Onde está a psicologia na investigação de acidentes aeronáuticos?
20 de dezembro de 2014 1min de leitura
20 de dezembro de 2014 1min de leitura
De acordo com dados estatísticos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), a falha humana está entre os fatores que mais contribuíram para acidentes aeronáuticos nos últimos 10 anos no Brasil.
A participação de um psicólogo nas atividades de investigação de acidentes aeronáuticos constitui-se em uma importante contribuição para um enfoque sistêmico, onde a atenção não está apenas no piloto, mas também em todo o contexto em que está inserida a atividade aérea.
Após a ocorrência de um acidente aeronáutico é constituída uma Comissão de Investigação de Acidente Aeronáutico (CIAA) formada por profissionais qualificados pelo SIPAER que analisam o acidente sob três fatores: material (aborda o projeto e a fabricação da aeronave),
operacional (relativo ao desempenho dos operadores na atividade aérea) e humano (no aspecto fisiológico e psicológico).
A partir de informações preliminares sobre o acidente, o psicólogo organiza seu trabalho, baseando-se na formulação de perguntas como: quem entrevistar? Em que momento? Onde? Como?
A coleta de dados é iniciada logo após o acidente. São realizadas entrevistas específicas, a partir de um roteiro flexível conforme o perfil de cada entrevistado, em local reservado e apropriado para o diálogo. O trabalho inclui consultas a documentos e legislações pertinentes. É preciso fazer o diagnóstico da situação, fundamentado nos dados colhidos, o qual busca esclarecer os múltiplos arranjos entre os condicionantes individuais, psicossociais e organizacionais que ao longo do tempo favoreceram a ocorrência do acidente. Por último, o psicólogo trabalha na formulação de hipóteses explicativas dos fatores psicológicos que contribuíram para aquele cenário do evento.
A participação da psicologia na investigação de acidentes aeronáuticos contribui diretamente para a melhoria da segurança de voo, pois acrescenta ao mundo técnico e normativo da aviação a sua dimensão humana na interação do homem com os diversos sistemas, bem como a troca entre especialistas de diferentes áreas, gestores e operadores, no desafio permanente pela segurança operacional da aviação.
Fonte: Informativo SERIPA V – 2014 – Nº 1
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