Brigada Militar: É preciso renovar a frota aérea?
14 de setembro de 2012 3min de leitura
Das 14 aeronaves do Batalhão da Brigada Militar, oito estão paradas e há projeto de R$ 70 milhões para trocar as demais
Responsável pelo transporte de autoridades e de doentes que necessitem translado urgente ou especial, policiamento aéreo e salvamento de pessoas em risco, a frota do batalhão de aviação da Brigada Militar (BM) tem mais da metade de suas aeronaves em manutenção. Atualmente, dos 14 aviões e helicópteros, apenas seis estão disponíveis para uso imediato.
O comandante do batalhão, tenente-coronel Carlos Alberto Selistre, garante que nenhuma emergência deixou de ser atendida, apesar de confirmar que a situação não é confortável.
Um especialista em aviação ouvido por Zero Hora também afirma que é incomum um percentual tão expressivo estar “fora de combate”. Há um projeto para aposentar 13 aeronaves, o que custaria cerca de R$ 70 milhões. Ficaria a salvo apenas o King Air B200, que é utilizado para transportar o governador Tarso Genro e outras autoridades. Junto com um helicóptero de motor a pistão Schweizer, o avião oficial é uma das aquisições mais recentes: de 1998. Entre as máquinas está um monomotor datado de 1964 – atualmente em manutenção de rotina.
No ano passado, o batalhão recebeu R$ 5,5 milhões de recursos, utilizados em combustível, seguro e manutenção. O comandante-geral da BM no Estado, coronel Sergio Roberto de Abreu observa que o projeto do batalhão para renovar a frota é atualizado com regularidade porque “podem surgir licitações” para troca de aeronaves.
Abreu afirma que um helicóptero multimissão, por exemplo, conseguiria também atender a ocorrências de incêndios. As bolsas com água a serem despejadas no fogo são pesadas demais para serem usadas nas aeronaves disponíveis na corporação.
– Um helicóptero ideal para atender às demandas da Brigada, com maior refinamento técnico, custa cerca de R$ 12 milhões. Se perguntares se conseguimos atender às demandas hoje eu respondo: “Sim, conseguimos”. O que vai mudar é a tecnologia e talvez alguma facilidade. A velocidade maior, por exemplo, melhora o tempo-resposta para o socorro.
Helicóptero com autoridades sofreu uma pane neste ano
Em abril deste ano, um helicóptero que transportava o comandante-geral da BM e o secretário da Segurança Pública do Estado, Airton Michels, precisou fazer um pouso inesperado em Guaíba, após os pilotos perceberem que uma luz do painel havia apagado. Eles viajariam para Pelotas, onde participariam do enterro de um policial militar que morreu durante troca de tiros com assaltantes de banco em Dom Feliciano, no sul do Estado.
Frota adequada, mas com muitos aviões no chão
Professor do Departamento de Engenharia Aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, James Rojas Waterhouse analisou as fichas técnicas e fotografias das aeronaves em uso pelo governo gaúcho, enviadas por Zero Hora. Ele afirma que, nesta análise, é possível perceber que os modelos estão em bom estado e não podem ser considerados obsoletos. No entanto, aponta ser incomum o fato mais da metade dos aviões estar em manutenção. Em uma frota privada, seria considerado normal um índice de 20% no hangar devido a problemas técnicos.
– Não é normal. Ou pode até ser uma estratégia: a instituição não tem pressa de que fiquem prontos porque não necessita de todas elas – analisou o especialista.
Waterhouse estranha também o baixo número de helicópteros na frota, já que estas aeronaves imprimem maior velocidade para deslocamentos e podem ser determinantes no salvamento de uma pessoa ferida ou com necessidades urgentes.
Fonte: Matheus Piovesan para o Jornal Zero Hora, via PGE-RS.
Foto: Ricardo Almada.
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