CBP americano: A Ajuda que Vem do Céu
14 de outubro de 2014 11min de leitura
09 de maio de 2013 – Jeff Birks lembra-se com clareza do dia que ele recebeu um telefonema de urgência da equipe de Armas e Táticas Especiais (SWAT) do Departamento Federal de Investigação (FBI) em Salt Lake City/EUA para dar um suporte aéreo. Viajantes passando pelas montanhas perto de Cascade, em Idaho, tinham localizado James Lee DiMaggio. Ele havia sequestrado a adolescente Hannah Anderson da sua escola alguns dias atrás.
Birks é piloto de helicóptero e de aeronaves de asa fixa, além de paramédico para o Departamento Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos. A tripulação composta por três pessoas, com Birks como paramédico e líder da equipe tática, voou um Sikorsky UH-60 Black Hawk da CBP de Great Falls, em Montana, para Idaho ao encontro da equipe da SWAT que havia estabelecido um acampamento de base perto de Cascade.
A missão do UH-60 era transportar suprimentos assim como as equipes da SWAT para um local de pous nas áreas montanhosas. Uma aeronave AS350 AStar da Airbus Helicopters da base da CBP, em Spokane, em Washington, equipada com um potente sistema de imageamento térmico (FLIR), ajudaria na operação para resgatar Anderson e, possivelmente, na captura de DiMaggio.
Valiosas imagens aéreas do AStar e de uma aeronave de asa fixa mostravam que DiMaggio e Anderson estavam escondidos em uma área de acampamento remota em uma região acidentada em Frank Church Wilderness, o que apresentava alguns desafios operacionais para os helicópteros e as equipes de solo.
Na manhã do dia 10 de agosto, a Equipe de Resgate de Reféns do FBI de Quantico, em Virginia, chegou. Equipamentos de rádio foram carregados no UH-60 e uma estação repetidora foi instalada no topo de uma montanha próxima à área de acampamento para assegurar as comunicações entre o pessoal da aviação policial e do suporte aéreo.
Era hora de agir. O UH-60 voou dois grupos da Equipe de Resgate de Reféns (HRT) para um local de pouso em uma montanha a 4 km da área de acampamento. A equipe caminhou pela área e encontrou o suspeito, que se recusou a largar sua arma e disparou contra a equipe. DiMaggio foi morto logo em seguida e Hannah foi resgatada em um Bell 407 operado pelo FBI.
Este não foi o fim da missão para a tripulação do AStar liderada por Birks. Durante os próximos dias, eles apoiaram o deslocamento de diversas equipes de investigação para a área, situada a 7.800 pés.
“Foram voos de alto nível,” disse Birks. As equipes tiveram que executar pouso com apenas um esqui em um terreno rochoso e inclinado. Para deixar as coisas ainda mais complicadas, haviam vários incêndios florestais na área. Em um certo momento, o pilotos precisaram utilizar óculos de visão noturna (NVGs) pois a fumaça dos incêndios obscurecia a visão deles.
Birks é um dos muitos pilotos de helicóptero voando para a CBP, a agência de fronteiras unificadas dentro do Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Oficialmente, a CBP é a responsável pelo gerenciamento, pelo controle e pela proteção das fronteiras dos E.U.A. e portos de entrada oficiais. “Fornecemos ao Patrulhamento de Fronteiras 40.000 horas de voo por ano,” explicou Merton Cox III, diretor executivo do Escritório de Operações Aéreas e Navais. “Nós os ajudamos a acessar áreas que são de difícil acesso a pé e por veículo.”
Cox descreve a CBP como “a maior agência do mundo na área marítima e de aviação voltada para o cumprimento da lei”, com um pouco mais de 1.200 agentes federais, 257 aeronaves e 286 navios. A Unidade Aérea e Naval da CBP é apenas um dos três componentes de cumprimento da lei da CBP.
A unidade aérea responde a uma diversidade de missões para a segurança nacional, disse Cox, que vai desde o antiterrorismo, o suporte aéreo para o patrulhamento de fronteiras, até a realização de missões em zonas de origem e de trânsito na América Central e do Sul, de onde partem drogas ilegais para os E.U.A..
A Unidade Aérea e Naval da CBP trabalha em estreita colaboração com outras agências locais, estaduais e federais voltadas para o cumprimento da lei.
