Tripulações rejeitam o resgate de pacientes pesados nos EUA
26 de agosto de 2013 5min de leitura
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Para um paciente de 202kg (446 lbs) do Novo México, ter um ataque cardíaco não foi a pior coisa que aconteceu no mês de abril passado. O paciente estava sendo rejeitado pela tripulação do helicóptero de resgate, porque a vítima era “grande demais” para ser transportada.
“É um problema, com certeza”, disse Craig Yale, Vice-presidente de Desenvolvimento Corporativo da Air Methods, um dos maiores operadores de transporte aeromédico dos EUA. “Podemos chegar a um local e achar que o paciente é pesado demais para que possa ser transportado.”
Cada vez mais, a quantidade de pacientes que precisam de remoção aérea que ficam em solo está crescendo nos Estados Unidos da América, diz Yale e outros operadores. Estima-se que uma média aproximada de 5.000 pacientes super-dimensionados por ano – cerca de 1% dos mais de 500.000 voos aeromédicos por ano nos EUA – para que o transporte seja negado os pacientes devem exceder o limite de peso e de tamanho ou quando eles não podem ser embarcados através das portas da aeronave.
Especialistas dizem a respeito da população “plus-size” do país (pelo menos dois terços da população adulta está com sobrepeso ou obesa), que agora estão forçando prestadores de serviços médicos de emergência para reforçarem as suas frotas, comprando helicópteros maiores e aeronaves de asa fixa, ou correrão o risco de deixar os clientes criticamente enfermos e feridos para trás.
Apenas na última primavera, os registros mostram que pelo menos outros três pacientes da Air Methods foram recusados, incluindo uma vítima de 209 Kg (460 lbs) do Texas que não conseguia respirar; um paciente do Arizona com 201 kg (444 lbs) com abscessos graves e celulite; e um paciente de 102 Kg (225 lbs) do Arizona, que tinha uma infecção grave, que não puderam ser transportados pelos “helicópteros ambulância”.
Em tais casos, a outra opção é ir de ambulância terrestre, o que pode levar o dobro do tempo, e muitas vezes em situações onde cada segundo conta. Um estudo de 2011 do Journal of Academic Emergency Medicine descobriu que os pacientes transportados pelos helicópteros aeromédicos tinham um terço menos probabilidade de morrer do que aqueles transportados por terra.
“Claramente, alguém que está sangrando ou alguém que você não possa controlar o sangramento, eles têm que chegar lá”, disse o Dr. David Thomson, um professor de medicina de emergência da Brody School of Medicine da East Carolina University e um membro da Associação de Serviços Aeromédicos.
Se não for possível transportar por meio aéreo, as equipes de funcionários altamente treinadas que organizam os voos, vão transferir os pacientes para ambulâncias terrestres, para garantir o contínuo alto nível de cuidados intensivos.
Recusar pacientes pesados não é uma ocorrência regular, mas isso acontece com tal frequência que faz com que os tripulantes mantenham ferramentas de medição à mão para estes casos, disse Thomson.
“Houve alguns casos em que a tripulação foi para o hospital medir o paciente, em seguida, medir o túnel de entrada da aeronave e disse: ‘não, esse paciente não vai na aeronave’.”
Os limites de tamanho para os pacientes podem variar muito, dependendo dos operadores de transporte médico, os tipos de aeronave, até mesmo as condições meteorológicas do dia. No Airlift Northwest perto de Seattle, as equipes começam a se preocupar com qualquer paciente que seja mais pesado do que 113 kg (250 lbs) e mais largos do que 66 centímetros (26 pol.) de diâmetro, disse Brenda Nelson, a Enfermeira Chefe de Voo da empresa.
Mas, outras empresas de transporte lidam rotineiramente com pacientes que pesam entre 159 kg (350 lbs) e 181 kg (400 lbs) ou mais. No Sistema de Saúde da Universidade de Duke, os funcionários com o Life Program compraram recentemente dois novos helicópteros Eurocopter EC-145, a um preço entre US $ 8 milhões e US $ 10 milhões, em parte, para que eles pudessem lidar com pacientes com até 295 kg (650 lbs).
“Para praticamente todo mundo no estado, houve situações em que o paciente era muito grande”, disse Barbara Willis, Diretora de Operações Clínicas da Life Flight. Antes de chegarem as novas aeronaves, os pacientes da Duke Life Flight foram limitados a uma circunferência abdominal de 44 polegadas (112 cm), disse ela. “Agora, nós realmente não precisamos nos preocupar”, acrescentou Willis.
Os pilotos, também, tem que pesar os riscos dos pacientes “plus-size”, equilibrando peso da vítima e a influência no peso e balanceamento da aeronave, para a poder decolar com segurança. A força de sustentação que permite que aviões e helicópteros possam voar, varia de acordo com a densidade do ar. Ar mais denso produz maior sustentação e menor densidade do ar diminui a sustentação. O ar se torna menos denso com as temperaturas mais altas e quando a pressão barométrica cai. “Se você tem um dia realmente quente e úmido, não pode levantar o mesmo peso do que em um dia frio e seco”, diz Thomson.
Assim, quando um paciente relata que pesa 113 kg (250 lbs), e na verdade pesa em torno 159 kg (350 lbs), as equipes de emergência têm um dilema. Mesmo que eles voem cerca de 15 minutos para queimar combustível, ainda assim eles podem não ter potência suficiente para o decolar.
“Está definitivamente se tornando mais um problema”, disse Thomson, que vê pacientes no Centro Médico Vidant em Greenville, Carolina do norte. “Todo o espectro de serviços de pronto-socorro, tanto serviços aeromédicos quanto de socorro em terra, são afetados quando você tem esses ‘grandes’ amigos.” A solução, é claro, requer uma mudança na sociedade, incluindo o reconhecimento de que os efeitos da obesidade vão além de doenças cardíacas e diabetes até o acesso básico a cuidados de emergência.
Isso está particularmente claro para Craig Yale, Executivo de 57 anos da Air Methods, que recentemente perdeu 57 kg (125 lbs) depois de passar por uma cirurgia gástrica para perda de peso. Dezoito meses atrás, quando pesava 152 kg (335 lbs), Yale percebeu que ele podia não caber em uma aeronave da sua própria empresa. “Não passou pela minha cabeça”, disse ele.
Hoje, ele não teria nenhuma dificuldade. Mas Yale disse que se preocupa com os outros, que podem não perceber que tanto peso extra poderia ameaçar suas vidas, e não apenas com a doença, mas com atrasos em caso de emergência. “Eu encorajaria qualquer um a fazer o que puder para ser saudável”, disse ele.
Fonte: Asa Rotativa – NBC News
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