ANTÔNIO AURÉLIO LINS LEAL

FÁBIO LAURINDO

GABRIELA SCHWEITZER

RESUMO: O principal objetivo deste estudo é ampliar o conhecimento sobre a comunicação no transporte aeromédico, destacando formas de como garantir a segurança e a eficiência desta atividade através da utilização de equipamentos confiáveis e que garantam a perfeita integração das tripulações. Abordam-se desde as formas e métodos de comunicação aeronáutica, tipos de equipamentos, fraseologias empregadas até novos dispositivos nesta atividade. Por ser uma área bastante recente, e de pouca produção científica, sugerem-se cada vez mais pesquisas voltadas para o aprimoramento das comunicações durante os transportes aeromédicos.

PALAVRAS CHAVES: comunicação, resgate aéreo, medicina aeroespacial.

1. INTRODUÇÃO

A atividade de transportar pessoas feridas ou enfermas por via aérea data de 1870, durante a Guerra Franco Prussiana, onde foram relatados os primeiros casos de transporte aeromédico, na qual 160 feridos foram resgatados por balões de ar quente (GALLETTI Jr., 2010).

 Na Primeira Guerra Mundial foram utilizados aviões rudimentares, mas só em casos extremos. Somente em 1946 é que começava o uso do helicóptero para a função de transportar os feridos da guerra e esses eram conduzidos pelo lado de fora da aeronave acoplados às esquis da mesma (GALLETTI Jr., 2010).

Neste tempo tão remoto não poderíamos esperar muito de como era realizada a comunicação. De maneira muito simples, a comunicação era realizada mais de formal visual, com a utilização de bandeiras. O piloto, por sua vez, apenas conseguia os dados sobre o paciente e local de pouso, por exemplo, somente no período que antecedia ao vôo (GALLETTI Jr., 2010).

A comunicação começou desde a pré-história em que os primeiros seres humanos começaram se comunicar através de pinturas rupestres, de gestos e tornou-se uma evolução que não pára e está em constante aprimoramento. A comunicação pode ser entendida como o intercambio de informações entre sujeitos, objetos e se desenvolve em diversos campos. Em todos os casos, o ser humano passou a fazer uso de utensílios que passaram a auxiliar e a potencializar o processo de produção, envio e recepção das mensagens. A tecnologia passou a fazer parte da comunicação humana, assim como, passou a participar da maioria das atividades desenvolvidas pela humanidade ao longo do seu desenvolvimento, como no transporte aeromédico (LOMBARDI, 2010).

Com base nestas informações, o presente estudo tem como objetivo ampliar o conhecimento através da apreciação de literatura disponível acerca da comunicação no transporte aeromédico, destacando como garantir a segurança e eficiência nessa atividade.

2. MÉTODOS DE COMUNICAÇÕES AERONÁUTICAS

Os componentes básicos da comunicação são: o emissor, o receptor, a mensagem, o canal de propagação, o meio de comunicação, a resposta (feedback) e o ambiente onde o processo comunicativo se realiza. Com relação ao ambiente, o processo de comunicação sofre interferência do ruído e a interpretação e compreensão da mensagem está subordinada ao repertório. Quanto à forma, a comunicação pode ser comunicação verbal, não-verbal e mediada (processo de comunicação em que está envolvido algum tipo de aparato técnico, como rádio/celulares que intermedia os locutores) (QUEIROZ, 2008).

A comunicação aeronáutica é realizada principalmente por telecomunicação. As telecomunicações dizem respeito às distintas tecnologias de comunicação à distância (do prefixo grego tele – distante) como a telegrafia, telefonia, radiodifusão, teledifusão e internet entre outras, envolvendo transmissão de áudio (som), vídeo (imagens) e dados. Em telecomunicação, o termo comunicação tem os seguintes significados:

  1. Transferência de informação, entre usuários ou processos, de acordo com convenções estabelecidas entre uma ou várias pessoas ou máquinas em que cada qual pode ser “emissor” e “receptor” respectivamente, processo que geralmente pode “retroalimentar-se” pela relação entre eles (ICA 102-6, 1999).
  2. A área da tecnologia à qual concerne a representação, transferência, interpretação e processo de dados entre pessoas, lugares e máquinas (ICA 102-6, 1999).