A unidade aérea da CBP tornou-se totalmente envolvida no caso Dorner há mais de um ano. Christopher Dorner, um ex-policial desonrado, participava de um tiroteio nos Condados de Los Angeles e Riverside, o que levou a uma grande perseguição envolvendo várias divisões locais, estaduais e federais voltadas para o cumprimento da lei.
Uma aeronave AS350 da CBP e uma aeronave de asa fixa Pilatus PC-12 foram usadas para ajudar a localizar o suspeito nas Montanhas de San Bernardino, fornecer suporte aéreo e guiar os responsáveis pela aviação policial em solo. A CBP também forneceu para a aviação policial “receptores portáteis,” unidades portáteis de visualização de links de comunicação, permitindo-lhes ver a imagem fornecida pelas aeronaves. A operação terminou no dia 12 de fevereiro, quando Dorner suicidou-se dentro de um veículo durante um confronto com a polícia.
Os helicópteros da CBP também foram usados para transportar a Agência Federal para a Gestão de Emergências (FEMA), o seu pessoal de emergência e fornecedores logo após o fim do furacão Katrina, no final de agosto de 2005, uma das tempestades mais destrutivas e caras que já atingiu a costa do Golfo.
As missões aéreas da CBP podem variar, observou Cox. A unidade aérea da CBP fornece a segurança do espaço aéreo para grandes eventos, como o Super Bowl, ou para proteger o Presidente dos Estados Unidos. A CBP fornece suporte aéreo para o FBI, para a Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF) e para a Administração de Controle de Dogras (DEA).
Dentro de sua frota de 257 aeronaves existem 110 aeronaves de asa fixa e 147 helicópteros. A frota de aeronaves de asa rotativa é dividida em duas classificações, helicópteros leves e helicópteros médios. A frota de helicópteros leves é composta por mais de 80 aeronaves AS350 e 19 helicópteros EC120. Esta frota é usada para realizar vigilância em apoio ao patrulhamento de fronteira. A frota de helicópteros médios é composta pelas aeronaves Sikorsky UH-60 Black Hawk, Bell UH-1 Hueys, Sikorsky S-76 e pelas AW139 da Agusta Westland. Segundo Cox, estas aeronaves são usadas principalmente em ambientes marítimos por causa de suas capacidades de alcance estendido.
A maioria dos pilotos de helicóptero da CBP vem das forças armadas dos E.U.A. por causa de sua formação especializada, tais como a instrução em NVG. Alguns pilotos da CBP vêm de operadoras comerciais que usam aeronaves de asa rotativa, como a PHI Inc. e a Era Helicopters.
Cox disse que a CBP procura por pilotos com licença de piloto comercial e certificados para voar IFR. O candidato deve ter 1.500 horas de voo no total, sendo que 250 delas devem ser como piloto em comando (PIC). Ele/ela precisa ter voado 100 horas nos últimos 12 meses e ter registrado 75 horas de voo noturno e 75 horas de voo por instrumentos, sejam reais ou simuladas. Experiência em aviação policial é desejável. [Cox, um piloto experiente, é um ex-policial militar e serviu como um policial estadual pela Polícia Rodoviária da Carolina do Norte. Ele iniciou sua carreira federal como Agente Especial/Piloto do Serviço de Pesca e Vida Selvagem em Anchorage, no Alasca.]
Todos os novos contratados passam por uma investigação rigorosa, incluindo um teste de polígrafo, para manterem-se empregados. Os pilotos passam por autorizações de segurança que se relacionam especificamente com o seu trabalho e com o local onde eles trabalham. Os novos contratados vão primeiro para o Centro Nacional de Treinamento Aéreo da CBP, perto da cidade de Oklahoma/EUA. Lá os pilotos de helicóptero são treinados em táticas específicas de vigilância e no funcionamento dos sofisticados equipamentos de sensores a bordo.
O fornecedor principal do treinamento é a empresa HeliStream, que está baseada em Costa Mesa, na Califórnia/EUA. É dela que os pilotos de helicópteros da CBP recebem as suas revisões de voo bienais e os treinamentos para os procedimentos de emergência. A verificação dos voos acontece em Washington.
