Santa Catarina – Entre tantas ocorrências do helicóptero Águia 4, algumas se destacam pelo inusitado, dificuldades e pelo final feliz. Foi o que aconteceu no último dia 4 de março, uma sexta-feira chuvosa, com vento e visibilidade baixa. A equipe da 5.ª Companhia do Batalhão de Aviação estava de prontidão no aeroporto de Lages quando o Samu entrou em contato solicitando apoio para resgatar uma gestante na localidade de Cambará, interior de Bom Retiro.

Aguia02

MOMENTOS DE ANGÚSTIA

A comunidade, cercada por montanhas e distante 32 quilômetros do centro da cidade, estava isolada pelo transbordamento de um rio. O helicóptero se deslocou, mas a tripulação não conseguia visualizar do céu a mulher que em terra precisava de ajuda. A região foi sobrevoada por mais de uma hora à procura da vítima. Como o combustível no fim, a aeronave precisou retornar à base, em Lages. Neste momento, um sentimento de tensão se instalou tanto lá em cima como lá embaixo. “Eu conseguia ver e ouvir, mas eles não me enxergavam. Quando o helicóptero parou de sobrevoar a comunidade e foi embora, eu achei que seria o fim para a minha mulher e meu filho”, lembra o agricultor Amadeus Alves da Silva.

Aguia01

RELATO DA EQUIPE

“O tempo estava muito ruim, havia núcleos de chuva bem forte, o local era distante, a luz do dia estava acabando e tínhamos limitação de combustível. Era uma situação bem complicada”, recorda o tenente-coronel Luiz Eduardo Ardigó da Silva, comandante da 5ª Cia e piloto do helicóptero naquela ocasião. “Eu sabia que precisávamos voltar a Lages para abastecer, mas tínhamos que resgatar aquela mulher. Era a única chance dela e do feto. Então durante o voo perguntei ao comandante se havia alguma possibilidade de voltarmos, e de imediato ele concordou”, recorda o médico Ricardo Zeilmann, do Samu de Lages e que participou da operação.

Aguia03

SEQUÊNCIA DA OPERAÇÃO

Durante o abastecimento do helicóptero, o médico telefonou para Amadeus e pediu que o carro com a sua mulher grávida fosse posicionado em uma estrada onde fosse possível pousar o helicóptero e que fosse feita uma fogueira para ser vista do alto. E assim, mesmo com chuva, vento, visibilidade baixa e a luz do dia indo embora rapidamente, pois já era fim de tarde, o Águia 4 foi abastecido e levantou voo. Poucos minutos depois, o que todo mundo queria aconteceu, e a fumaça, um dos sinais mais primitivos da humanidade, foi vista pela tripulação.

Quando o helicóptero pousou e o atendimento foi iniciado, o médico do Samu constatou que Claudia Rodrigues, de 35 anos, já havia entrado em trabalho de parto.

Ela apresentava dores e sangramento, e atestada a sua condição clínica de viajar de helicóptero, foi transportada até a maternidade do Hospital Tereza Ramos, em Lages.

E no fim, deu tudo certo. O pequeno Alexander veio ao mundo por parto normal às 20h20min do sábado, dia 5 de março, e já na segunda-feira pela manhã, mãe e filho tiveram alta do hospital. O primeiro compromisso da vida do bebê foi ir até o aeroporto de Lages ao encontro dos policiais que o ajudaram a nascer e viver.

Fonte: Edson Varela – Informações e imagens compartilhadas pelo jornalista Pablo Gomes (ADR Lages)