Em homenagem aos homens de coragem da Polícia Civil de Goiás publicamos artigo sobre o Del Carrasco postado em 13/10/2011 no site do SINDIPOL – Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Goiás, por Warlem Sabino:

A maior parte dos objetos na sala do delegado Osvalmir Carrasco Melati Júnior, 38 anos, lembra a aviação, aliás, sendo mais preciso, os helicópteros. São calendários, miniaturas, objetos de decoração e até o pad mouse do computador. Até na hora de entrevista ele está trajando o uniforme da Unidade Aeropolicial da Polícia Civil.

“Minha vida são os helicópteros”, resume. “Desde criança tinha um sonho de voar de helicóptero e hoje me sinto plenamente realizado. Não só voei como também piloto”, emenda Osvalmir, mostrando, no computador, fotos aéreas de operações tiradas já com o novo helicóptero da PC.

Mas chegar a ser comandante de aeronave não foi tarefa fácil. Foi preciso muito estudo, dedicação e escolhas corretas. Quando adolescente tentou ser oficial da Força Aérea Brasileira, mas não conseguiu ser aprovado nas provas. O delegado não se frustrou. Engavetou o sonho e prestou vestibular para Direito.

Foram cinco anos na faculdade no interior de São Paulo. Paralelamente ajudava o pai no açougue da família, em Tupã. Com o diploma em mãos, ficou um ano sem trabalhar, apenas estudando para concursos – já queria ser delegado. As 12 horas por dia com os livros renderam bons resultados: aprovação nos concursos em Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul – tudo em 1999.

“Eu não sabia para onde ir, mas meu pai me disse para escolher Goiás. Ele falou que o Estado estava em crescimento, que era um bom lugar para morar e que eu teria grandes oportunidades por aqui”, explica. “E foi o que realmente aconteceu. Tive oportunidades aqui na Polícia Civil que talvez não tivesse em nenhum outro lugar. Não me arrependo um minuto de ter escolhido Goiás”, emenda.

E quando fala em oportunidades, foi por meio da Polícia Civil que Osvalmir enfim realizou o sonho de voar de helicóptero – nem esperava mais por uma chance destas. Em 2006, quando o Governo do Estado locou helicópteros para as polícias, ele foi chamado para fazer parte do grupo que ficaria responsável pela aeronave da PC – na época já era coordenador do GT-3.

“Em 2005, quando fui convidado para coordenar o GT-3, tive a chance de fazer vários cursos operacionais na área de segurança pública. Estudei até fora do País. Logo em seguida veio a oportunidade de voar. Não perdi a chance. Fiz o curso de tripulante com a Polícia Rodoviária Federal já de olho na pilotagem.”

O delegado lembra, inclusive, a data exata do primeiro vôo de helicóptero da vida, como passageiro: 26 de julho de 2006. “Nós levantamos vôo da Praça Cívica. Você deixar uma praça voando, no Centro da cidade, vendo as árvores ao seu lado, a cidade crescendo, é uma sensação fascinante, quase indescritível.”

A partir daí viu a paixão florescer de vez. Decidiu que faria tudo o que precisasse para se colocar em condições de operar um helicóptero. Seis meses depois já fez o seu primeiro vôo como aluno piloto. Era um modelo Robinson R44. “Só não foi mais emocionante por causa da apreensão. Você fica muito ansioso por causa da responsabilidade.”

Passada a fase de instruções, hoje o delegado curte a sensação “incrível” de pilotagem. “A mobilidade de um helicóptero é tão fantástica e incrível que chega a ser perigosa. O fato de você poder pousar em qualquer lugar requer muita cautela e responsabilidade”, alerta.

Talvez por isso o delegado ainda não tenha passado por nenhum “perrengue” em vôo. “Você tem de se preparar para não ter problemas em vôo. Estamos começando agora as operações com o novo helicóptero. A aeronave é boa, corresponde bem, mas requer adaptação dos pilotos e tripulantes.”

Sete dias de aventura

Comprados pelo Governo do Estado no ano passado, os helicópteros modelo AW119 Koala, fabricados pela empresa anglo-italiana Agusta Westland, chegaram a Goiás em dezembro. E só foram apresentados no último mês da administração anterior porque vieram voando da Filadélfia (Pensilvânia, EUA) – parar vir de navio poderia demorar mais de um mês.

