Coronel Daniela é primeira mulher chefe do Estado-Maior do CBMMG
08 de março de 2023 3min de leitura
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Minas Gerais – Soldado, piloto de helicóptero, comandante de batalhão de operações aéreas e chefe do Estado-Maior do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais.
O vocabulário da língua portuguesa pode enganar, mas todos esses cargos estão no currículo da coronel bombeira Daniela Lopes Rocha da Costa, 47, a primeira mulher a ocupar o posto de chefe do Estado-Maior de uma força de segurança pública no estado.
No cargo, que assumiu no último dia 7, caberá à coronel atuar na definição, coordenação e fiscalização do funcionamento do corpo de bombeiros, corporação com aproximadamente 6.000 praças e oficiais, seis unidades de comando operacional e 12 batalhões distribuídos em 88 municípios.
“Imagino que é uma notícia bem-vinda, em especial para as mulheres, porque mostra que as portas estão se abrindo e hoje, cada vez mais, elas ocupam funções de chefia tanto em instituições públicas como privadas”, diz ela, sobre sua nomeação.
A coronel bombeira Daniela Lopes Rocha da Costa, 47, primeira mulher a assumir o posto de chefe do Estado-Maior em Minas, em sua sala na Cidade Administrativa, a sede do governo do estado. Em 2007, como piloto de helicóptero, participou das operações de resgate no único terremoto no Brasil com morte. A coronel, que na hierarquia agora está abaixo apenas do comandante-geral dos bombeiros, entrou para a corporação em 1993, aos 18 anos, na primeira turma de mulheres admitidas pela instituição. No ano seguinte integrou grupo de técnicos em emergências para serviço de resgate. Em 2005 virou piloto de helicóptero, com a criação do Batalhão de Operações Aéreas, que passou a comandar em 2016.
Questionada sobre um momento importante na carreira, a coronel lembra a participação, como piloto, das operações dos bombeiros no único terremoto com vítima no Brasil. O tremor de terra ocorreu em Itacarambi, região norte de Minas Gerais, em 2007.
Uma criança de cinco anos morreu na queda de uma parede da casa em que morava. Outras seis pessoas ficaram feridas. “Foi emblemático”, recorda.
A coronel também atuou, não como piloto, em um dos maiores desastres ambientais do Brasil, o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019, que provocou a morte de 270 pessoas.
A hoje chefe do Estado-Maior dos bombeiros ficou seis meses como comandante das operações de buscas da corporação na região, entre julho de 2019 e janeiro de 2020.
“O que mais me marcou foi ver como as famílias depositavam suas esperanças nas ações dos bombeiros.”
Ela afirma ser importante a garantia de que as mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens. “As pessoas são iguais. Temos nossas diferenças biológicas. Isso é patente. Mas em termos de capacidade intelectual e capacidade técnica não existem diferenças”, diz.
Costa realça, porém, formas distintas de atuação por parte das mulheres. “Possuem essa abordagem mais humana, cuidadora e preocupada com o lado humano. Esse pode ser um dos grandes diferenciais, aliado à capacidade técnica que é comum a todos, homens e mulheres”, avalia.
“Acredito que isso seja por exercermos a maternidade, que desenvolve algumas características na gente. Lidar com filhos não é fácil. Exige jogo de cintura o tempo todo. Exige uma maleabilidade, uma capacidade de adaptação, principalmente”, argumenta.
Superar as distâncias do quarto maior estado do país para estar perto da população é o principal desafio da corporação, segundo Costa.
O corpo de bombeiros tem unidades de atendimento em 88 dos 853 municípios de Minas Gerais. “Ainda precisamos fazer grandes deslocamentos para o atendimento de ocorrências. Por isso a importância do nosso serviço aéreo”, analisa.
Daniela Lopes Rocha da Costa é casada com um bombeiro, também coronel, reformado, e tem dois filhos. Ana Paula, de 22, e Rafael, de 14. É formada em Ciências Militares (curso de formação de oficiais) pela Academia de Polícia Militar, em direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e é especialista em políticas públicas pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
A oficial diz esperar que sua trajetória sirva de exemplo para as próximas gerações de bombeiros. “Iniciei minha carreira como soldado. Comecei na base da corporação e tive a oportunidade de fazer o curso de oficiais. Uma vez como oficial, tinha vontade de comandar um batalhão”, conta.
“Tinha também um segundo desejo, que era encerrar minha carreira como coronel. Então, para as pessoas, principalmente para os colegas que estão entrando agora, saberem que é possível a gente entrar como soldado, entrar na base e construir uma carreira aqui dentro”, diz.
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