HÉRLON LIMA

A utilização de produtos e partes disponíveis no mercado tem sido uma premissa recorrente utilizada pelas empresas em geral. Este conceito é aplicado como uma forma de minimizar os custos atrelados, principalmente, à pesquisa e ao desenvolvimento de novos produtos, com impactos na sua reposição e manutenção.

Aeronaves da categoria Commercial Off-The-Shelf (COTS) têm sido amplamente adquiridas e operadas como uma ferramenta eficiente nas ações de Segurança Pública. O helicóptero UH-72A Lakota se apresenta como uma recente e bem sucedida estratégia de aquisição realizada pelo U. S. Army para o cumprimento de missões militares, aproximadas em conceito das missões desempenhadas pela Aviação de Segurança Pública.

Figura 1 – Helicóptero UH-72A Lakota (EADS).

A opção por produtos da categoria Commercial Off-The-Shelf (COTS) tem demonstrado ser uma alternativa viável para o atendimento das necessidades de diferentes setores. Por definição, a tecnologia COTS está previamente disponível no mercado para suprir as demandas de uma grande variedade de clientes e as suas mais variadas peculiaridades.

A filosofia COTS atende também as mais particulares necessidades de missão, através da agregação de diversos acessórios. O Helicóptero Lakota é um exemplo de aeronave COTS, como na Figura 1.

Alinhado com essa tendência, o U.S. Army tem aplicado essa filosofia nas aquisições de aeronaves categorizadas como Light Utility helicopter (LUH). O projeto Lakota envolve a aquisição de 345 helicópteros até 2015, fabricados pela EADS, manufaturados sob a plataforma do Eurocopter EC-145. Atualmente, a EADS North America já entregou um total de 134 helicópteros UH-72A.

A versão militar desse modelo passou a se chamar UH-72A Lakota e o seu nome foi tomado emprestado de uma tribo indígena dos Estados Unidos, pertencente à nação Great Sioux., figura 2. Já se tornou uma tradição do U.S. Army nominar seus modelos de aeronaves baseados nas tribos indígenas nativas de seu país, como forma de homenageá-las.

Figura 2 – Acampamento da tribo Lakota Sioux (OLD-PICTURE, 2010).

Apenas para reforçar o conceito, as aeronaves da categoria LUH, segundo a doutrina do U.S. Army, são aquelas destinadas às missões de apoio, orientadas para a periferia do combate ou zonas com possibilidades remotas de confrontos diretos. Assim são entendidas as atividades envolvendo busca e salvamento, resgate, transporte aeromédico, comando e controle, combate ao tráfico de drogas, vigilância aérea, dentre outras ações.

A Aviação de Segurança Pública confirma a tendência de utilização de aeronaves COTS pelos organismos de Segurança Pública e de Estado como um todo, nos quais os recursos disponíveis são itens críticos de sistemas de compras. Princípios de economicidade e de responsabilidade fiscal seguem essa linha austera de redução de custos (por exemplo: os custos elevados que envolvem a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos aeronáutico) que passam a ser assimilados pela indústria em geral, motivada por fatores de mercado e não pela necessidade particular de órgão de Segurança Pública, que nesse caso seria o financiador do projeto.

Considera-se que a indústria aeronáutica está em constante busca de novos produtos e serviços, transmitindo o resultado de seus avanços rapidamente aos produtos COTS. Essa velocidade de transferência de avanços tecnológicos pode ser traduzida em maior confiabilidade, diminuição da carga de trabalho, facilidade de manutenção, maior disponibilidade para o emprego, maior efetividade operacional, elevada nível de segurança operacional aeronáutica, aumento de Survivability da aeronave etc.

A frota da aviação de Segurança Pública, ao redor do mundo, é composta em sua quase totalidade por aeronaves da filosofia COTS, a não ser por alguns exemplares originariamente excedentes do patrimônio militar [Surplus Aircraft], Figura 3.

Figura 3 – Helicóptero OH-58 Kiowa passado à disposição da Aviação de Segurança Pública.

Estes últimos foram projetados para serem aeronaves militares e existem exemplares de aeronaves excedentes que tiveram frustradas as tentativas de conversão para uma versão civil, após o término de sua vida útil no campo militar e sua transferência para um órgão governamental. A não conformidade no atendimento de alguns requisitos estabelecidos por Autoridades de Aviação Civil é um dos fatores que impedem a certificação civil de alguns modelos de aeronaves militares.

Desta forma, a opção pelo emprego de aeronave Commercial Off-the-Shelf (COTS) demonstra ser uma alternativa viável no cumprimento de missões ordinárias da aviação de Segurança Pública.

Nesta ótica, revela-se como um recurso amplamente utilizado pelas organizações integrantes do Estado na busca da gestão sustentável do emprego de aeronaves a seu serviço, balizada por três principais fatores críticos do sistema:

– Recursos limitados;
– Efetividade no cumprimento da missão, e
– Aderência de níveis aceitáveis de segurança operacional aeronáutica.