Rondônia – O helicóptero PT-HMW, que o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Poder Judiciário doaram para o Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia (CBMRO) pode ser considerado um presente de grego.

A aeonave que foi entregue ao Governo do Estado em concorrida solenidade festiva em 16 de fevereiro deste ano nunca operacionalizou, pois já chegou danificado, com revisões vencidas e, no momento, continua parado no Hangar do Governo do Estado, sem utilidade alguma.

Helicóptero doado ao GOA pelo Ministério Público do Trabalho nunca voou

O comandante do Grupamento de Operações Aéreas (GOA), capitão Philipe Rodrigues Maia Leite, disse que a aeronave que atenderia as comunidades ribeirinhas do Estado está ainda em manutenção. Já se passaram nove meses da ‘sucupiriana’ solenidade de entrega do helicóptero que ‘não voa’, com a presença do Governador, Procuradores do Trabalho, Juízes e outras autoridades.

“A aeronave saiu de Cuiabá e chegou a Porto Velho voando, mas, por medida de segurança e para cumprir as exigências da ANAC, o helicóptero está passando por uma extensa inspeção e manutenção. No dia 13 de setembro de 2016, foi assinado o contrato com a JPA para a recuperação do PT-HMW. A manutenção de uma aeronave não é algo muito simples, pois existem peças que precisam ser enviadas para o Exterior para que sejam inspecionadas as condições das mesmas, por isso é necessário certo tempo para que seja finalizada a manutenção”, justificou o capitão Maia, negando-se a dizer quanto já foi gasto com a tão demorada manutenção.

Questionado reiteradas vezes sobre os gastos com a recuperação do helicóptero, o comandante do GOA/CBMRO informou que o processo está em andamento e que a Corporação está buscando parcerias para o custeio da manutenção da aeronave.

Helicóptero doado ao GOA pelo Ministério Público do Trabalho nunca voou

Contraditoriamente, o capitão Maia afirmou que a aeronave não chegou com defeito, mas que “a mesma veio com manutenções preventivas e calendárias vencidas”. Aduziu, no entanto, que esse problema não prejudicou o translado da mesma até Porto Velho. Entretanto, desde que foi entregue no inicio de 2016, até hoje o PT-HMW continua em recuperação no Hangar do Aeroporto Internacional “Governador Jorge Teixeira de Oliveira”, nesta capital.

Adquirida junto à empresa Abelha Táxi Aéreo, por 450 mil dólares – o equivalente a R$ 1,1 milhão, em 2015, por indicação dos próprios bombeiros e com recurso oriundo de multa trabalhista a empresa. Nestes casos de compensação, não se sabe como foi feita a licitação para compra do helicóptero.

Pelo contrário, o mecânico da JPA, que veio para realizar a manutenção corretiva, está encontrando dificuldades para restaurar as pás do rotor principal, embora o comandante do GOA/CBMRO insista em que os aludidos equipamentos não estão condenados e que, por isso, o PT-HMW não corre o risco de virar sucata, mesmo com altíssimo custo de manutenção, não obstante estar parada e sem perspectivas de recuperação a curto prazo, o que, certamente, implicará em mais gastos infrutíferos, onerando o preço da aeronave usada.

Helicóptero doado ao GOA pelo Ministério Público do Trabalho nunca voou. Fotos: Ésio Mendes

“As pás do rotor principal não estão condenadas. Ocorre que o poliuretano do intradorso das pás do rotor principal está deteriorado. O poliuretano é uma borracha que inicia na ponta da pá e de forma triangular vai afinando até o ponto médio da pá na junção das duas chapas de inox da bordo de ataque. Todas as pás do rotor possuem essa borracha (poliuretano) na parte de baixo (intradorso). Devido à alta temperatura, esta borracha perde a rigidez, e a pintura começa a sair onde o poliuretano está deteriorado”, lamentou o capitão Maia, lembrando que o valor da manutenção preventiva é de R$ 889 mil, embora se saiba que já foram gastos mais do que isso, mesmo assim o helicóptero continue mofando no Hangar.

De acordo como comandante do GOA/CBMRO, “o preço tem por finalidade a manutenção preventiva e corretiva da aeronave e ainda a estada de um mecânico de aeronave da empresa, 24 horas por dia e 365 dias por ano aqui, em Porto Velho, para atender a demanda da mesma” (aeronave). O mecânico, que não quis se identificar, disse não saber quando os pás do rotor principal do helicóptero vão funcionar.

AVIÃO

Na última semana, uma licitação presencial fechou a compra de outra aeronave para o GOA. Desta vez, um Grande Caravan EX – Cessna ao preço de R$ 9.523.781,50 com capacidade de levar duas macas ou 11 pessoas. Em outros estados da federação, o governo está privatizando sua frota aérea, assim como faz com as viaturas policiais. Até o conhecido grupamento Águia de São Paulo já faz estudo de redução de custos, mas em Rondônia, caminha-se na contramão da eficiência e economicidade.

Fonte: RONDONIAOVIVO – CLAUDIO PAIVA.