Discussão Acirrada – Helicópteros e Voos Baixos
19 de maio de 2015 5min de leitura
19 de maio de 2015 5min de leitura
Dr. Steve Sparks
Se as aeronaves fossem medidas a partir das suas distâncias do solo, os helicópteros se classificariam como próximos ao solo. Isto não é uma crítica; trata-se apenas da natureza da fera. Os helicópteros passam grande parte do tempo voando perto do solo e, por conseguinte, são cada vez mais suscetíveis a colidir com fios elétricos.
Uma análise conduzida pela Equipe de Segurança de Voo para Helicópteros dos Estados Unidos (www.USHST.org) revelou que cerca de 16% de todos os acidentes de helicóptero são atribuídos a colisões com obstáculos ou fios elétricos. Além disso, 17% destes acidentes resultam em fatalidades. Esta realidade desastrosa levou a USHST a enfatizar ainda mais a importância da consciência dos pilotos de helicóptero sobre os perigos dos voos baixos.
O Espaço Aéreo Precisa de Mais Espaço
Com exceção do espaço aéreo de Classe A, os fios elétricos estão em todas as classes de espaço aéreo, de B a G. Estejam os pilotos em áreas controladas ou não controladas, eles precisam estar atentos porque os fios elétricos, muitas vezes, não são detectados a olho nu. Poderia até dizer que eles espreitam nas sombras aguardando para apanhar as suas vítimas numa armadilha. Uma “colisão” com o fio elétrico e você está fora e isto poderia representar o “fim de jogo”.
O cumprimento das condições climáticas mínimas da Administração Federal de Aviação (FAA) não isenta os pilotos de ir de encontro a fios elétricos e outros obstáculos. Lembre-se, condições mínimas são apenas mínimas. Deste modo, maximizar tempo e espaço para as ações de “ver-e-evitar” é uma estratégia importante para evitar estes riscos que são, muitas vezes, invisíveis. Às vezes, uma questão de segundos pode fazer a diferença entre escapar de um acidente ou evitar com segurança ser pego numa armadilha em uma colisão com fios elétricos.
Reduzindo as Suas Perdas
Muitos dispositivos de segurança instalados nos helicópteros podem contribuir para a consciência situacional e ajudar a evitar os fios elétricos. O Sistema de Proteção contra Colisão com Fios Elétricos, também conhecido como “cortador de fios elétricos”, tem provado ser um destes dispositivos mais confiáveis. Este mecanismo “mastigador” de fios elétricos literalmente corta os fios não detectados que entram em contato com o helicóptero. Embora este sistema não previna a colisão com fios elétricos, cortar o perigo intruso pode salvar vidas.
Alguns dos sistemas de detecção mais novos usam raios laser para alertar os pilotos do perigo potencial. Esses sistemas de alta tecnologia permitam um uso e uma flexibilidade maior tanto em helicópteros normais quanto em categorias de transporte. Vários destes dispositivos também conseguem distinguir entre os fios que carregam corrente elétrica e os fios que não carregam corrente elétrica, independente da composição e/ou do diâmetro do fio.
Entre as Ervas Daninhas
Os pilotos agrícolas constantemente operam em ambientes com fios elétricos. Esses profissionais precisam focar cada segundo de cada minuto da sua atenção para assegurarem-se de que os seus trabalhos sejam cumpridos com segurança e eficiência. A distração mais leve pode colocá-los em uma enrascada sem aviso prévio. Precisam manter os seus olhos bem abertos constantemente para assegurarem-se de que as suas rotas de voo estejam livres.
Durante os treinamentos básicos, os pilotos de helicóptero aprendem sobre a importância de conduzir o reconhecimento alto e baixo antes de conduzir missões a baixa altura. Os pilotos também devem identificar as áreas livres que podem ser usadas como possíveis zonas de pouso forçado em caso de uma emergência. A sobrecarga sensorial próxima ao solo significa más notícias e pode deixar até os pilotos mais experientes sem reação. Lembre-se, puxar os limites da aeronave e da tripulação é insensato e pode ser, muitas vezes, fatal.
Já nos Encontramos?
As Torres de Avaliação Meteorológica (METs) são uma grande ameaça aos helicópteros. As METs são usadas para coletar dados sobre o vento para que novos parques eólicos sejam desenvolvidos. Estas estruturas finas, difíceis de enxergar apoiam-se em cabos de sustentação quase invisíveis e, muitas vezes, encontram-se um pouco abaixo de 61 metros acima do nível do solo para evitar a necessidade de cumprir com as exigências de marcação de obstrução da FAA (para mais informações veja a Circular Consultiva da FAA 70/7460-1K).
Os funcionários da FAA e do Conselho Nacional de Segurança em Transportes (NTSB) investigaram vários acidentes envolvendo a colisão de aeronaves com METs. Os pilotos relatam, muitas vezes, ter dificuldade de ver as METs enquanto estão voando até o momento que se encontram, desconfortavelmente, perto de uma. Como os EUA têm comprado ativamente fontes de energia alternativas, o aparecimento das METs só se intensificará. Se você souber de alguma MET sem identificação espionando a sua área, por favor entre em contato com um escritório para Serviços de Voo da FAA e/ ou com um representante local FAASTeam para informar o achado.
Prevenção
Os pilotos de helicóptero podem seguir vários procedimentos básicos para mitigar os acidentes de colisão com fios elétricos. Por exemplo, manter a altitude máxima tanto quanto possível e usar as rotas conservadoras quando estiver transitando de um ponto A para um ponto B. Os minutos extras investidos após estes passos básicos impedirão muitas surpresas de acontecer.
Conclusão: linhas de transmissão de alta tensão, cabos de sustentação e outros obstáculos baixos são letais quando misturados com o envelope operacional dos helicópteros. Quando o assunto é a manutenção da segurança em aviação, use a rota com menor resistência e deixe o “fator choque” para os fios elétricos.
Autor: Dr. Steve Sparks é Inspetor de Segurança da Aviação na Divisão de Aviação Geral e Comercial (AFS-820) especializado em Operações de Helicóptero e Fatores Humanos. É instrutor de voo certificado e serve, como coordenador, a Equipe de Segurança de Voo para Helicópteros dos Estados Unidos (USHST).
Fonte: HeliHub
Enviar comentário