A site Piloto Policial foi concebido com o objetivo de criar um canal de comunicação entre os integrantes da aviação policial no Brasil, incluindo a divulgação de notícias, artigos e experiências, além de conhecermos um pouco melhor sobre essa modalidade de aviação no resto mundo.

Em mais de um ano de existência, o site já passou a marca de 180.000 visitantes,  quase 630 posts e mais de 1.750 comentários. Uma repercussão muito maior do que a mais otimista previsão.

O site proporciona discussões acaloradas, como essa última, referente à Nota de Esclarecimento do CONAV e às reportagens contínuas e reiteradas do Estado do Acre. Observamos que algumas pessoas ainda confundem o real papel da segurança pública e não conhecem bem o verdadeiro sentimento dos que labutam nessa árdua missão.

Outra questão controversa é sobre a divulgação da informação, muitos ainda vêem essa divulgação como algo nefasto e se sentem contrariados com a transparência. Ou produzimos material de qualidade e criamos novos conceitos, ou continuaremos nascituros em comunicação.

Um dos pontos mais bacanas disso tudo, é que hoje o site possibilita, de forma democrática e livre, a interação, o contato e principalmente a troca de experiências entre as diversas unidades de aviação do Brasil, e principalmente divulgar, discutir e aperfeiçoar procedimentos e conhecimentos.

É a chamada gestão do conhecimento.

Esse assunto tem sido muito estudado atualmente, tendo como um dos expoentes na sua pesquisa o Maj PM Gambaroni, que teve a oportunidade de ser um dos palestrantes no 3º FNAvSegPub.

Para se criar um paralelo, há um caso antigo muito interessante que ocorreu no GRPAe/SP, qual seja, o acionamento inadvertido do botão de Teste Hidráulico em situações de pouso com o intuito de se tentar acionar os botões de Farol de Pouso e/ou Taxi, devido a proximidade dos mesmos, inclusive com a elaboração de Relatórios de Segurança Operacional.

Após muita conversa e Recomendações de Segurança pela Segurança de Voo, um belo dia (meados de 2000), o então 1º Sgt PM Alcântara (hoje encontra-se reformado como 2º Ten PM) teve uma idéia simples e eficiente e resolveu o problema: criou uma plaquetinha de metal, pintada na cor vermelha, que protegia o botão do Teste Hidráulico.

A idéia foi tão boa, que foi adotada pela Helibrás e já vem de série nas aeronaves AS350 novas, porém feita em acrílico transparente.

O referido mecânico ciou também uma placa de proteção feita em policarbonato e presa com velcro da caixa de fusível no lado do 1P, que volta e meia, no embarque, batia o pé e danificava os fusíveis. Esta placa de proteção ainda não foi adotada pela Helibras.

Agora vem o questionamento, você sabia disso? Será que isso nunca aconteceu com outros pilotos em outras unidades de outros Estados?

Pois bem, esse é um exemplo clássico de um idéia simples que resolveu um problema de operação que poderia vir inclusive a provocar um acidente ou um incidente. Hoje está resolvido, pois o próprio fabricante resolveu adotá-la.

Mas e quando essa situação se der em procedimentos operacionais? Será que todas as unidades de aviação terão de inventar as suas “rodas”?

Aí vai o exemplo que surgiu, aqui mesmo no site, com a publicação do artigo “Minimizando os riscos do “Mac Guire” – Uma técnica desenvolvida pelo GRPAe/SP“, de autoria do 2º Sgt PM Gomes, que atualmente encontra-se com mais de 1.390 acessos e 27 comentários.

Resumindo, os Tripulantes Operacionais do GRPAe/SP resolveram o problema de tendência de pêndulo da técnica Mac Guire com o uso do gancho da aeronave. Quem teve ou tiver a oportunidade de realizar a manobra com a técnica nova e a antiga verá a enorme diferença de estabilidade e segurança que ela proporciona.

Contudo, foi editada um Carta de Serviço pela Helibrás (Nº 1536-25-01) com algumas restrições e condições acerca do uso do gancho que impactam no procedimento referido no artigo, gerando com isso uma bela discussão técnica acerca de como manter suas vantagens e atender aos novos requerimentos do uso do gancho.

Mas e aí? Isso é realmente uma coisa muito comum em qualquer equipe de voo de qualquer unidade aérea: uma reunião no pátio para tentar solucionar um problema, um briefing ou debriefing para sanar algumas arestas.

O incomum, e que simboliza o futuro, é que essa reunião para acertar o procedimento está se dando com pessoas que trabalham em Praia Grande, São Paulo, Brasília, Taubaté, Vitória, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco, Amazonas, Bahia, Rio Grande do Sul, etc, e em unidades de aviação completamente distintas como GRPAe/SP, 3ºBBS/CBMDF, CIAVEx, NOTAer/ES, GTA/PE, BAPM/SC, CORPAer/MG, BAv/RS, GOA/RJ, GAM/RJ, SAER/RJ, GRAer/BA, GRAer/AM, etc.

Logicamente, o site não tem a pretensão de “doutrinar” ou “padronizar” nenhuma instituição, mas sim de criar um canal de comunicação entre os interessados para que o conhecimento se perpetue e se dissemine entre todos, bem como uma abertura para a evolução. Isso é o princípio da gestão de conhecimento da nossa aviação.

Concluindo, independente de onde você esteja, função que exerce, ou tempo de voo que tenha, escreva sua opinião, argumente, melhore… Com certeza todos só terão a ganhar !

“Todos nós temos alguma coisa a ensinar e muito a aprender !”