Após sequestro, polícia investiga ação da máfia chinesa em São Paulo
27 de julho de 2015 3min de leitura
27 de julho de 2015 3min de leitura
São Paulo – Imagens de uma perseguição em uma das regiões mais movimentadas do país. Um sequestro levou a polícia a retomar a investigação sobre a ação da máfia chinesa no comércio popular de São Paulo. A vítima disse que devia dinheiro à quadrilha.
A mulher falou que pegou R$ 30 mil emprestados com um chinês para bancar a viagem para o Brasil. E que esses quatro homens fizeram o sequestro para receber o dinheiro. Os quatro foram presos em flagrante porque uma pessoa que viu a ação do grupo avisou à polícia.
Motorista: Oi, bom dia.
Policial: Bom dia.
Motorista: É, eu estou aqui na rua Bom Pastor na altura do museu do Ipiranga e vi dois rapazes forçando a entrada de uma moça dentro de um carro.
Policial: Guenta na linha aí. Não desligue. Ele pegou uma mulher, né?
Motorista: É. Eram dois chineses, parecia. É, eles enfiaram dentro do carro assim, meio brusco.
Policial: Copom, o Águia 14 está visualizando a Ecosport. Tem uma viatura para apoiar? Ela entrou na laça de acesso. Ela está entrando no viaduto agora. Ela está com vidro filmado, a gente não consegue visualizar a quantidade de indivíduos dentro do veículo.
“Só para informar, o veículo já foi abordado. A princípio, uma vítima de sequestro, conforme informado pelo Águia, aí? Dentro do veículo de posse dos sequestradores tinha uma arma, é só o que tinha a princípio? Parabéns a todos aí pela, pelo empenho, aí”, disse um policial.
A operação que resgatou uma comerciante chinesa, de 36 anos, aconteceu no dia 12 de junho. Mas só agora a polícia liberou as imagens..
A partir da denúncia de um motorista ao 190, o helicóptero da polícia localizou e orientou os PMs de moto, que cercaram e renderam os quatro sequestradores dentro do carro. Em seguida, libertaram a vítima.
A mulher disse que foi agredida e ameaçada de morte caso a família não pagasse o resgate de R$ 1 milhão. Ela se ajoelhou, agradecida, e abraçou um policial. Os sequestradores foram presos.
Esse é o segundo caso de sequestro em São Paulo neste ano em que a vítima e os suspeitos são chineses. Para a polícia, são grandes as chances de os dois crimes estarem ligados à atuação da máfia chinesa. Indícios da presença dessa organização criminosa na cidade começaram a ganhar força no começo do ano depois que dois cidadãos chineses foram assassinados na região central.
Em janeiro, câmeras de segurança gravaram a execução de um deles, em uma rua perto da 25 de março, coração do comércio popular. Três homens chegaram e deram oito tiros no comerciante de 42 anos. Três dias depois, um outro rapaz de origem chinesa foi encontrado morto, com três tiros, dentro de um carro, no bairro da Mooca.
As características dos crimes chamam a atenção de um promotor público. No início dos anos 2000, ele fez parte de uma equipe que investigou os rastros da máfia chinesa em São Paulo. Descobriu que a organização financiava a entrada ilegal no Brasil de chineses, pelo Paraguai. Depois, obrigava os imigrantes a vender em São Paulo produtos contrabandeados pela máfia e cobrava um alto percentual sobre as vendas.
A máfia também obrigava comerciantes e empresários chineses de São Paulo a pagar mesadas, em troca de proteção. Quem ficava devendo era punido com crueldade.
“Muitos crimes foram cometidos, inclusive nós detectamos alguns homicídios em que com o sangue das vítimas a máfia chinesa escrevia na parede dos seus apartamentos em mandarim o recado para que os demais chineses da comunidade não se rebelassem contra a organização criminosa”, afirma o promotor José Carlos Blatt.
O promotor diz que só as investigações podem confirmar a motivação dos crimes deste ano. “A forma de atuação da máfia chinesa que nós investigamos no passado é muito semelhante a esta e que determinou a morte desses chineses, mas cabe a policias e ao MP investigar”, afirma o promotor.
O advogado dos suspeitos disse que eles apenas deram carona para comerciante, uma velha conhecida deles. Os quatro respondem por extorsão mediante sequestro e formação de quadrilha. O consulado da China diz que colabora com a polícia e que tem uma linha telefônica para dar proteção e assistência aos cidadãos chineses no Brasil.
Fonte: Bom dia Brasil.
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