Desta forma, a telecomunicação é entendida como toda transmissão, emissão ou recepção de símbolos, sinais escritos, imagens, sons ou informação de qualquer natureza, por fio, rádio, meios visuais ou outros sistemas eletromagnéticos (ICA 102-6, 1999).

Nas transmissões aeronáuticas podem-se citar alguns tipos de radiocomunicação como, por exemplo:

  1. Cotejo: procedimento pelo qual a estação receptora repete uma mensagem recebida ou uma parte apropriada da mesma à estação transmissora, com o fim de obter confirmação de que a recepção foi correta;
  2. Comunicação aeroterrestre: Comunicação em ambos os sentidos entre aeronaves e as estações ou pontos situados na superfície da Terra;
  3. Comunicação de ar para terra: Comunicação num só sentido, das aeronaves às estações ou pontos situados na superfície da Terra;
  4. Comunicação de terra para ar: Comunicação num só sentido, das estações ou pontos situados na superfície da Terra para as aeronaves;
  5. Comunicação interpiloto ou ar-ar: Comunicação em ambos os sentidos por um canal ar-ar designado para que, em vôos sobre áreas remotas e oceânicas, as aeronaves que estão fora de alcance de estações terrestres Very High Frequency (VHF) possam intercambiar informações operacionais necessárias e para facilitar a resolução de dificuldades operacionais (ICA 102-6 JAN 99).

Esses tipos citados são meios muito usados na atualidade nos principais tipos de aeronaves utilizadas no transporte de enfermos no Brasil e no mundo.

3. DESCRIÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE RADIOCOMUNICAÇÃO

Para estabelecer comunicação entre as aeronaves e controle de tráfego aéreo e demais aeronaves é necessário a utilização de equipamentos de rádio aeronáuticos a bordo das aeronaves, que são:

Estação de Aeronave: Estação móvel do serviço móvel aeronáutico localizada a bordo de uma aeronave que não seja estação de embarcação ou dispositivo de salvamento (ICA 102-6, 1999).

Radio transceptor aeronáutico: Equipamento rádio homologado para a operação aeronáutica, capaz de efetuar transmissão e recepção na faixa de freqüência da aviação (118,00 MHz a 136,00 MHz), possibilitando a comunicação entre a aeronave, os órgãos de controle de tráfego aéreo e demais aeronaves.

Para mostrar a real importância da comunicação aeronáutica, a Instrução do Comando da Aeronáutica 100-12 de 2006, refere no item 11.7.5, que é vedada a operação de aeronaves sem equipamento rádio ou com este inoperante em aeródromos providos de AFIS (Serviço de Informação de vôo de Aeródromo), exceto nos casos seguintes, mediante prévia coordenação, e em horários que não causem prejuízo ao tráfego do aeródromo:

  1. Vôo de translado de aeronaves sem rádio;
  2. Vôo de aeronaves agrícolas sem rádio; e
  3. Vôo de planadores e de aeronaves sem rádio pertencentes a aeroclubes sediados nesses aeródromos.

Desta maneira, como as aeronaves aeromédicas não se enquadram nas categorias descritas acima, reforça-se a necessidade da comunicação constante.

4. EQUIPAMENTO DE RÁDIOS PARA COMUNICAÇÃO ENTRE AS AERONAVES E OS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA

Para realização de missão de transporte aeromédico, a aeronave envolvida nesta atividade deverá possuir equipamento de rádio que possibilite manter contato com os diversos Órgãos de Segurança Pública e de Defesa Civil. Além de rádios, a aeronave deve possuir fones que possibilitem o perfeito entendimento entre a tripulação (em vôo) e também servem como equipamento de proteção individual, devido ao ruído dos motores das aeronaves.

Estes equipamentos devem abranger uma gama de freqüência compatível com os sistemas empregados pelas corporações envolvidas e devem possibilitar a programação direta (manualmente, por qualquer integrante da tripulação) destas freqüências, de forma rápida e fácil, dando condições de estabelecer comunicação com sistemas “seguros”, que operem com SUB-TOM Analógico e Digital, ou ainda, na forma Simplex ou Duplex e que sejam compatíveis com sistemas mais modernos de comunicação, utilizados em Segurança Pública (Sistema Trunking ou Tetrapol) (MORAZA et al, 2008).

