BAPM/SC: Conheça a rotina dos policiais do Graer e sua missão de salvar vidas
06 de outubro de 2015 3min de leitura
06 de outubro de 2015 3min de leitura
Santa Catarina – No fim da tarde de sábado, 14 de março, há seis meses, aproximadamente, da tragédia com o ônibus de turismo na Serra Dona Francisca – em que 51 passageiros que estavam dentro do veículo morreram – o Grupo de Radiopatrulhamento Áereo da Polícia Militar (Graer) foi o primeira Unidade de resgate a chegar ao local.
Primeiramente, ao sobrevoar a área não avistaram nada, mas depois de uma segunda volta, a traseira do ônibus estava visível aos olhos dos tripulantes do helicóptero. Logo depois, uma viatura dos Bombeiros Voluntários chegou com mais dois bombeiros para auxiliar no atendimento e fazer a primeira imersão na vegetação. Porém, indo em direção ao veículo, uma das características que eles percebem em acidentes desse tipo é a gritaria. E tudo que eles ouviam ao adentrar a mata era o silêncio absoluto, segundo o Major Cota. Isso já dizia muita coisa para a equipe do Graer. Alertava que praticamente todos estavam mortos. “Foi frustrante”, relatou o Tenente Caetano que não participou no atendimento, mas estando na equipe, sabe o quanto foi decepcionante para os colegas não poder salvar aquelas 51 vidas.
Essa é a rotina de quem dedica a vida para a segurança da comunidade. Nesse primeiro semestre de 2015, o Graer teve 63 horas de voo registradas, com 370 ocorrências, entre elas, de apoio e policiais, com 103 pessoas socorridas e 46 pessoas detidas. E isso torna o Graer uma equipe totalmente multimissão, pois exerce diferentes funções com a aeronave. Tanto de apoio a outros órgãos, como os bombeiros, por exemplo, quanto o atendimento de ocorrências policiais. Essas duas primeiras são as funções principais realizadas pela equipe. Mas também, existem as missões de salvamentos aquáticos, buscas de pessoas, patrulhamento, serviços ambientais e Atendimento Pré-Hospitalar (APH). Para ter um parâmetro melhor de como esse órgão funciona, em janeiro deste ano, período de mais ocorrências, 24 missões foram de apoio, 24 policiais, 16 de patrulhamento, três de APH, duas de salvamento aquático e duas de buscas.
A parceria em cada missão é visível, o prazer em trabalhar em grupo é primordial para exercer o cargo em uma das companhias de elite da Polícia Militar. “Passamos mais tempo um com o outro do que com a própria família”, explica o Major Cota. Os oficiais e praças ficam das 7h30 até o pôr do sol, cerca de 13 horas de expediente. Entre as missões que mais marcou Major Cota e que lembra até hoje está o resgate do padre que viajou com balões, as cheias de 2008 no Vale do Itajaí e o ônibus que caiu este ano na Serra Dona Francisca.
A emoção de estar trabalhando nesses acidentes que comoveram catarinenses de todas as partes é deixada de lado. O Major Cota explica que no momento em que está em ocorrência não dá pra se deixar levar pela emoção, tem que ser extremamente técnico nessas situações. Os riscos de alguma coisa dar errado pode comprometer toda missão. Aliás, a equipe dificilmente comete algum erro, pois tudo é planejado e caso algum deles sinta que a missão pode oferecer riscos, isso é respeitado pelo resto do grupo. Mas além da técnica, existe o ser humano, e o reconhecimento do trabalho, por mais que aconteça somente às vezes, é recompensador. O Tenente Caetano se alegra ao mostrar desenhos de crianças que agradecidas tentam demonstrar isso de alguma forma. “É bonito, porque é verdadeiro”, comenta o Tenente.
O Tenente Caetano, no dia da reportagem, era copiloto do helicóptero Esquilo, como é chamada popularmente a aeronave utilizada pelo Graer. No momento, portava dois rádios, um da Polícia Militar 17º Batalhão e outro do 8º para estar atento ao que acontecia na cidade e alertar a equipe caso houvesse necessidade. O piloto estava responsável por deixar o Esquilo pronto para o atendimento, além dos dois, qualquer emergência no dia também seria atendida por mais dois tripulante. Em média, eles atendem duas ocorrências diariamente cobrindo todo o perímetro Norte e Nordeste, cerca de 44 municípios. Para o Esquilo sobrevoar até a cidade mais distante como Canoinhas, por exemplo, dá 54 minutos de tempo resposta. Para pontos mais distantes da cidade de Joinville o tempo máximo é de sete minutos.
A luta por um hangar
Uma das necessidades mais urgentes da equipe é um hangar para aeronave. O helicóptero do Graer fica exposto à chuva, granizo, vento e acabam danificando o equipamento, fazendo com que o Esquilo fique parado mais dias para manutenção.
Fonte: Agora Joinville
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