Pará – O GRAESP, Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Estado do Pará, é uma Organização de Aviação de Segurança Pública – OASP, responsável por toda atividade de aviação de Segurança Pública, Defesa Civil, Ambiental, Transporte de Passageiros e atendimento às políticas públicas do Governo do Estado do Pará.

Por tratar-se de uma Aviação de Estado, é diretamente subordinada ao Secretário Adjunto de Gestão Operacional da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Pará – SEGUP. Equiparada a uma Diretoria, tem sua atuação de forma integrada, composta por servidores da Policia Militar, da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado, além de servidores civis e contratados, em sua maioria com funções gratificadas e em cargos de confiança.

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O GRAESP hoje voa em média 3 mil horas de voo/ano, em todo o território do Estado do Pará, com uma frota de 09 (nove) aeronaves, sendo 04 H350 B2 “esquilo”, 01 H145, 01 H130 B4, 02 Aviões C208 Caravan e 01 King Air C90, distribuídos em 05 (cinco) bases: Belém, Redenção, Marabá, Altamira e Santarém, abrangendo hoje mais de 70% do estado em pronto atendimento.

O site Piloto Policial teve a oportunidade de entrevistar o TC PM RR Josilei Albino Gonçalves de Freitas, atual diretor do GRAESP.

Confira a entrevista:

Antes de assumir a diretoria do GRAESP, qual foi sua experiência na Aviação de Segurança Pública?

Josilei Gonçalves –  Sou oriundo da Polícia Militar do Distrito Federal – PMDF e entrei para a aviação de segurança pública em concurso interno na corporação em 1997, quando fui fazer o curso de piloto de helicóptero em escola de pilotos na cidade de Ipeúna-SP, passando a integrar, desde então, ao efetivo no antigo GOA/PMDF, hoje BAVOP. Sou um Fênix. Em 2001, participei da criação e implantação da aviação do IBAMA, acumulando experiência de voar em locais inóspitos e em região amazônica, onde pude conhecer diversas regiões do Brasil, entre elas o estado do Pará.

Já em 2007, fui convocado pelo Governo Federal, para compor uma força tarefa que daria apoio, na cidade do Rio de Janeiro, às ações de segurança pública, por ocasião dos Jogos Panamericanos de 2007, onde fiquei naquela cidade por um ano. Em 2008, com o encerramento das ações no Rio de Janeiro, fui convidado pelo então Diretor da Força Nacional de Segurança Pública, Cel Luiz Antônio e pelo Secretário Nacional de Segurança Pública – SENASP, Dr. Ricardo Balestreri para implantar a aviação da Força Nacional, na capital federal.

Durante o período em que estive no Governo Federal (2008/2011), tivemos a oportunidade de mostrar a importância da aviação de segurança pública e criar diversas políticas estruturantes para a atividade, entre elas a criação do CONAV – Conselho Nacional de Aviação de Segurança Pública, a entrega e distribuição de recursos federais para a aquisição de aeronaves e equipamentos, onde foram adquiridas cerca de 45 aeronaves aos diversos estados federados, implantação e criação da unidade aérea da Força Nacional, o CIOPAer do estado do Acre, do estado do Tocantins, da Polícia Militar do Amazonas, da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, além de apoio e reforço em diversos grupamentos aéreos pelo Brasil.

Em 2011, assumi o comando do BAVOP/PMDF, ficando a frente de minha unidade mãe por 01 (um) ano, deixando o comando em 2012. No início de 2013, passei para a reserva remunerada, com aproximadamente 4.000 (quatro mil) horas de voo em atividades de aviação de estado. Em maio de 2013 recebi o convite do Governo do Estado do Pará, na pessoa do então Secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Dr Luiz Fernandes, que estava desenvolvendo uma política de expansão da atividade no estado e precisava de uma pessoa experiente na área. O convite foi aceito por mim e me encontro à frente do GRAESP desde então, completando agora neste mês, três anos de minha gestão.

Acostumado a grandes projetos, também deixei um legado em minha cidade natal, Brasilia-DF, onde, antes de participar da aviação, desenvolvi, planejei e implantei, com com uma grande equipe e apoio governamental, o Projeto “Faixa de Pedestre”, hoje uma referência internacional em cidadania e inclusão social. Me orgulho muito disso e conto aos meus filhos e espero contar aos meus netos e bisnetos.

