadura das asas de 12 metros e a fuselagem tinha 10 metros, sendo equipado com um trem de pouso triciclo.

– Do avião, quando o nº 19, chamado inicialmente de “Libellule“, posteriormente de “Demoiselle”, um pequeno avião monoplano de asa alta com 5,10m de envergadura, 8m de comprimento e pesando pouco mais de 110 Kg com Santos-Dumont a bordo, alcançou facilmente 200m de distância e velocidade de mais de 100 Km/h, sendo a última aeronave construída por Santos Dumont.

– Do helicóptero, construído no final da década de 30, sendo o helicóptero Bell 47 o primeiro produzido em série.

Todos esses objetos mais pesados que o ar, foram criações de homens ilustres que mudaram o rumo da história da humanidade, iniciando-se uma trajetória de glórias e que não teria mais volta.

Nesta longa caminhada em busca do sonho de voar diversos acidentes e incidentes ocorreram, onde muitas pessoas morreram e muitos equipamentos foram destruídos.

Nos primórdios da aviação prevalecia o erro e o acerto, a correção muitas vezes era empírica, baseada na sensação do construtor, pois, conforme dizia Edward Murphy, Capitão da Força Aérea Americana, que desenvolveu essa teoria em 1949 e que sobrevive até os dias de hoje, que: “se houvessem duas maneiras de se construir determinado equipamento, as pessoas sempre iriam optar pelo jeito errado de construí-lo”.

E foi por causa desses pioneiros que foi possível voar.

Lembrando os ensinamentos de Alexander Graham Bell: “Inventor é um homem que olha para o mundo em torno de si e não fica satisfeito com as coisas como elas são. Ele quer melhorar tudo o que vê e aperfeiçoar o mundo. É perseguido por uma idéia, possuído pelo espírito da invenção e não descansa enquanto não materializa seus projetos.” 


Texto de Eduardo Alxandre Beni