Acidente com avião Air Tractor do GOA do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro
29 de abril de 2010 7min de leitura
29 de abril de 2010 7min de leitura
O avião modelo monomotor de prefixo PR-EBM, “Bombeiro o1”, de combate a incêndios florestais do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, caiu por volta das 16h de terça-feira (27/04/2010) na Rua José Estevan da Mota, no bairro Santa Isabel, em Resende, pois não poderia ter usado o aeroporto municipal, que está interditado desde o dia 29 de setembro do ano passado. A afirmação foi feita por Nélio Silva Sampaio, coordenador operacional do aeroporto, que disse ter alertado o piloto do avião, o Major BM Jasper Sanderson, de 31 anos. O piloto morreu, juntamente com o Aspirante BM Guilherme Augusto Rocha Neto, de 28 anos, que serviam no Grupamento de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros. A declaração de Nélio foi dada em uma entrevista nesta quarta-feira à TV Rio Sul, afiliada da Rede Globo.
– Tive o cuidado de alertar o piloto. Fiz contato com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e com o Aeroporto de Jacarepaguá, no Rio, de onde ele decolou. Eles confirmaram que o piloto deveria ter ciência de que o aeroporto está interditado – disse o coordenador, explicando que nas duas cabeceiras há um “X”, o que indica a interdição da pista. – Não temos o poder de policiamento, só nos cabendo reportar ao órgão superior, que é a Anac”, acrescentou Nélio, em entrevista ao RJ TV, da TV Rio Sul.
Ainda de acordo com Nélio, a conversa com o piloto ocorreu cerca de uma hora e meia antes da queda do avião, na Rua José Estevan da Mota.
O comandante do grupamento de Resende, Ernani da Mota Leal, chegou a voar no monomotor pouco antes da queda. O avião, de fabricação canadense e o único da América Latina para combate a incêndios florestais, foi adquirido pelo Corpo de Bombeiros em 2002 e tinha capacidade para transportar três mil litros de água. A queda ocorreu depois de a aeronave voar apenas 300 metros além do aeroporto de Resende.
A Anac enviou um ofício à prefeitura de Resende no dia 29 de setembro anunciando a interdição do aeroporto. Segundo o documento, durante uma vistoria realizada nas dependências do aeroporto, técnicos da agência constataram falhas na cerca de arame em torno do local, o que motivou a interdição, por motivos de segurança.
De acordo com nota enviada pela Anac, após a realização das reformas solicitadas, a agência deverá fazer outra vistoria para verificar se podeá liberar o local. O aeroporto, ainda segundo a nota, está interditado para as operações de pouso e decolagem por um período de 180 dias contados a partir de 16 de setembro ou até que as adequações sejam feitas.
No dia seguinte ao aviso, a prefeitura avisou à agência sobre o projeto de construção do muro. Na época, a obra estava orçada em R$ 700 mil.
Os corpos dos dois bombeiros mortos foram transladados para o Rio, onde as vítimas moravam, e sepultados nesta quarta. O voo seria para reconhecimento da área no entorno do Pico das Agulhas Negras, no Parque Nacional de Itatiaia. A rota serviria para futuros treinamentos da corporação para combater incêndios florestais. O monomotor teria perdido altitude, pouco depois de levantar vôo do Aeroporto de Resende.
A aeronave havia saído de Jacarepaguá, no Rio, e pousou no Aeroporto de Resende, antes de decolar novamente e cair. Guilherme estava ansioso para voar e o sargento-bombeiro Castro, cedeu sua vez, para ele. O major e o aspirante foram carbonizados. As labaredas atingiram prédios de cinco andares de um condomínio próximo do local do acidente, aonde moraram 200 pessoas, mas ninguém se feriu. O fogo foi logo debelado.
Nesta quarta-feira, o coordenador da Defesa Civil de Resende, coronel Marco Resende, esteve novamente onde ocorreu queda do avião, assim como peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). Marco tranqüilizou os moradores alegando que as estruturas dos prédios não foram abaladas por causa do desastre. No final da noite de terça-feira, técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), da Aeronáutica, liberaram a retirada dos corpos fossem dos destroços.