Depois dessa longa trajetória de sucesso, porque o GRAESP?

Josilei Gonçalves –  Em primeiro lugar pelo desafio de chefiar uma unidade aérea em região amazônica, tendo em vista, principalmente, suas dimensões territoriais e complexidade nas operações aéreas e em segundo lugar, pela oportunidade de poder contribuir com o estado do Pará, que vinha de dois acidentes aeronáuticos, e melhorar a sua gestão e capacidade de atender à demanda da população paraense, com segurança e profissionalismo.

Quais foram seus primeiros desafios a frente do GRAESP?

Josilei Gonçalves –  Acho que o meu primeiro desafio foi buscar uma maneira de acomodar os anseios e desejos de cada servidor que lá se encontrava, de forma integrada e colaborativa, levá-los a entender o que era melhor para o Estado do Pará, sua população e para o próprio GRAESP, alinhados, é claro, com a política estratégica governamental. Trabalhar em unidade integrada é uma tarefa que exige muita habilidade. Buscar a sinergia ideal em prol da coletividade é trabalhoso, pois são formações diferentes e interesses nem sempre coincidentes, mas como nosso trabalho é melhor servir, temos que o tempo todo buscar o consenso e um bom convívio, utilizando ferramentas de gestão, afinal nosso objetivo comum é salvar e proteger com eficiência.

Como é a organização do GRAESP?

Josilei Gonçalves – O GRAESP é uma diretoria, dentro da estrutura da SEGUP, subordinada ao Secretário Adjunto de Gestão Operacional – SAGO/SEGUP, que atua de forma integrada, composta por servidores da Policia Militar, da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado, atendendo a todas as demandas de aviação do Estado do Pará.

Como foi montar a equipe, considerando que é um Grupamento Integrado, congregando profissionais da PM, PC e CBM?

Josilei Gonçalves – Foi e ainda é uma tarefa complexa. Primeiro porque não levei qualquer equipe comigo, ou seja, não tive a oportunidade de montar a minha equipe, e sim reorganizar o quadro que já existia, dentro do perfil de cada um, para as funções as quais eram necessárias. Neste contexto, sempre temos aqueles motivados, aqueles desconfiados e aqueles que não querem um “estrangeiro” a frente da unidade. Mas com o passar do tempo, fomos mostrando que estávamos no caminho certo e começamos a crescer, do ponto de vista da operação, do profissionalismo e da gestão.

Como é liderar um grupo tão heterogêneo?

Josilei Gonçalves – Acho que o segredo é entender os anseios de cada um, de cada corporação (Policia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros Militar) e da política do governo. Exercitar a liderança é saber trabalhar em equipe, ser transparente e democrático, evitando a desconstrução da política organizacional e das decisões da Direção. Buscamos todo o tempo dar oportunidade para que todos desenvolvam suas habilidades e assim cresçam dentro e fora do GRAESP. Valorizar cada servidor como um indivíduo, diferente um do outro, dando atendimento personalizado, tirando o melhor de cada um.

O GRAESP possui ferramentas para manter o grupo unido e manter a segurança das operações em um nível aceitável?

Josilei Gonçalves – Sim. Temos uma Coordenação de Segurança Operacional para cuidar da Segurança de Voo e aplicar políticas de prevenção a acidentes. Temos um Comitê de Voo, instituído por decreto do Governador, o que dá legitimidade e credibilidade, além de ferramentas de gestão operacional, como é o caso de nosso ROA – Relatório de Operação Aérea, aplicativo virtual que a cada missão é confeccionado, via smartfone e o RELPREV também, via APP. Somente para ter uma ideia, nestes 3 anos, já voamos cerca de 10 mil horas de voo, sem qualquer incidente grave ou acidente. Acho que esta é a melhor ferramenta a se mostrar. Trabalhamos em equipe.

Já experimentaram no GRAESP algum acidente aeronáutico ou algo que pudesse contribuir para um?

