No final de maio, profissionais do Atendimento Pré-Hospitalar do Distrito Federal (SAMU e CBM) participaram do lançamento, no Brasil, do maior estudo mundial sobre a utilização da tecnologia que promove massagem cardíaca por meio de aparelho automático a vítimas de Parada Cardíaca (PCR).

Os dados apresentados de um dos maiores estudos sobre o aperfeiçoamento da RCP (ressuscitação cardiopulmonar) já realizado. No “CIRC Trial”, o desempenho da RCP realizada por humanos e da RCP mecânica (feita através de um equipamento de compressões automáticas) foram analisados e comparados.

Os pacientes que apresentaram parada cardíaca (PCR) fora do hospital eram atendidos por equipes de profissionais de saúde de atendimento pré-hospitalar (APH), que promoviam a tradicional massagem cardíaca manual (apenas com as mãos) ou faziam uso, inicial, desta seguida de imediata instalação de um dispositivo automático de massagem cardíaca (AutoPulse® Resuscitation System), que prosseguia com as compressões do tórax da vítima até se constatar que a mesma retornara da PCR ou que não havia mais chance disto acontecer.

O estudo foi conduzido pelo médico e PhD Lars Wik (National Competence Center of Emergency, Oslo University Hospital) entre 2008 e 2011 em três países diferentes – EUA, Áustria e Holanda. Para realizar os estudos clínicos comparativos entre a RCP manual versus RCP automática, o Dr. Wik contou com a ajuda de cerca de 5 mil profissionais; do APH, que atenderam mais de 4 mil pacientes com PCR até a conclusão do CIRC.

Foram usadas metodologias científicas, critérios e supervisionamentos que garantiram que a RCP manual fosse realizada em sua melhor qualidade, com desempenhos que raramente são vistos em equipes de emergência no dia-a-dia. Regras e metodologias também foram aplicadas nos testes de RCP automática, que utilizava o dispositivo mecânico.

Ao final do estudo apresentado pelo Dr. Wik na conferência, diversos resultados e conclusões foram evidenciadas. Dentre as mais importantes destacam-se:

  • O CIRC Trial obteve a maior taxa de sobrevivência já alcançada em um estudo do gênero, passando dos 10%. – As frações de RCP (proporção do tempo em que as compressões são realizadas em relação ao tempo total do atendimento) também atingiram níveis jamais vistos, passando dos 80%. – Em comparação às frações de RCP humanas alcançadas no dia-a-dia pela maioria dos  serviços de emergência, o AutoPulse® é possui taxas de sobrevivência 3,5 vezes maior.
  •  O desempenho do AutoPulse® no CIRC Trial foi equivalente ao da RCP de máxima qualidade (considerada Classe I), mas o equipamento de RCP mecânica se mostrou superior à RCP manual em diversos fatores, reforçando vantagens que já eram conhecidas.
  • O AutoPulse® consegue manter as compressões na qualidade máxima durante horas, sem interrupções e em qualquer ambiente, enquanto os socorristas sofrem com a fadiga e com a dificuldade de realizar compressões de qualidade dependendo do local de atendimento.
  • Os serviços de emergência ficam com um socorrista a mais, pois com o equipamento realizando a RCP automática não há necessidade de ninguém se revezar nas compressões.
  • Os socorristas não correm mais riscos de se machucarem tendo que realizar a RCP dentro de uma ambulância em movimento.
  • Além do mais, alguns diferenciais da técnica já eram apontadas pela literatura, como conhecidas vantagens às equipes de atendimento (otimizam o atendimento em muitos pontos, destacando-se os fatos de liberar um componente da equipe para realização de outras intervenções e o de diminuir o desgaste físico da equipe) e aos pacientes (massagem de alta qualidade com regularidade, intensidade auto-ajustada, interrupção programada e efetividade). Além do mais, os dispositivos têm fácil instalação e manuseio e não são invasivos (ou seja, não necessita de procedimento médico avançado para ser instalado).

O SAMU-DF foi o pioneiro em utilizar a tecnologia no país dispositivo no país e é atualmente o maior detentor de unidades do equipamento. Desde janeiro de 2010 todas as suas ambulâncias possuem o dispositivo, e quase todas as vítimas de PCR podem se beneficiar da técnica.

Mais recentemente, o SAMU-DF canalizou seus esforços para adquirir as versões mais sofisticadas da tecnologia. Oito unidades da mais moderna versão (AutoPulse® Plus) em breve se somarão às 40 unidades atuais dos modelos em uso no serviço (AutoPulse® Resuscitation System Model 100 Platform). Elas trazem a vantagem de possibilitarem sincronização do choque (desfibrilação) com as massagem cardíaca, ou seja, o choque é sem a necessidade da interrupção da massagem, maximizando a probabilidade do sucesso do choque, mantendo o tempo da pausa ou da ausência de fluxo de forma mínima, fato não possível mesmo durante a utilização da RCP manual. Este detalhe é de extrema importância para a o sucesso da reanimação.

O SAMU-DF, referência no país em APH, tem procurado no seu dia-a-dia apropriar-se de conhecimentos e tecnologias que se traduzam na melhor qualidade de atendimento aos seus principais usuários, você, cidadão brasiliense.


Nota do Site:  O equipamento descrito nesta máteria é um dos itens que encontra-se a bordo da Unidade de Suporte Avançada – Bell 407 – Helicóptero PRF/SAMU/DF.


Fonte: Glayson Verner – Serviço de Pesquisa do SAMU-DF, via Aviação PRF.