Como exemplos, podemos citar os seguintes rádios aeronáuticos: NAT 138 NPX e o Wulfsberg RT5000, conforme as figuras abaixo.

Figura 1: Rádio Aeronáutico NAT 138 NPX:

Figura 2: Rádio Aeronáutico Wulfsberg RT5000:

Estes equipamentos possuem as seguintes vantagens: são equipamentos homologados para uso aeronáutico e de fácil manuseio (NAT >RT5000); permitem a programação de freqüências manualmente; possuem uma ampla gama de Freqüências (RT5000>NAT); possuem muitos canais de memória (>100 canais de memória); possuem SCAN de memória; possibilitam transmissões simultâneas em até cinco canais (RT5000) e também consegue diferenciar canais como prioritários; permitem operar com dois canais simultaneamente e realizar transmissões e recepções claras e sem ruídos.

Como desvantagens pode-se citar o seu custo elevado para aquisição e manuais deoperação em língua estrangeira, o que dificulta o investimento por tal equipamento.

5. EQUIPAMENTO DE RÁDIO HT PARA COMUNICAÇÃO ENTRE COMPONENTES DAS EQUIPES (TRIPULAÇÕES)

O rádio hand talk (HT) é um rádio transceptor móvel, podendo ser utilizado por qualquer integrante de uma equipe, garantindo a comunicação entre os componentes das tripulações, permitindo o perfeito entendimento das informações, possibilitando o desenvolvimento da atividade de forma segura e eficiente em toda a missão (MOTOROLA, 2010).

Existem vários equipamentos rádio HT disponíveis no mercado. Os pré-programáveis constituem os utilizados em larga escala. Possuem, em sua maioria, de cindo a dez canais disponíveis para a programação de freqüências (MOTOROLA, 2010).

Para maior facilidade de utilização e possibilidade de comunicação com os diversos Órgãos de Segurança Pública e de Defesa Civil, recomenda-se o uso de um equipamento programável manualmente, capaz de abranger uma gama de freqüências muito ampla, permitindo estabelecer os contatos necessários diretamente. Como exemplo pode-se citar: HT Motorola, Icom, Vertex, Yaesu, etc.

Por isso é importante destacar que o rádio HT é largamente utilizado por todos tripulantes de aeronaves de transporte aeromédico, devido sua facilidade de manuseio, por não necessitar de um treinamento especial para o seu uso e também pela rapidez e facilidade nas comunicações durante o transporte.

6. TELEFONES CELULARES PARA A COMUNICAÇÃO DAS EQUIPES DE TRANSPORTE AEROMÉDICO (TRIPULAÇÕES)

Nos dias atuais, com a criação da telefonia móvel, fazemos uso destes dispositivos nas diversas atividades do nosso dia-a-dia.  No transporte aeromédico não é diferente, o telefone celular ajuda, em muito, na tomada de informações, sendo primordial em locais, onde, a comunicação rádio se torna difícil devido a distância ou condições do relevo. Pode-se fazer uso deste dispositivo mesmo em vôo, facilitando coordenações com as centrais de regulação e acelerando procedimentos.

Para a perfeita utilização deste equipamento em vôo, faz-se necessária utilização de “periféricos”, ou os chamados assessórios como os fones e cabos de conexão, que garantam a qualidade da comunicação. Além da comunicação via telefonia celular, os aparelhos mais modernos podem enviar e receber mensagens de texto e podem ser reconhecidos por dispositivos através do Bluetooth.

Esse tipo de recurso é amplamente usado pela equipe aeromédica em especial para a constante comunicação com a coordenação de vôo, também com os hospitais a que irão se destinar os pacientes aeroremovidos, bem como para troca de informações com os pilotos quando a equipe encontra-se fora dos arredores da aeronave.

7. FONES DAS AERONAVES PARA CONVERSAÇÃO INTERNA E EXTERNA

Ambientes aeronáuticos são locais de alta incidência de ruído. Para minimizar os efeitos maléficos ao nosso organismo, utilizamos protetores auriculares como forma de prevenção, como previsto na NR15, na sua última atualização em 2008, na qual trata das atividades em ambiente insalubres (BRASIL, 2008).