Josilei Gonçalves – O Estado do Pará já passou por dois acidentes graves, com perdas materiais, e felizmente sem perda de vidas. E nestes 3 anos estamos sem qualquer incidente grave e acidente, nos dando uma maior responsabilidade na gestão e na operação, mas mostrando que estamos no caminho certo. Nossa operação é delicada e complexa, por tratar-se de voo amazônico, com infraestrutura de interior deficiente e condições climáticas adversas, exigindo um amplo planejamento e uma grande capacidade técnico-operacional.

O que fazem para manter a operação segura?

Josilei Gonçalves – Sem querer inventar a roda, seguir o estipulado em Procedimentos Operacionais Padrão – POPs, política de redução de acidentes, investimento em capacitação e treinamento das equipes, manutenção preventiva e rigorosa, e sintonia do efetivo em prol de um objetivo comum: A Segurança de Voo. Cada voo deve ser muito bem planejado e “breeffado”. O grau de consciência situacional deve ser elevadíssimo e constantemente renovado, com a utilização de ferramentas de prevenção e gestão.

Qual é maior investimento que o GRAESP já fez ou faz?

Josilei Gonçalves – Além do grande investimento feito pelo Governo do Estado do Pará na aviação de segurança pública nestes últimos 3 anos, com a aquisição de aeronaves e equipamentos, além da implantação de ferramentas de controle operacional e administrativo, dando a possibilidade de uma gestão sistêmica e transparente, considero que o maior investimento feito nestes 3 anos foi no recursos humanos, que é a nossa ferramenta mais valiosa: O HOMEM. Tivemos 90% do efetivo treinado e capacitado em algum tipo de serviço que fornece segurança ou mais eficiência à atividade aérea.

Formamos 07 (sete) comandantes, hoje temos 15 (quinze) comandantes com curso teórico e prático de IFHR, 6 (seis) pilotos em multi-IFR avião, 18 (dezoito) pilotos com algum tipo de treinamento no H145 (biturbina), investimento na formação e treinamento de mecânicos, operadores de caminhões tanque, tripulantes operacionais (formação e aperfeiçoamento).

A valorização do bom servidor é uma exigência interna e nessa valorização você encontra alguns que não possuem as competências desejadas pela organização, ou que seus perfis colidem com o trabalho em equipe, por exemplo. Buscamos sempre a melhoria profissional, mantendo nos quadros profissionais que aderem aos modelos de boa gestão e do trabalho em equipe. Hoje nosso quadro operacional é 100% gratificado e por isso, deve ser um servidor motivado e diferenciado dos demais serviços do estado.

Quais são os projetos do futuro para o GRAESP?

Josilei Gonçalves – O GRAESP não para. O desafio hoje é fazer uma gestão sóbria e otimizada, face a crise econômica e política que o país enfrenta, o que não é diferente no estado do Pará, mesmo sendo o único estado que não se encontra em recessão ou “falência”. Por se tratar de uma gestão complexa, levando ao Estado a operação de 09 aeronaves em 05 bases operacionais, mantendo a média de 3 mil horas ano, a gestão é convocada para o primeiro plano. Aliada a isso, e a consolidação dos projetos já em curso, temos hoje dois grandes projetos em andamento:

1 – A Reativação, Treinamento e Implantação da política operacional do Estado com a utilização de VANTs (Veículo Aéreo Não-Tripulados) nas ações do Sistema de Segurança Pública e Defesa Civil do Estado, além de ações ambientais, radiomonitoramento aéreo, aerofotometria, etc;

2 – A implantação do G.H.O.S.T – Grupo Helitransportado de Operações e Suporte Tático, onde buscará a disponibilização de uma tropa altamente especializada e treinada em técnicas de combate em locais urbanos, rurais e de difícil acesso, visando o combate aos assaltos de interior e “Novo Cangaço”, conjugando de forma mais estreita o emprego tático com o uso de aeronaves.

O nosso foco é a busca da excelência na gestão, operação e acima de tudo, prover à sociedade paraense o melhor serviço aéreo de estado do Brasil e quem sabe um dia, da América Latina.

“Operações Aéreas é o que somos, as asas do Estado, o socorro bem presente na hora da angustia, onde outros não podem chegar, esse é o lema do GRAESP”