Estado de Vórtice
15 de abril de 2020
3min de leitura
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Antônio Mendes Neto
Muitas vezes considerado como o equivalente ao estol de uma aeronave de asa fixa, o estado de vórtice é uma condição de voo, com potência, em que o helicóptero “perde”’ seu próprio fluxo de rotor.
foto: image reprodução internet
Como resultado, a razão de descida (R/D) aumenta rapidamente – em princípio pelo menos três vezes a R/D antes do surgimento do estado de vórtice – para uma mesma potência do motor.
CONDIÇÕES DO ESTADO DE VÓRTICE
Um estado de vórtice pode ocorrer na descida com motor, velocidade inferior a 30 kt e razão de afundamento próxima da velocidade de deflexão do rotor principal.
A velocidade de deflexão ou velocidade induzida é definida como a velocidade do fluxo de ar aspirado através do disco rotor. A velocidade induzida depende do tipo de helicóptero e de seu peso bruto. Por exemplo, um helicóptero de três pás com um diâmetro de rotor de 10,69 m e um peso de 2250 kg teria uma velocidade induzida de 10 m/s (2.000 pés/min). Para um helicóptero de duas pás com um diâmetro de rotor de 11 m e peso de 1000 kg, a velocidade induzida é de 6,5 m/s (1.300 pés/min).
Atenção: embora o estado de vórtice dependa do tipo de helicóptero e de seu peso, a razão de descida é geralmente considerada como perigosa quando excede 500 pés/min.
EFEITO DO ESTADO DE VÓRTICE
1) Vibrações no helicóptero quando os vórtices deixam as extremidades das pás;
2) Comandos de arfagem e de rolagem menos sensíveis (suaves);
3) Flutuações na demanda de potência;
4) Razão de descida elevada quando o vórtice está em desenvolvimento, podendo exceder a 3.000 pés/min.
RECUPERAÇÃO DO CONTROLE DO HELICÓPTERO EM ESTADO DE VÓRTICE
A recuperação do controle pode ser feita agindo sobre o cíclico e/ou coletivo. No entanto, de acordo com o sistema de rotor, uma ação somente no cíclico pode ser insuficiente para modificar a atitude do helicóptero e aumentar a velocidade.
Também é possível recuperar o controle do helicóptero reduzindo o coletivo para o passo mínimo. Contudo, a perda de altura durante a recuperação do controle pela redução do passo coletivo é superior à perda correspondente de altura pela ação do cíclico, tendo em vista que a razão de descida em auto-rotação com baixa velocidade é muito alta. Portanto, as ações seguintes, de recuperação do controle, devem ser executadas para minimizar a perda de altura:
1) Deslocar o manche cíclico efetivamente para a frente visando obter uma atitude de aceleração e aumentar a velocidade;
2) Se for impossível obter uma atitude de aceleração, diminuir o coletivo para entrar em auto-rotação e depois deslocar o manche cíclico para a frente, visando aumentar a velocidade;
3) Se a velocidade aumentar: recuperar o controle do helicóptero quando a velocidade indicada atingir 40kt.
EVITANDO O ESTADO DE VÓRTICE
Como as ações de recuperação do controle resultam em perda de altura considerável, é imperativo evitar o estado de vórtice, especialmente quando se está perto do chão. Portanto, uma razão de descida superior a 500 pés/min para uma velocidade inferior a 30 kt, em voo com motor, deve ser EVITADA.
As operações seguintes devem ser executadas com cautela:
1) Reconhecimento e aproximação de uma área restrita;
2) Voo pairado fora do efetivo solo (HOGE);
3) Paradas rápidas com vento de proa;
4) Fotografia aérea.
Autor: Antônio Mendes Neto é Piloto Comercial de Helicópteros, Agente de Segurança de Voo, Gestor de Segurança Operacional, Auditor ISO 15100, Perito Aeronáutico, Speaker e CEO da AIRJOB.
Fonte: Artigo originalmente publicado no site da AIRJOB Auditore s e Consultores
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