Voando em aviões ou helicópteros empenhados em missões de transporte aeromédico, fazemos uso constante dos fones das aeronaves, que garantem, ao mesmo tempo, o perfeito entendimento das conversações internas e externas, proporcionando conforto ao usuário, além de funcionar como equipamento de proteção individual (EPI), pois garantem a redução de até 25dB (DAVIDCLARK, 2010).

Existe uma grande variedade de fones, que podem ser utilizados nas aeronaves (aviões e helicópteros). Para melhorar desempenho das atividades do transporte aeromédico, sugere-se nas literaturas encontradas a utilização de um equipamento que permita a perfeita recepção das transmissões, fazendo com que o usuário entenda a mensagem com clareza e ao mesmo tempo transmita sua comunicação sem interferências ou ruídos, provenientes dos ambientes aeronáuticos ou de qualquer forte diversa (MORAZA et al, 2008).

O equipamento capaz de realizar a recepção, transmissão com clareza e sem ruídos é o fone com microfone de garganta (laringofone). Este dispositivo está disponível nos mais diversos modelos e de vários fabricantes, como exemplo: David Clark, American Eagle, Peltor, Telx, Bose, etc (DAVIDCLARK, 2010).

8. O EMPREGO DA COMUNICAÇÃO AERONÁUTICA

A comunicação nesse tipo de serviço pode ser feita internamente, entre os componentes da tripulação, fazendo-se uso de fones da aeronave que possibilita um entrosamento de toda a equipe ou externamente, possibilitando a comunicação da tripulação com os demais órgãos ligados ao serviço de transporte aeromédico, como Corpo de Bombeiros, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar, etc.

O emprego da comunicação aeronáutica de forma eficiente proporciona o entendimento das informações ou necessidades importantes para o resgate e transporte de enfermos. Estas informações podem ser: local da ocorrência, gravidade dos ferimentos, número de vítimas, necessidades de recursos adicionais, hospital de destino do paciente e quadro clínico do paciente. Como necessidades destacam-se: auxílio de sinalização na área de pouso, veículos de apoio, local de pouso, equipamentos de resgate e de suporte avançado de vida, tempo estimado para pouso no hospital de destino e necessidade de apoio da equipe médica para recebimento do paciente no heliponto do hospital (MORAZA et al, 2008).

Como descrito acima, as comunicações internas possibilitam uma melhor organização do trabalho das tripulações das aeronaves. São muito importantes, pois garantem a segurança, permitem apoio de navegação e asseguram o cuidado do paciente (MORAZA et al, 2008).

Para que tenhamos maior clareza na transmissão de informações podemos contar com as fraseologias empregadas na comunicação rádio. Estas se constituem de procedimentos estabelecidos com o objetivo de assegurar a uniformidade das comunicações radiotelefônicas, reduzirem ao mínimo o tempo de transmissão das mensagens e proporcionar autorizações claras e concisas (ICA 100-12, 2006).

De acordo com as recomendações da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), na definição das palavras e expressões da fraseologia foram adotados os seguintes princípios:

  1. Utilizam-se palavras e expressões que possam garantir melhor compreensão nas transmissões radiotelefônicas;
  2. Evitam-se palavras e expressões cujas pronúncias possam causar interpretações diversas; e
  3. Na fraseologia inglesa utilizam-se, preferencialmente, palavras de origem no latin (ICA 100-12, 2006).

O padrão mais utilizado de comunicação radiotelefônica que temos observado são o Alfabeto Fonético e o Código “Q” ambos de padrão internacional.

Quadro 1: Alfabeto Fonético (letras)

A – Alfa F – Foxtrot K – Kilo P – Papa U – Uniform Z – Zulu
B – Bravo G – Golf L – Lima Q -Quebec V – Victor
C – Charlie H – Hotel M – Mike R – Romeo W -Whisky
D – Delta I – Índia N -November S – Sierra X – X-ray
E – Echo J – Juliett O – Oscar T – Tango Y – Yankee


Fonte: 
http://ivaobr.com.br/home/treino/downloads/fraseologia.pdf

Quadro 2: Alfabeto Fonético (algarismos)

0 = zero 1 = uno 2 = dois 3 = três 4 = quatro
5 = cinco 6 = seis 7 = sete 8 = oito 9 = nove

Fonte: http://ivaobr.com.br/home/treino/downloads/fraseologia.pdf

Quadro 3: Código “Q”