Osvalmir foi indicado pela Polícia Civil para ajudar a trazer a aeronave da PC – os Bombeiros e a Polícia Militar indicaram um piloto de cada corporação para a viagem. Eles vieram junto aos pilotos da Agusta.

Foram sete dias de viagem, com vôos de no máximo três horas, apenas durante o dia e com tempo bom. Eram pelo menos cinco paradas por dia para reabastecimento, alimentação e descanso. Em parte do trecho passou por cima ou aterrissou em lugares paradisíacos, como Martinica e San Martin, ilhas no Caribe. Mas também viu de perto uma imensidão de água (Oceano Atlântico e Mar do Caribe) e árvores (Floresta Amazônica).

“A gente só via o que estava no meio do caminho, pois não podíamos desviar um minuto, uma vez que o combustível era contado. E quando parávamos, a exceção da hora de dormir, não tínhamos tempo para nada. Era reabastecer a aeronave, levar os documentos à alfândega e decolar novamente.”

Em determinados pontos não havia aeroportos para reabastecimento. Para não ficarem pelo caminho, eles lotavam a parte traseira do helicóptero com galões cheios de querosene de aviação. Paravam no meio do nada com lugar nenhum e reabasteciam as aeronaves sem ao menos desligá-las. “Não podíamos nos arriscar a desligar. Vai que depois não ligava. Íamos pedir socorro aonde?”

Ainda assim, exaurido pelo sobe desce intermitente de sete dias, Osvalmir diz que faria tudo de novo. “Foi uma experiência incrível, destas de guardar para sempre.” E aproveita para agradecer a Polícia Civil. “Não tenho o que reclamar. Todos os cursos, pilotagem e viagens ao exterior foram graças a Polícia Civil. Só tenho que agradecer pelas oportunidades que tive. Sou muito grato à polícia.”

O macacão da unidade Aeropolicial mostra bem a quantidade de cursos que o delegado participou. O uniforme está repleto de insígnias e distintivos.

Motociclismo

Durante a viagem aos Estados Unidos para trazer o helicóptero da PC, Osvalmir realizou outro sonho de consumo: comprar uma jaqueta original Harley-Davidson para combinar com sua nova motocicleta: uma Fat Boy. Aliás, moto é outra paixão do delegado, agora especialista em aventuras.

“Meu pai sempre gostou de motos e herdei dele esta paixão. Desde os 18 anos tive motos e de um ano para cá atingi o ápice: comprei uma Harley”, explica. “E a compra só foi possível porque a marca resolveu reduzir os preços no Brasil”, emenda.

A primeira moto de Osvalmir foi uma Honda Shadow 600 cilindradas. Depois comprou duas Hornet de mesma cilindrada e marca. Hoje tem uma Fat Boy de 1.600 cilindradas.

Carreira

Osvalmir Carrasco entrou para a Polícia Civil em 2000. Sua primeira lotação foi em Quirinópolis, depois seguiu para o Entorno do Distrito Federal. Em 2004 chegou a Deic, em Goiânia, e logo foi designado para o recém-criado GT3. Hoje é coordenador da Unidade Aeropolicial.

Também já participou de operações aéreas com a Força Nacional, como estagiário, em busca de ascensão técnica a comandante – passou de co-piloto para piloto.

Perfil

Nome: Osvalmir Carrasco Melati Júnior.

¤ 02.03.1974
† 08.05.2012

Local de Nascimento: Tupã (SP).
Formação: Direito.
Estado Civil: Casado com Gizely: filhos Luca (7), Heitor (7) e Laura (2).
Ano em que ingressou na Polícia Civil: 2000.
Lotação: Coordenador da Unidade Aeropolicial.
Hobby: Motociclismo.
Livro: Sidarta, de Hermann Hesse.
Filme: O Menino do Pijama Listrado.
Comida preferida: Churrasco.
Time que torce: Corinthians.
Ídolo: Jesus Cristo.
Sonho de consumo: “Realizei com uma Harley-Davidson Fat Boy”

Fonte: SINDEPOL/GO.