NÁDIA TEBICHERANE

Em tempos em que dar o fora no namorado pode significar o seu desaparecimento, a tenente da polícia estava super atenta. Aquele barzinho ficava próximo de casa e ela decidiu beber algo antes de dormir.

Um certo rapaz que se achava o máximo, muito impressionado com a beleza dela, decidiu abordá-la com a certeza de que iria se dar bem:

– Oi, posso sentar com você? – perguntou ele convencido.

Depois de um olhar minucioso, ela respondeu:

– Pode, desde que você não acenda esse cigarro que está tirando do maço.

– O cigarro pode esperar… – Ele disse repondo o cigarro no maço.

– Obrigada. – disse ela.

– O que você está bebendo?

– Vodca com frutas.

– Por favor, traga o mesmo pra mim. – Ele disse ao garçom que anotava.

Ajeitou o cabelo com todo cuidado, olhou para ela e disse:

– Sabia que você é uma mistura perigosa?

– Já estou me sentindo uma bomba de fabricação caseira…

Ele olhou surpreso e continuou:

– Bonita, inteligente, bem-humorada…

– Obrigada.

De repente, ele resolveu ser mais rápido e direto:

– Queria te levar daqui, te prender na minha casa e perder a noção do tempo com você…

– Seqüestro seguido de cárcere privado. Uma pena considerável.

– O quê? – Ele perguntou sem graça

– Que tal uma coisa mais simples e possível?

Ela faz a pergunta e nesse momento sua bolsa cai, se abre e um par de algemas escorrega para fora. Ele olha curioso enquanto ela recolhe tudo contrariada e ansiosa. Um sorrisinho malicioso aparece no rosto dele que pergunta:

– Você gosta desse tipo de …coisa?…

– Você nem imagina…eu vivo pra isso…

Animado com o rumo da conversa, o rapaz chega mais perto e no ouvido dela diz:

– Vamos a um lugar onde você possa usar isso comigo?

Sorrindo e levantando-se ela responde rápido:

– Demorou. O que nós estamos esperando?

Ele deu um pulo da cadeira e pensou “essa tá no papo”

Saíram do barzinho e para sorte da moça passava em frente ao estabelecimento uma viatura de patrulha. Para espanto total do rapaz, ela fez sinal para a viatura que parou. O sargento desce do carro, se aproxima de modo interrogativo. Ela se identifica e diz ao colega:

– Sargento, temos aqui um tarado muito interessado no uso das algemas.

O sargento pergunta sorrindo:

– O que podemos fazer para esfriar os ânimos?

– Acho que uma volta no quarteirão é o suficiente…

Nosso Don Juan assustado e mudo entra na viatura e tem uma nova visão do quarteirão…