QAP – na escuta QAR – desligar QRN – interferência QRA – nome  operador QRL – estou ocupado
QRM – interferência humana QRQ – transmita devagar QRS – transmita rápido QRT – fora do ar QRU – tem algo pra mim
QRV – as suas ordens QRX – aguarde QRZ – fale quem chamou QSA – como esta recebendo QSL – entendido
QSM – esta ouvindo QSO – aviso/comunicado QSP – fazer ponte QTC – mensagem QTH – endereço
QTR – horário exato QTU – horário QTA – última forma QSV – viatura TKS – obrigado

Fonte: http://www.radio-motorola.com.br/codigo_q.htm

Por isso é importante esta padronização internacional utilizada nas transmissões via radio, pois qualquer integrante da equipe pode fazer uso, sem necessidade de curso especifico, bastando apenas conhecer o alfabeto fonético e o código Q facilitando nas comunicações.

9. NOVOS DISPOSITIVOS PERIFÉRICOS QUE OTIMIZAM A COMUNICAÇÃO NO TRANSPORTE AEROMÉDICO

Com o intuito de otimizar a comunicação da tripulação do transporte aeromédico, tornando a atividade mais segura e eficiente, sugerimos a utilização de alguns dispositivos periféricos que possibilitam a contínua conversação entre os componentes das tripulações, em qualquer em vôo, permitindo entendimento perfeito das mensagens a qualquer instante, dentro ou fora da aeronave, mesmo em ambiente com ruído dos motores, tráfego intenso dos grandes centros ou para a utilização do telefone celular nestes ambientes. Como dispositivos periféricos, podemos citar:

1. Laringofone: É um microfone de garganta, também conhecido como laryngophone. É um tipo de microfone que capta o som diretamente através de sensores em contato com a vibração das cordas vocais. Ele é capaz de transmitir a fala em ambientes barulhentos, como em uma moto ou em uma aeronave, onde outros tipos de microfones não funcionam bem porque a transmissão seria abafada pelo ruído de fundo. Este tipo de microfone é também capaz de captar sussurros e funciona bem em um ambiente onde se tem que manter a calma durante a comunicação com os outros à distância, como durante uma operação militar. Microfones de garganta foram amplamente utilizados desde a II Guerra Mundial, onde foram utilizados em  aeronaves e tripulações de tanques alemães (PELTOR, 2010)

Novos designs de elemento único são disponíveis, que tornam o microfone de garganta muito mais confortável de usar do que as unidades anteriores. Além disso, esta geração de microfones de garganta fornece melhores resultados para acomodar uma ampla variedade de dispositivos de comunicação, tais como rádios portáteis digitais, analógicos, Tetra e telefones celulares (PELTOR, 2010).

Laringofones também são muito úteis em ambientes barulhentos além de indispensáveis quando é necessária proteção respiratória.  O microfone de garganta pode ser usado com segurança, pois fica posicionado fora da vedação da máscara facial e como tal, não compromete a proteção respiratória fornecidos pela máscara (PELTOR, 2010).

Figura 3: Laringofone

2. Radio Adapter (conexão para fone da aeronave e rádio HT): Para fazer uso do HT em conjunto com o fone da aeronave, utilizamos uma conexão, que possibilita a perfeita recepção e transmissão de mensagens, possibilitando estabelecer comunicação confiável a todo instante, além de proteger o usuário do ruído ao seu redor. É um equipamento de fácil manuseio e baixo custo de aquisição (DAVID CLARK, 2010).

Figura 4: Radio Adapter

3. Conexão para utilização do telefone celular com o fone da aeronave: Para fazer uso do telefone celular no ambiente aeronáutico, é necessária a utilização de uma conexão que permita a interface entre o fone da aeronave e o aparelho celular propriamente dito. Esta conexão pode ser feita através de um cabo de conexão com plug compatível ao modelo do celular, ou através de bluetooth, se o aparelho celular possuir esta tecnologia de comunicação (BLULINK, 2010).

Figura 5: Adaptador Fone-Telefone Celular

De qualquer forma, com a utilização de qualquer destes dispositivos, a comunicação será clara e segura, sem a presença de ruídos, permitindo uma perfeita compreensão das mensagens, tornando a missão de transporte aeromédico mais eficiente.

