O emprego de aeronaves na Guerra do Contestado (1912 a 1916) e a convivência com os pioneiros da Aviação Militar do Exército Brasileiro, dentre eles o Tenente Ricardo Kirk, aguçou no efetivo da Polícia Militar do Paraná (PMPR) o desejo de adquirir seus próprios aeroplanos.

Em 1916 Santos Dumont veio ao Paraná e visitou Foz do Iguaçu, Guarapuava, Ponta Grossa e Curitiba; tendo sido recebido pelo Presidente do Estado.

Surgiu então, na Sociedade Beneficente e Recreativa dos Oficiais Inferiores,[1] atual Sociedade Beneficente dos Subtenentes e Sargentos (SBSS), a ideia de abrir uma subscrição para a coleta de donativos para a compra de um avião.

No início de 1917 a proposta foi endereçada ao Comandante-geral do Regimento de Segurança (PMPR), que deu o “Concordo”, e encaminhada ao Presidente do Estado, Affonso Alves de Camargo, que deu o “Autorizo”.

Em abril do mesmo ano foi formada uma Comissão de Sargentos, constituída pelo Sargento Ajudante Estácio dos Santos, e os Primeiros Sargentos: João Mateck, Oscar de Barros, João Dohms, Laurindo Olegário Dias, Orestes Fernandes dos Santos e Higino Perotti, para o recolhimento das doações. Todo valor arrecadado passou a ser publicado nas Ordens do Dia da Corporação; e em janeiro de 1918 já se havia obtido a quantia de Dezoito Contos de Réis, o suficiente para a compra de uma aeronave.

Na época os jornais informavam que o aviador Elígio Benini, no Rio de Janeiro, oferecia um aeroplano à venda. Foi então designado o Sargento Perotti (especialista mecânico) para viajar até o Rio, e verificar as condições da compra e do aparelho. A oficialização da aquisição entretanto, foi feita pessoalmente pelo próprio Comandante-geral, Coronel Fabriciano do Rego Barros.

Batismo da aeronave

Em 6 de janeiro de 1918 o avião chegou a Curitiba, e em 1 de fevereiro foi testado o funcionamento de seu motor; tendo sido realizado um pequeno voo de cinco minutos para teste, e às escondidas, para não estragar a festa de batismo.

O batizado do aeroplano foi realizado em 17 de fevereiro, pela Sra. Etelvina Rebello de Camargo, Primeira Dama do Estado, que em homenagem à iniciativa dos Oficiais Inferiores, deu à aeronave a denominação de Sargento. Em seguida foi fixa à sua lateral uma faixa com a designação, e sob os acordes da Banda de Música, o piloto Luiz Bergmann decolou e lançou mensagens de agradecimento à população.

Primeiros pilotos e a segunda aeronave 

Como prêmio pela iniciativa, o Comandante-geral escolheu dois sargentos para realizarem o curso de pilotagem na Escola de Aviação Naval da Marinha Brasileira; tendo sido escolhido o Primeiro Sargento Higino Perotti, do 1° Batalhão de Caçadores, e o Segundo Sargento Miguel Balbino Blasi, do Companhia de Bombeiros Pontoneiros, ambos da Força Militar do Paraná (PMPR).

A Marinha procurava estimular o interesse pela aviação, e em 1919, na cerimônia de formatura desses sargentos, o Almirante Gustavo Antônio Garnier pessoalmente lhes entregou o certificado de conclusão do curso, e como incentivo fez a doação de mais uma aeronave para a Corporação.

Escola Paranaense de Aviação

Como a compra do aparelho se deu pelo apoio de toda comunidade, o então Comandante-geral decidiu que os benefícios dessa aquisição deveriam se estender a todos. E ainda em 1918 reuniu-se com o Comando do Exército no Paraná, para juntos criarem uma escola de aviação com o objetivo de promover o ensino da aviação militar.

Em 24 de março de 1918 foi oficialmente criada a Escola Paranaense de Aviação. O primeiro Conselho Administrativo foi composto pelo Tenente-coronel Benjamim Augusto Lage da Força Militar do Estado (Presidente); Major Félix Merlo do Exército Brasileiro; Capitão Braúlio Virmond de Lima do Tiro Rio Branco (Tiro de Guerra); Doutor Ildefonso de Assumpção (civil); Capitão João Alexandre Busse da FM; e o piloto Luiz Bergmann (Diretor-Instrutor).

A primeira Sede Administrativa foi no quartel da Companhia de Bombeiros Pontoneiros; e o hangar e a pista de pouso e decolagem eram no atual bairro do Portão. Em seu primeiro curso foram inscritos os Capitães Waldemar Kost e João Alexandre Busse; os Sargentos João Dohms, José Scheleder e Tancredo Martins de Oliveira; e o civil Sr. Geraldo Zanicotti.

Em 5 de julho de 1927 um incêndio destruiu as aeronaves. E após a Revolução de 1930 as Forças Militares dos Estados, atuais Polícias Militares Estaduais, ficaram proibidas de possuírem aviação.

Em 9 de janeiro de 1932 foi criado o Aeroclube do Paraná.

Aeronaves da Escola Paranaense de Aviação:

• Morane-Borel I – Sargento
Monoplano biplace (em tandem) com comando único;
Motor Gnome – 7 cilindros e 80 HP;
Comprimento – 8,35 m;
Envergadura – 11,65 m.