De acordo com o coronel Antônio Augusto Walter de Almeida, do Cenipa, a Aeronáutica designou uma comissão de três investigadores para atuar no local do acidente. Eles vão colher informações técnicas, realizaram registros fotográficos, além de entrevistar moradores e testemunhas.
– Depois, será redigido um relatório de ações iniciais que deverá ficar pronto em 30 dias. Já o relatório final tem o prazo de até 12 meses para ser concluído – disse Antônio Augusto. – Nós trabalhamos de acordo com normas internacionais, e o nosso objetivo não é procurar culpados, mas sim trabalhar com diversas linhas de pesquisas para prevenir futuros acidentes aéreos. Depois dessa pesquisa preliminar, outras serão desenvolvidas com engenheiros, psicólogos, investigadores científicos. O motor e a hélice, bem como outras partes do avião, serão enviados para o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) de São José dos Campos (SP), a fim de serem analisados com profundidade. Serão feitas contas, medições, laudos de engenharia e, ainda, um perfil psicológico do piloto. Tudo isso vai ser investigado, e o relatório final vai ser publicado no site do Cenipa.
Ainda segundo ele, o piloto Jasper Sanderson fez um plano de vôo de decolagem do Rio de Janeiro por volta de 12h30m, e o avião era um monomotor agrícola da Air Tractor adaptado para o Corpo de Bombeiros. Sobre a hipótese de que o piloto teria desviado de um prédio para evitar um acidente maior, o coronel disse que ainda é muito cedo para se afirmar isso.
Os moradores do bairro Santa Isabel estão ainda muito abalados com o acidente. Entre eles está a arquiteta Andreza Heringer Tavares, moradora do primeiro andar de um apartamento do bloco 3. O local foi o mais afetado pelo fogo, provocado pela queda do queda do avião, que incendiou. Segundo ela, está até agora em estado de choque, a impressão era a de que estava estourando uma bomba dentro da sua casa.
– O estrondo foi ensurdecedor. Eu vi uma bola de fogo entrando pela janela. Eu não conseguia entender nada. Só deu tempo de arrastar a cama da minha filha de perto da janela para o colchão não pegar fogo e alastrar mais fogo pelo apartamento. Ela não estava em casa na hora, se estivesse no quarto não quero nem pensar. Depois que eu puxei o colchão, sai do apartamento gritando e chamando todos os outros moradores para saírem. Só fomos entender que era um avião que tinha caído na rua quando chegamos ao térreo do prédio – contou a arquiteta.
Até a manhã desta quarta-feira, a Rua José Estevan continuava interditada. Havia muita fuligem ainda, e os destroços do avião não tinham sido retirados. O comandante do 23º Grupamento de Incêndio de Resende, tenente-coronel Ernane Motta, acompanhou ontem o trabalho dos peritos. O militar disse que observou a aeronave perder altitude e testemunhou o esforço que o piloto fez para não bater em nenhuma residência. Motta classificou o ato do piloto como heróico.
Clique e CONHEÇA UM POUCO SOBRE O GOA/CBMRJ (Rota Aérea.com.br)
Fonte 1: Notícias sobre Aviação – Aviation News, postado por Jorge Tadeu da Silva
Fonte 2: Notícias sobre Aviação – Aviation News, postado por Jorge Tadeu da Silva
Fonte 3: Notícias sobre Aviação – Aviation News, postado por Jorge Tadeu da Silva
Fonte 4: Dicler de Mello e Souza (O Globo)
Fonte 5: Fotos e reportagem: Lucia Pires (Diário do Vale)
Fonte 6: Dicler de mello e Souza (O Globo)
Fonte 7: Folha Online
Nota: Foto do Air Tractor do GOA/CBMRJ em demonstração no Domingo Aéreo do MUSAL 2006/RJ, lançando água sobre o público, causando morte e feridos. Esta foto foi tirada da escotilha de um Hércules do 1º/1º GT que estava estacionado no fly line e publicada pela primeira vez na internet pelo Piloto Policial. Foto exclusiva: Roberto Caiafa, Jornalista Aeronáutico, e-mail: [email protected], http://caiafa.blogspot.com/
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