LUIS A. MARTINS

Pois bem, escrever sobre Gerenciamento da Segurança Operacional, de forma breve, não é uma maneira correta de trazer à tona um assunto de valor tão importante quanto um debate dos balanços financeiros da empresa. Por quê?

A resposta poderia ser até simples, porém, em se tratando de segurança operacional da atividade aérea, não é tão simples assim! Mais do que nunca, hoje sabemos que a arte de fazer voar é uma atividade multidisciplinar e, pensar somente “segurança de voo”, como um produto final é, literalmente, esperar que um evento inseguro ou trágico aconteça, para só depois “colocar as mãos na massa”.

Já vem algum tempo que a figura do “Safety” da empresa foi elevada ao status quo de Gestor. E, esse novo título, trouxe na bagagem uma série de novas atribuições, colocando, esse novo profissional, dentro de ambientes de trabalho muito além da sua antiga sala e mesa de escritório.

Da mesma forma, atrelado a essa mudança, a palavra “segurança de voo” evoluiu para “Segurança Operacional”, incorporando um arcabouço de setores da aviação que, com a atividade aérea, tem uma relação direta ou indireta, personificando um verdadeiro sistema. Assim, surgiu o “Sistema de Gestão da Segurança Operacional” e, com ele, o profissional responsável pela direção e supervisão de toda essa engrenagem, o Gestor da Segurança Operacional.

Como dito, esse novo gerente da segurança deixou sua sala de trabalho e passou a interagir em todos os outros nichos da empresa aérea. Como objetivo de sua existência está na busca incessante de informações para identificação de perigos, avaliação dos riscos, estabelecimento de defesas, trazendo-os para um patamar de probabilidade e severidade aceitável, seu trabalho é árduo, estressante e rotineiro. Suar a camisa é seu lema. Mais do que nunca, agora, a capacidade e expertise desse profissional são colocados à prova diurtunamente.

E, para que esse “super-homem” da aviação trabalhe de forma consciente, sensata e eficaz, a Alta Direção da empresa, onde se situam os tais “manda-chuvas do dinheiro”, deve corroborar com as ações implementadas pelo nosso Gestor de Segurança Operacional, dando suporte político, moral e financeiro.

Como ação sine qua non, o Gestor Responsável da empresa deve colocar o Gestor de Segurança Operacional num nível de tomada de decisão equânime com os outros gestores dessa empresa. Não há como pensar diferente disso, pois assuntos financeiros, logísticos e de recursos humanos tem tanto importância quanto o assunto segurança operacional!

E, nessa breve explanação sobre o GSO, Gestor da Segurança Operacional, não podemos deixar de mencionar o manual da segurança operacional, específico para cada empresa aérea. Nesse compêndio, o Gestor da Segurança Operacional descreve toda a política e  compromisso da Alta Direção com a segurança operacional. Também nesse documento, as ações e formas de se buscar, constantemente, os “perigos” e como gerenciar os riscos envolvidos, estão, devidamente, registrados.

No manual estarão as diretrizes da Segurança Operacional da empresa e o que for colocado no papel é como na prática a empresa aérea tratará de Segurança Operacional. Contradições entre o que está escrito e o que é praticado deverão ser vistos como violação à filosofia da segurança operacional.

Por fim, ser Gestor da Segurança Operacional é tarefa para poucos e, somente, para aqueles que pensam que a decolagem e o pouso seguro, necessariamente, envolvem um sistema em que o “erro” tem que ser, continuamente, mitigados. Aliás, ser Gestor de Segurança Operacional é saber, sempre, que o sistema poderá falhar, pois o mesmo é movido pela mais perfeita e imperfeita peça da criação divina: o homem!

Autor: Luis A Martins – CANAC 121530, Inspetor de Manutenção / EC-MA-CENIPA 2009 / GSO – ANAC 2015.