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Atendimento aeromédico garante agilidade no socorro, mas necessita de legislação específica
08 de dezembro de 2013
3min de leitura
Trânsito congestionado, longas distâncias, lugares inacessíveis. Resgatistas brasileiros conhecem bem os problemas que dificultam ou inviabilizam o transporte de pacientes em muitas áreas do país. Ao se confrontar com estas dificuldades em uma situação de emergência, a solução é decolar.
O transporte e resgate aeromédico constituem-se de ferramenta fundamental para organizações de salvamento chegarem a locais que dificultariam, atrasariam ou impossibilitariam o acesso de veículos terrestres. “A maioria dos atendimentos prestados pelas equipes aeromédicas acontece quando há pacientes em estado grave”, explica André Ricardo Moreira, enfermeiro de voo do GRAU (Grupo de Resposta Aérea de Urgência) do SAMU de Santa Catarina. Deste modo, a necessidade de um rápido atendimento justifica o uso de helicópteros ou aviões.
Em 2008, foram realizadas de 5.000 a 7.000 remoções aeromédicas no Brasil, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva. Desde então, houve incremento na utilização do transporte aeromédico, com implementação do serviço em diversas cidades e melhora da estrutura.
O Ministério da Saúde informa, no entanto, que não possui uma compilação recente de dados de todas as missões aéreas envolvendo resgate, remoção e transporte de feridos. Muitas vezes, o serviço aeromédico é compartilhado entre as secretarias da Saúde e da Segurança Pública. Usualmente, as estatísticas são coletadas individualmente em unidades da SAMU, Secretarias da Saúde, grupamentos da Polícia Militar, serviços particulares, FAB (Força Aérea Brasileira) e outras organizações.
Em comparação com os Estados Unidos, por exemplo, onde se efetua este tipo de resgate centenas de milhares de vezes ao ano, os números brasileiros podem parecer tímidos. Olhando para trás, contudo, constata-se grande evolução no transporte aeromédico no país. “Os diversos Serviços de Urgência Médica têm se mobilizado para acompanhar as necessidades e demandas advindas do crescimento acelerado da população. Atualmente, 19 organizações aéreas de segurança pública ou defesa civil realizam o serviço de resgate aeromédico em 15 unidades da federação”, destaca José Alexander de Albuquerque Freixo, capitão da Polícia Militar do Estado de São Paulo e piloto de helicóptero do GRPAe (Grupamento de Radiopatrulha Aérea “João Negrão”).
Com 29 anos de existência, o GRPAe oferece uma ampla cobertura para a população do Estado de São Paulo. Atualmente, 85% dos mais de 40 milhões de habitantes encontram-se a uma distância de até 15 minutos de um dos 24 helicópteros e seis aviões que compõem a frota do grupamento aéreo da Polícia Militar. Distribuída em 11 bases – uma na capital e dez no interior – e 30 aeronaves, sua estrutura configura-se como a maior da América Latina em números absolutos.
Por enquanto, os resgates aeromédicos concentram-se nas cidades de São Paulo e Campinas. Em 2012, foram 575 casos de resgate, 49 de remoção inter-hospitalar e 24 de transporte de órgãos. Em 2013, até 30 de setembro, foram 413 casos de resgate, 29 de remoção inter-hospitalar e 34 de transporte de órgãos.
É consenso entre profissionais e especialistas da área, porém, que ainda há muito para melhorar no setor, como destaca o próprio capitão Freixo. Segundo ele, além da capacitação dos tripulantes e definição de requisitos objetivos para a formação de médicos e enfermeiros de voo, há um déficit na infraestrutura.
“A ausência de helipontos nos principais hospitais do país é um grande problema, pois limita as alternativas de socorro ou aumenta potencialmente o risco da operação”, diz, lembrando que, no município de São Paulo, há apenas três helipontos regulares em hospitais, dos 184 registrados em toda a cidade. Esta infraestrutura ainda deficiente precisa atender a um país de dimensão continental. O Brasil tem uma área de mais de 8,5 milhões de km², maior do que as áreas da União Europeia, Argentina e Peru somadas.
De uma população de 198 milhões de pessoas, a imensa maioria vive em cidades próximas ao litoral, o que ilustra a desigual distribuição demográfica. Apenas o Estado de São Paulo tem 41,25 milhões de habitantes, 20% do total do país, em uma área que corresponde a 3% do território nacional. Enquanto isto, o Amazonas, maior estado brasileiro, tem 3,6 milhões de habitantes, que ocupam 18,5% da área brasileira.
Reportagem de Eduardo Herrmann e Gustavo Heldt/GHX Comunicação – Revista Emergência
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