Águias do Ciopaer encontram bandidos a quilômetros de distância, até no escuro
29 de maio de 2016 5min de leitura
29 de maio de 2016 5min de leitura
Mato Grosso – A integração entre Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil tem contribuído, e muito, para o combate à criminalidade na Região Metropolitana de Cuiabá. A ajuda vem do alto, com apoio de helicópteros e aviões, tripulados por policiais aptos a trabalhar tanto no resgate de pessoas quanto nas ações de repressão.
Atualmente com 70 profissionais, o Centro Integrado de Operações Especiais (Ciopaer), órgão ligado a Secretaria de Segurança Pública (Sesp), tem como comandante o tenente coronel Henrique Santos, policial militar e um dos mais experientes pilotos da tropa.
O Ciopaer tem ganhado destaque pela ajuda que prestou nas perseguições mais eletrizantes de Cuiabá e Várzea Grande e na localização de veículos roubados, que geralmente são abandonados em zonas de mata.
Segundo dados da Sesp, apenas um carro roubado foi recuperado com ajuda do Ciopaer nos três primeiros meses do ano passado. Nesse ano foram 30. Até este mês de maio já são 39 veículos localizados, quase o mesma quantidade que foi recuperada em todo ano de 2015, quando 40 carros roubados foram encontrados.
http://youtu.be/fF3tsCNAZlY
Segundo o comandante Henrique, a diferença é que o foco no ano passado não era buscar carros roubados. Além disso, um novo módulo, adotado recentemente, fez a pauta ganhar destaque.
“Nós trabalhamos com dois focos: ronda ostensiva nos bairros e prevenção de ataques em áreas periféricas. Não trabalhávamos com essa vertente, por isso agora temos o destaque nesse trabalho”, comentou.
Por ter uma visão privilegiada do alto, os integrantes do Ciopaer sempre fazem o trabalho de patrulhamento com três tripulantes, comandante e copiloto. Atualmente o Centro de Operações conta com três helicópteros e três aviões. Dois desses aviões foram conquistados no trabalho de combate às drogas.
“Dois aviões foram apreendidos em operações contra narcotraficantes. Eles não são usados em ronda, mas estão prontos para voar com policiais que precisam se deslocar de Cuiabá para atendimento de ocorrências em outras cidades. Além disso nossas unidades fazem remanejamento de presos e até suporte para outros estados”, conta o comandante Henrique.
Ao todo, 26 pilotos compõem a equipe do Ciopaer. Os outros integrantes são delegados, mecânicos e administradores do departamento. Em breve, 22 novos profissionais deverão reforçar esse quadro, com a conclusão do 5º Curso de Tripulante Operacional Multimissão (5º TOM-M).
Segundo a Sesp, desde o mês de agosto de 2015, o grupamento intensificou o patrulhamento ostensivo aéreo em Cuiabá e Várzea Grande, em horários e locais alternados, nos bairros com maior incidência de roubos e furtos. O objetivo, além da repressão, é mostrar maior presença da Segurança Pública de forma preventiva.
A equipe do HiperNotícias foi conferir de perto uma tarde de trabalho da equipe do Centro de Operações Aéreas, instalado no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande. Além do tenente coronel Henrique, quem nos recepcionou na visita foi o tenente coronel Wlademir Zanca, que há mais de duas décadas atua no Corpo de Bombeiros e há dez anos é piloto do Ciopaer.
“Um dos erros que a população acha aí fora é que o Ciopaer é só Polícia Militar. É preciso desmistificar isso, lembrando que aqui temos policiais civis, militares e Corpo de Bombeiros”, enfatizou Zanca, logo no início.
Questionado sobre qual trabalho lhe chamou mais atenção e traz mais orgulho, Zanca avalia que todo respaldo de salvamento de vidas é importante, porém o trabalho feito no Edifício Sunset Boulevard sempre ficará em sua memória.
“Lá resgatamos idosos, crianças, mulheres, fizemos rapel, usamos a cestinha para levar vítimas e, graças a Deus, nós tivemos um resultado bom, pois não tivemos nenhum óbito, apesar do grande susto”, comentou Zanca.
Ao apresentar o Águia 04, apelido dado ao helicóptero de plantão, Zanca afirmou que as aeronaves estão em ótimo estado, aptas a fazer rondas e resgates, quando são chamadas para fazer atendimento em locais de acidente. Atualmente as vítimas são trazidas para Cuiabá. O helicóptero pousa no Lar da Criança, onde uma ambulância já aguarda o paciente para remanejá-lo ao Pronto-Socorro.
A reportagem do HiperNotícias participou de um sobrevôo durante a ronda da tarde. Imediatamente o cabo Pacheco foi chamado para passar as instruções e subimos a bordo do Águia 04.
Com permissão da Torre de Controle do Aeroporto Marechal Rondon, o comandante Zanca deu início aos trabalhos. Uma viatura foi avistada no bairro Cristo Rei, menos de dois minutos após a decolagem, e a ronda já estava compartilhada. Como não havia nenhuma ocorrência na região, seguimos para Cuiabá.
“A vista daqui de cima é muito vantajosa. Conseguimos ver carros escondidos na mata e até criminosos que utilizam do mato alto para se esconderem. Nós damos apoio até os policiais que estão em terra chegarem e realizarem a abordagem”, detalhou o comandante.
Na porta da aeronave estava o cabo Pacheco. Armado e sempre atento, o policial até acenava para o lado de fora da viatura. Na tentativa de passar tranquilidade para a equipe, o policial ia passando algumas informações da ronda, mostrando lugares e até ouvindo chamados que o Ciosp fazia direto para o Águia.
A ronda terminou sem nenhum conflito. Na chegada, o comandante Zanca esse trabalho é importante mesmo quando não há ocorrências, pois a bandidagem fica inibida ao ouvir o barulho do helicóptero do Ciopaer.
Imageador Aéreo – FLIR
Considerado o que há de mais moderno no quesito de investigação, o Flir foi adquirido no período da Copa do Mundo e custou cerca de R$ 7 milhões. Ele detecta a radiação infravermelha emitida por objetos quentes, como veículos em movimento ou até mesmo pessoas.
“Quando o suspeito se esconde na mata ou em regiões de pouco acesso, jogamos o equipamento na região e conseguimos encontrar, devido ao calor do corpo humano”, frisou o coronel Henrique.
Não bastasse a visão infravermelha, o Flir ainda dá olhos de águia à equipe do Ciopaer, permitindo-lhes avistar os suspeitos a 10 km de distância. Outro detalhe importante é o manuseio. Para utilizar o Flir, os profissionais responsáveis deveriam treinar por seis meses. Em Mato Grosso, após a chegada do equipamento, os policiais já estavam operando em uma semana.
“Ele já foi utilizado na Copa do Mundo e também durante as grandes manifestações. No período noturno também fazemos a adaptação do aparelho e utilizamos nas rondas”, concluiu o comandante Henrique.
Fonte: Alan Cosme/HiperNoticias.
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