ANDERSON SANTANA SILVA
Piloto Policial de Helicóptero
1° Tenente de Polícia Militar do Estado de São Paulo

Uma análise preliminar

Recentemente tive a honra e grata satisfação de realizar o treinamento Tactical Combat Casualty Care – PHTLS, promovido pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, por meio da Diretoria de Saúde em parceria com o Hospital das Clinicas e suporte do Comitê PHTLS, sendo supervisionado pela Dr.ª Júnia Sueoka, médica do GRAU, pelo equatoriano Luis Yépez, coordenador do curso, por Miguel Angel, do México e o Coronel Médico da Polícia Militar da Paraíba Fabio Almeida.

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O curso aprovado pelo Colégio Norte Americano de Cirurgiões faz parte do programa Pré Hospital Trauma Life Support (PHTLS), dos Estados Unidos, que prepara militares e agentes de segurança pública para atuação e atendimento pré-hospitalar em situações de conflito capacitando-os a auxiliar cidadãos ou companheiros em ocasiões de alto risco, ou até mesmo em caso de combate bélico, catástrofes naturais e atentados terroristas.

O curso surgiu no Brasil em 2011 para treinar equipes médicas, no entanto, percebeu-se a necessidade de capacitar também militares de polícia e demais integrantes do sistema de segurança pública que ao atuar em situações de alto risco podem carecer de assistência médica adequada por vezes retardada em decorrência das peculiaridades envolvidas no cenário de operações.

Com o treinamento o agente pode salvar sua própria vida por meio de intervenções simples que permitirão um tempo de vida maior, a manutenção do agente em ação e a chegada nas instalações hospitalares a tempo para um atendimento mais adequado.

Por meio desse treinamento o agente passa a conhecer as fases constituintes das ações de medicina tática em situações de alto risco e conforme os protocolos adotados aumentar suas chances de sobrevida e minimizar as sequelas que eventualmente possam ocorrer, reduzindo o número de vítimas.

Eventos recentes envolvendo aeronaves e agentes do sistema de segurança pública nos dão exemplos que enriquecem os argumentos defensores da expansão desse tipo de treinamento.

Em 2009 a aeronave Fênix do Grupamento Aeromóvel (GAM, antigo Grupamento Aéreo e Marítimo), unidade da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), foi abatida por traficantes durante operação na região do Morro dos Macacos em Santa Isabel, Rio de Janeiro, Brasil.

Dentre outros fatos semelhantes podemos encontrar diversos agentes mortos e feridos que poderiam ter aplicado os princípios do “Tactical Combat Casualty Care – PHTLS”, permitindo o autossocorro ou o atendimento pré-hospitalar de seus companheiros.

Fato é que o Brasil integra algumas missões de paz promovidas pela ONU como as promovidas no Haiti, Colômbia, Saara Ocidental, Sudão do Sul entre outras com a participação do Exército Brasileiro e militares de polícia das polícias militares estaduais.

Contudo, também se reconhece que atualmente vive-se no Brasil uma situação de violência interna em níveis endêmicos. Dentre as diversas intervenções dos órgãos de segurança pública resultam ações similares as que ocorrem em conflitos existentes em áreas declaradamente em guerra ou sob ameaça terrorista.

Como ferramenta do Estado na busca pela ordem pública surgem os órgãos de aviação de segurança pública a quem são atribuídas as missões de suporte aéreo nas mais diversas missões, partindo do patrulhamento aéreo, passando pelas ações aerotransportadas e as missões de evacuação, resgate e remoção aeromédica.

Não raras vezes os agentes de aviação de segurança pública se vêem inseridos nas zonas de conflito urbano ou rural, como também de catástrofes, sendo por vezes vítimas ou última esperança de seus companheiros vitimados.

O aeronavegante de segurança pública capacitado nos princípios do “Tactical Combat Casualty Care – PHTLS” torna-se um elemento eficaz na prevenção de mortes e redução de vítimas no cenário de conflito.

A capacitação do agente permitirá que ele próprio possa executar cuidados médicos pré-hospitalares em si mesmo caso seja vítima durante o cumprimento de suas missões, socorrer um companheiro ferido ou orientar outros agentes durante o atendimento pré-hospitalar.

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Formandos do curso