Como urubus usam o ambiente e causam risco à aviação
26 de abril de 2015 2min de leitura
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Uma tese de doutoramento em Biologia/ Ecologia, apresentada ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), estudou o ambiente frequentado por duas espécies de urubus em Manaus (AM), os problemas da permanência dessas aves no ambiente humano (inclusive risco à aviação) e propostas de manejo.
O pesquisador Weber Galvão Novaes, durante seu estudo, contou com o apoio do Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA VII) e da Assessoria de Gerenciamento do Risco da Fauna do CENIPA.
O título do trabalho é Uso do habitat por urubus (Família Cathartidae Lafresnaye, 1839) em áreas urbanas e naturais em Manaus – Amazonas. Segundo as regras do INPA, a tese consiste na coletânea de três artigos científicos publicados em revistas internacionais de renome, com uma introdução e uma síntese conclusiva mostrando a relação entre os trabalhos e comprovando a tese que se quer defender.
Resumo
A expansão de áreas urbanas favorecem o estabelecimento e o crescimento de populações de algumas espécies de urubus (Família Cathartidae) em ambientes altamente antropizados.
Isto tem gerado conflitos com os seres humanos, como ataques a animais de criação, incômodo causado por ninhos e dormitórios e aumento significativo do risco de colisões com aeronaves.
No estudo foi mostrado: (1) como determinados componentes urbanos favorecem a ocorrência de urubus-de-cabeça-preta (Coragyps atratus) e urubus-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura); (2) os fatores ecológicos que influenciam a seleção de dormitórios comunitários por urubus-de-cabeça-preta; e (3) o uso de fontes artificiais de calor como auxílio de voo por urubus na área urbana de Manaus, Amazonas, Brasil.
Os resultados demonstraram claramente dois padrões de uso do habitat por essas duas espécies de urubus. Urubus-de-cabeça-preta estavam associados a componentes que fornecem grande quantidade de alimento, tais como lixeiras e riachos (igarapés) poluídos. Por outro lado, urubus-de-cabeça-vermelha estavam altamente associados aos remanescentes florestais, porém evitaram locais com grande concentração de urubus-de-cabeça-preta (ex. feiras-livres).
A seleção de locais para uso como dormitórios por urubus-de-cabeça-preta também foi diretamente influenciada pela proximidade de áreas onde há grande oferta de alimento. Outro interessante resultado, relacionado à ecologia comportamental, foi a demonstração do uso do calor liberado por chaminés de usinas termelétricas como um artifício para ascensão do voo por urubus, auxiliando o movimento dessas aves entre dormitórios e locais de alimentação, bem como aumentando o tempo de atividade diária delas.
Com base nos resultados é possível sugerir medidas de manejo que minimizem os problemas causados pelos urubus. As medidas de manejo para urubus-de-cabeça-preta devem se concentrar nas estruturas que oferecem grande oferta de alimento (como substituição de lixeiras abertas por lixeiras com tampa e revitalização de igarapés), enquanto que as ações voltadas para urubus-de-cabeça-vermelha podem ser concentradas nos locais em que estes causem problema (ex. ambientes aeroportuários) através da retirada de carcaças de animais. Medidas de manejo como o bloqueio de acesso a poleiros, remoção de ninhos e medidas de inquietação podem ser utilizadas para ambas as espécies nos locais que eles utilizam para nidificar e/ou como dormitórios.
Fonte: Cenipa.
Foto: Luiz C. M. Rocha
Acesse o trabalho completo (PDF abaixo):
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