• Morane-Borel II
Monoplano biplace (em tandem) com comando duplo;[4]
Motor Luct – 9 cilindros e 120 HP;
Peso vazio – 270 kg;
Autonomia – 4 horas;
Comprimento – 8,35 m;
Envergadura – 11,65 m.

CAER – Centro de Operações Aéreas

Em 2002 foi criado no Paraná o Centro de Operações Aéreas (CAER), diretamente subordinado à Secretaria de Segurança Pública, conjuntamente constituído por efetivo da Polícia Militar e Polícia Civil.

O CAER tinha por finalidade a execução de operações aéreas policiais e de resgate, de acordo com as missões institucionais da Polícia Militar e Polícia Civil do Estado do Paraná; podendo ainda atuar na Defesa Civil, quando determinado pelo Governador do Estado.

Estrutura administrativa

• Coordenação;
• Sub-coordenação;
• Divisão de operações e instrução;
• Divisão de segurança de voo;

A função de Chefe da Divisão de Segurança de voo cabia ao membro do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER), preferencialmente credenciado como Oficial de Segurança de Voo (OSV) ou Agente de Segurança de Voo (ASV).

• Divisão de apoio administrativo e financeiro;
• Divisão de manutenção e suprimentos;
• Divisão de comunicação social;
• Conselho operacional de voo.

Com a missão de avaliar o desempenho das equipes de voo, o planejamento das atividades aéreas e a doutrina do Grupo.

Aeronaves do CAER

Foram adquiridos dois helicópteros Bell 206L4 Jet Ranger, devido permitirem transportar sete pessoas. Dessa forma podia ser usado pelo Corpo de Bombeiros no resgate de feridos pelo SIATE ou, eventualmente, no transporte de uma equipe de operações especiais. As aeronaves foram designadas como: Gralha 1 e Gralha 2, em homenagem à gralha-azul, ave símbolo do Estado do Paraná.

Em 2002 as Gralhas foram pintadas na cor cinza. Entretanto, devido ao baixo contraste apresentado, foram repintadas em 2003, na cor laranja com listras pretas.

Em junho de 2003 o CAER foi dissolvido. A PMPR ainda tentou realocar as aeronaves e propôs a constituição de um Esquadrão Aéreo (ESAer). Entretanto o projeto não foi aceito e as aeronaves (locadas) devolvidas. Em 2005 foi oficializada a extinção da CAER.

Serviço Aeropolicial

Desde 1992 a Seção de Transporte Aéreo já operava com dois helicópteros Bell 206 B3 (Falcão I e Falcão II). Essas aeronaves foram adquiridas para uso do governo estadual, mas também atuavam em atividades de segurança pública. Mesmo durante a existência do CAER esses helicópteros permaneceram independentes, empregados basicamente no acompanhamento a ocorrências policiais e transporte de guarda-vidas na temporada de veraneio (Operação Verão).

Em 2009 foi adquirido mais um helicóptero (Helibrás EC 130 B4) para operar nas mesmas condições dos outros dois aparelhos; além de servir também para transporte de feridos pelo SIATE, pois a sua configuração possui mais conforto e espaço.

Em junho de 2010 foi instituído o Serviço Aeropolicial, subordinado ao Chefe da Casa Militar. A missão do Serviço Aeropolicial era, além de dar apoio ao governo federal, estadual e municípios, realizar ações de defesa civil, operações policiais, resgates, buscas e salvamentos terrestres e aquáticos, e atendimento pré-hospitalar (SIATE).

Brasão GRAER Paraná

Grupamento Aeropolicial – Resgate Aéreo

Em outubro de 2010 o Serviço Aeropolicial foi transformado em Grupamento Aeropolicial – Resgate Aéreo (GRAER) e passou a subordinar-se ao Subcomandante-geral da Polícia Militar do Paraná. O GRAER está sediado em Curitiba, no Hangar 23 do Aeroporto do Bacacheri, mas o Comandante-geral da PMPR está autorizado a também criar bases operacionais no interior do Estado. Com a criação do GRAER, passaram para sua responsabilidade as aeronaves de asas rotativas pertencentes ao STA, com suas respectivas tripulações militares.

Missão do GRAER

• A missão do GRAER é o apoio aéreo no policiamento ostensivo, no socorrimento público, nas ações de defesa civil, nas ações e operações policiais militares e bombeiros militares, no apoio a órgãos federais, estaduais e municipais em todo território nacional, em missões de segurança pública e/ou de defesa civil, no transporte de autoridades e em todas as demais ações de preservação da ordem pública, conforme diretrizes do Comandante-geral.

• As atribuições, estrutura, competências e responsabilidades orgânicas e funcionais do GRAER, bem como as normas de operação, segurança, formação e treinamento de pessoal especializado, serão previstas em regulamento próprio, aprovado pelo Comandante-geral, mediante proposta do Comandante do GRAER, observadas as disposições do decreto de sua criação.

• Todos os assuntos relativos à aquisição, locação, manutenção e assessoramento a respeito de aeronaves de asas rotativas no âmbito da Polícia Militar, serão de competência da Polícia Militar do Paraná, com o assessoramento do Comandante do GRAER.

• Outras aeronaves, a critério do Chefe do Poder Executivo, poderão integrar o GRAER, para missões estabelecidas no decreto de criação (do GRAER).

Fonte: PMPR