10. CONCLUSÃO

O presente estudo mostra a grande variedade das formas e métodos de comunicações existentes no meio aeronáutico, de modo a possibilitar uma facilidade na transmissão das informações, garantindo a segurança e a eficiência do transporte aeromédico.

Este artigo baseou-se em grande parte na experiência profissional dos autores, visto que é uma área bastante recente, e de pouca produção científica, o que culmina com a necessidade de mais pesquisas voltadas para a melhoria das comunicações durante os transportes aeromédicos.

Apesar de todo o avanço tecnológico existente nos dias de hoje, ainda temos um longo caminho a percorrer, tanto no acompanhamento das novidades disponíveis, como no repasse das informações para as equipes de saúde. Estas, compostas de médicos e enfermeiros, na grande maioria, não estão familiarizadas com estes procedimentos de comunicação, o que requer que as instituições onde trabalham invistam constantemente em treinamentos e capacitações, visando sempre o aprimoramento desta atividade que está cada vez mais em expansão em nosso país.

11. REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Defesa, Comando da Aeronáutica. Instrução do Comando da Aeronáutica 102-6: Telecomunicações. Brasília: Ministério da Defesa, 1999.

Ministério da Defesa, Comando da Aeronáutica. Instrução do Comando da Aeronáutica 100-12: Regras do ar e serviços de tráfego aéreo. Brasília: Ministério da Defesa, 2006.

Norma Reguladora 15 – NR 15: Atividades e operações insalubres. Atualizada emPortaria SIT n.º 43, de 11 de março de 2008.

BLULINK. Disponível em: <http://www.pilotblulink.com>. Acessado em 26 de agosto de 2010.

COBHAM. Disponível em: <http://www.cobham.com>. Acessado em 06 de setembro de 2010.

DAVID CLARK. Disponível em: <http://www.davidclark.com>. Acessado em 03 de agosto de 2010.

GALLETTI Jr., C. A. As origens do resgate aeromédico e como surgiu em São Paulo. Disponível em: <http://www.pilotopolicial/?P=8477>. Acessado em 28 junho de 2010.

INTERNATIONAL VIRTUAL AVIATION ORGANIZATION – Divisão Brasileira.Disponível em: <http://ivaobr.com.br/home/treino/downloads/fraseologia.pdf>. Acessado em 05 de agosto de 2010.

LOMBARDI, M. A. A importância da comunicaçãoDisponível em:<http://www.ceismael.com.br/oratoria/Importancia-da-comunicacao.htm>. Acessado em 10 de setembro de 2010.

MORAZA, A.S. et al, Comunicaciones internas y externas: interfonía, navegación y radio. In: MORAZA, A.S. AYUSO, D.F. Manual de helitransporte sanitario. Barcelona: Elsevier; 2008.

MOTOROLA. Disponível em: < http://www.radio-motorola.com.br/codigo_q.htm>. Acessado em 02 de agosto de 2010.

PELTOR. Disponível em: <http://www.peltor.com>. Acessado em 06 de setembro de 2010.

QUEIROZ, R. Elementos básicos da comunicação humana. Recanto das Letras, artigo de 2008. Disponível em: <http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/934772>. Acessado em 11 de setembro de 2010.

12. AUTORES

ANTÔNIO AURÉLIO LINS LEAL – Aluno da pós-graduação em Transporte Aeromédico UNIP-PR. Engenheiro Civil pela UFPA. Piloto de helicóptero de resgate do Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF/SC). Rua Alvaro Mullen da Silveira, nº 104, Centro, Florianópolis – SC – Brasil.

FÁBIO LAURINDO – Aluno da pós-graduação em Transporte Aeromédico UNIP-PR. Enfermeiro pela UNISUL. Pós-graduado em Auditoria de Enfermagem pela UNIVILLE.

GABRIELA SCHWEITZER – Orientadora do estudo. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEN) da UFSC. Especialista em Terapia Intensiva pelo Centro Universitário São Camilo-Sul. Enfermeira do Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago (HU/UFSC). Enfermeira das unidades de suporte avançado de vida Terrestre e Aérea do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/SC). Membro do Grupo de Estudos às Pessoas em Situações Agudas de Saúde GEASS/PEN/UFSC.

Publicado originalmente do site AviaçãoPRF