Anjos da guarda da vida real: histórias que se cruzam durante resgates da CIOPAER/CE
19 de novembro de 2023 5min de leitura
19 de novembro de 2023 5min de leitura
Ceará – Desde a infância somos ensinados que possuímos ao nosso lado amigos chamados “anjos da guarda”, que nos protegem e nos ensinam a seguir o caminho do bem, realizar boas ações e praticar a generosidade durante a nossa caminhada terrena. Para muitos, eles ficam apenas na imaginação, em orações ou em sonhos, mas, aqui, no Ceará, esses “anjos da guarda” fazem parte do cotidiano cearense e salvam vidas de uma forma diferente: pelos ares.
No mês que é comemorado o Dia do Anjo da Guarda, celebrado no 2 de outubro, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) mostra a importância do trabalho realizado pelos profissionais da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), que seguem o lema “Voar para proteger e salvar”.
Atuando há 28 anos com êxito e eficiência, a Ciopaer se tornou referência nacional no quesito aviação de segurança pública no país. Foi em uma de suas múltiplas missões diárias, que uma equipe da Ciopaer conheceu a pequena e destemida Selena Liz de Melo. A menina, de três anos, precisou ser resgatada após ter 42% do corpo queimado ao ter contato com uma panela de óleo quente na cidade de Independência, há quase 370 quilômetros de distância da capital cearense. O fato foi registrado no dia 4 de setembro deste ano.
Devido ao estado grave da vítima, uma aeronave da Ciopaer, a Fênix 6, se deslocou da base de Crateús para realizar o traslado até uma unidade hospitalar em Fortaleza. A viagem, que duraria cerca de cinco horas, se fosse realizada por via terrestre, foi encurtada graças à Ciopaer. O voo entre as cidades durou cerca de uma hora e meia.
Segundo o pai da criança, Jayro Ramon de Melo, o acionamento ágil e o deslocamento rápido foram essenciais para o salvamento da filha. “Quando chegamos ao hospital, fomos informados que infecções causam mais mortes em queimados. Então, nossa filha ter conseguido ser resgatada por um helicóptero e ter tido todo o aparato de uma equipe competente e humanizada, fez toda a diferença. Ela chegou em Fortaleza em menos de duas horas”, relatou emocionado.
Mesmo após um prognóstico de três meses de recuperação da pequena Selena, Jayro Ramon não se abateu. Após 13 dias de internação, Jayro e sua companheira, Ana Janaína Barbosa, receberam uma boa notícia: a alta parcial da criança. “Quando você se depara com algo tão forte, tem que ter algo que transcende, para que você não entre em desespero, porque ele não é um bom conselheiro. As nossas orações, de familiares e amigos nos deram esperança. Após a alta dela, foi só gratidão.
Renascemos com ela. Acredito que o fato de ensinarmos, desde a barriga da mãe dela, o quanto ela é corajosa e pode conseguir o que quiser, contribuiu também para a rápida recuperação”, concluiu ele. Em sua fala, a mãe de Selena, Janaína Barbosa, também agradeceu pelo resgate. “Eles foram anjos na vida dela. Só temos a agradecer pela vida deles e como eles trataram o caso, porque eles foram muito humanos”, disse ela.
Reencontro
No último dia 30 de setembro, a Assessoria de Comunicação da SSPDS promoveu o encontro entre a pequena Selena e o piloto que atuou no resgate dela naquele dia fatídico. No local do encontro, que aconteceu na sede da Ciopaer, em Fortaleza, Selena teve contato com um helicóptero semelhante ao que realizou o seu transporte, conheceu as dependências da base de Fortaleza, tirou fotos e esbanjou carisma e felicidade com os demais. Na visita, também estiveram presentes os pais da menina, Jayro e Janaína, além de outros profissionais da Ciopaer.
Nas palavras do capitão Elton Oliveira, relações-públicas da Ciopaer, os servidores da coordenadoria não escolhem o paciente, mas, sim, a ocorrência que os escolhe. “Assim, atendemos sempre com zelo e dedicação. Tratamos como se fosse um parente nosso, como se fosse da nossa família. Quero que todos os cearenses saibam que a Ciopaer está aqui de portas abertas para atender a população a qualquer hora do dia e da noite”, finalizou ele.
Transportes que salvam vidas
Da agilidade na condução de pacientes de alta complexidade aos esforços empregados para que a população cearense fosse imunizada durante a pandemia da COVID-19. Foi assim que, do ano de 2021 até outubro deste ano, os profissionais da Ciopaer já realizaram 5.810 missões, totalizando 6501,75 horas voadas.
Em agosto deste ano, o serviço aeromédico da Ciopaer, que funciona em parceria com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Secretaria da Saúde (Sesa), completou nove anos. A equipe conta com 23 médicos e dez enfermeiros treinados para atender ocorrências de grande complexidade.
Atualmente, a Ciopaer conta com cinco bases fixas, instaladas em Fortaleza, Juazeiro do Norte, Sobral, Quixadá e Crateús.
Tecnologia
A Coordenadoria dispõe de nove aeronaves, um EC130 B4 monoturbina, dois AS350B2 esquilo monoturbina, três Airbus EC145, um Airbus EC135 e dois H135. As aeronaves possuem a capacidade de configuração para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea e detêm modernos equipamentos, entre eles, incubadoras para transporte de recém-nascidos, ventilador pulmonar, bombas de infusão, monitor multiparamétrico, com a capacidade de fazer capnografia, ou seja, é capaz de medir os níveis de dióxido de carbono.
Tudo isso, acoplado aos suportes mecânicos e eletrônicos da aeronave, para oferecer um serviço médico aos pacientes transportados, tendo a supervisão de médico e enfermeiro a bordo. O transporte aéreo é utilizado para reduzir o tempo de deslocamento entre as cidades por vias terrestres e agilizar a prestação de socorro aos pacientes mais graves.
Versatilidade
Além do transporte de pacientes graves, a Ciopaer atua dando apoio a Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE), aos patrulhamentos ostensivos da Polícia Militar do Ceará (PMCE) e em ocorrências de afogamentos, incêndios e buscas e salvamentos em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE). As equipes oferecem suporte em situações de cerco policial, com apoio aos policiais em solo, além de realizar monitoramento de pessoas e veículos suspeitos, agindo preventivamente no combate à criminalidade. Durante a pandemia, a Ciopaer também atuou levando doses de esperança à população cearense, quando transportar os lotes das vacinas contra a Covid-19 para todos os municípios do estado do Ceará.
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