Os pilotos devem passar por uma formação recorrente a cada ano (fornecedor), que inclua uma revisão do treinamento de emergência e as operações básicas de aeronaves. Depois que os pilotos voltam à estação, a CBP administra uma avaliação de proficiência e um treinamento de continuação, conforme necessário.
Os Serviços de Assistência da Defesa (DS2) são responsáveis pela manutenção, reparo e revisão geral (MRO) de toda a frota de aeronaves da CBP. Em um desenvolvimento relacionado, o Escritório Aéreo e Naval da CBP fez a entrega de seu terceiro helicóptero operacional Sikorsky UH-60L, como parte de um esforço de modernização de sua frota. A CBP está em processo de prolongar a vida das suas aeronaves, convertendo algumas UH-60A ao modelo UH-60 L. O esforço é parte do acordo interinstitucional que a CBP assinou com o Programa de Helicópteros Utilitários do Exército dos E.U.A. em 2008 para adaptar os helicópteros para as missões da CBP.
Os pilotos da CBP são descritos oficialmente como um grupo de elite de Agentes de Interdição Aérea, acrescentando que os pilotos também são altamente treinados e flexíveis para atenderem a uma variada gama de missões que ajudam a proteger o país.
Antes do 11 de setembro, a CBP era composta por duas organizações distintas. O Serviço de Alfândega dos E.U.A. fazia parte do Ministério da Fazenda do país. O Patrulhamento de Fronteiras era uma unidade do Serviço de Imigração e Naturalização (INS). O Serviço de Alfândega operava missões de interdição de drogas e fornecia suporte de vigilância, enquanto as aeronaves do Patrulhamento de Fronteiras eram utilizadas para a vigilância das fronteiras e das imigrações ilegais.
Após o 11 de setembro, quando formou-se o Departamento de Segurança Nacional (DHS), o governo juntou o legado das operações de aviação do Patrulhamento de Fronteiras dos E.U.A. com a Unidade Naval e Aérea da Alfândega dos E.U.A.. “Naquele momento, a nossa missão mudou e passamos a focar mais no terrorismo,” observou Cox. “O nosso treinamento também mudou, começamos a promover um conhecimento maior sobre o combate ao terrorismo.”
O programa de aviação da DEA desempenha um papel vital na prevenção do tráfico ilícito de drogas nos Estados Unidos. A sua Divisão de Aviação, sediada no Centro de Operações de Aviação em Fort Worth, no Texas/EUA, gerencia as operações de aviação da DEA.
A unidade aérea tem uma frota de mais de 90 aeronaves. Ela inclui diversos helicópteros monomotores e multimotores juntamente com aeronaves de asa fixa multimotores a jato e monomotores a hélice. Os Pilotos/Agentes Especiais da DEA registram cerca de 50.000 horas de voo anualmente, de acordo com a DEA. A maior parte do trabalho dos pilotos é em apoio aos esforços de interdição das drogas.
Enquanto a maior parte da frota está localizada nos Estados Unidos, algumas aeronaves da DEA são utilizadas para apoiar as suas operações internacionais no Afeganistão, na Colômbia, no Iraque, no Paquistão e no Peru.
A unidade aérea do Departamento de Estado dos E.U.A. tem uma frota de 176 aeronaves, incluindo cerca de 137 helicópteros. A unidade aérea foi formada em meados dos anos 80, sob acordos bilaterais, para conduzir operações de interdição e erradicação aérea nos países que produzem drogas. A unidade aérea do Departamento de Estado dos EUA baseia-se na Base da Força Aérea de Patrick, na Flórida/EUA.
Desde a sua criação, a unidade aérea do Departamento de Estado americano expandiu-se para além do movimento contra os narcóticos e passou a apoiar as embaixadas “em áreas de grandes ameaças com movimentos de passageiros e de carga onde a aviação comercial não é segura,” segundo o Representante das Relações Exteriores, Krystin B. Vermillion, do Escritório da Europa e Ásia da Agência de Narcóticos Internacionais e Assuntos de Cumprimento da Lei.
A unidade aérea do Departamento de Estado americano fornece operações de reconhecimento e vigilância, apoio logístico, evacuação médica, transporte de pessoal e carga, assim como erradicação aérea do cultivo de drogas, somente na Colômbia atualmente.
Fonte: Aviation Today/ Reportagem: Robert W. Moorman
Enviar comentário