Operadora francesa de emergência médica diz que uso de piloto automático é “perigoso”
20 de agosto de 2014 2min de leitura
20 de agosto de 2014 2min de leitura
A operadora de helicópteros de Emergência Médica (EMS) Mont-Blanc Hélicoptères (MBH), que perdeu recentemente a licitação de um grupo de hospitais na França, entrou com uma ação judicial contra o grupo por razões técnicas, alegando que algumas das exigências eram impertinentes. Mais especificamente, a estipulação por um piloto automático, que comprometeria a segurança, segundo Yannick Métairie, diretor geral da MBH. Métairie declarou que considera o piloto automático um sistema “perigoso”.
“As exigências técnicas emitidas pelo hospital Dreux [o qual solicitou a licitação] foram além das exigências das autoridades de aviação civil, como a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) e a Direção-Geral da Aviação Civil da França, assim como das diretrizes do ministério da saúde,” contou Métairie. Ele argumentou que “80 porcento da frota da França” não vai de encontro à exigência de um piloto automático porque, até o momento, a estipulação tem sido por apenas “um sistema de aumento de estabilidade (SAS) ou um piloto automático”.
Ele objetou contra a exigência de um piloto automático, insinuando que isto era “uma ação de lobby” das fabricantes de helicópteros. “O piloto automático e os aviônicos que o acompanham aumentam o peso da aeronave em aproximadamente 68 quilos,” disse. Ele ainda declarou que alguns pilotos tendem a confiar demais no piloto automático ou não possuem capacidade suficiente para utilizá-lo.
Para apoiar as suas reivindicações, ele citou um relatório de 2013 da Agência Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos que, segundo ele, confirma que a automação é uma das principais causas de acidente. Contudo, este relatório refere-se a aviões e deixa claro que, enquanto há vulnerabilidades na forma como os pilotos usam o piloto automático, “sistemas automatizados contribuem significativamente para melhoras na segurança”.
A EASA também não concorda muito com Métairie. “Um piloto automático ou, ao menos, um SAS é altamente recomendável, pois permite ao piloto, em uma situação de emergência, recuperar o trajeto e a altitude da aeronave por um período de tempo, enquanto ele se concentra no problema,” contou Jean-Marc Sacazes, especialista em adequação operacional.
Já a porta-voz do Departamento de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil (BEA), o equivalente francês ao Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), disse que nunca viu, em lugar algum na Europa, uma recomendação ser feita baseada no uso inadequado de automação.
Nicolas Letellier, um dos oficiais do hospital responsáveis pela licitação e presidente da associação de usuários de HEMS, explicou que da mesma forma que os freios ABS tornaram-se padrão em carros, o piloto automático também tornou-se um equipamento padrão em helicópteros bimotores leves.
Fonte: Aviation International News/ Reportagem: Thierry Dubois
Enviar comentário