Uberlândia, 05 de maio de 2013, 13hs, início de mais um turno de serviço na 2ª Cia de Radiopatrulhamento Aéreo, preparados e ativados para a cidade de Uberlândia por meio do Copom, recebemos uma ligação do Comandante da Cia dizendo para acionarmos, prepararmos para mais uma missão em outra cidade.

Cronica

A missão, a busca de uma pessoa perdida no meio do mato. O detalhe é que esta pessoa tinha 33 anos e que era um autista, com deficiência de locomoção, falar e escutar. Uma missão nada fácil, mas a nós nos foi dada missão e fomos cumpri-la da melhor maneira possível. Uma oração no trajeto da viagem de 139 milhas náuticas (257 km) até o destino. Chegamos ao local e recebemos mais informações da pessoa perdida.

A esperança estampada no rosto de cada um. Viram um aparelho sobrevoando o céu da região e podemos constatar depois que a esperança havia sido renovada, mesmo depois de 2 dias de buscas incessantes por terra. Precisavam ver os “anjos vindo do céu”, palavras ditas por uma senhora ao nos ver chegando. Sabiam que a partir deste momento algo diferente poderia acontecer.

Iniciamos as buscas no domingo mesmo. Cobrimos uma área gigante. A corredeira de um rio por mais de 5 km de extensão, mas em vão. Não tínhamos um norte, estávamos perdidos igual a esta “criança”.

Cronica2

O sol já começava a se pôr, mas não deixávamos de pensar o que fazer para o próximo dia. O comandante da aeronave ao decolar disse: “Nós vamos encontrá-lo hoje”. Isso tem um peso forte na nossa consciência. Fomos ali para isso e não poderíamos deixar de atender aquelas pessoas. Nossa missão é Servir e Proteger, mas nestes dias de busca estávamos apenas SERVINDO.

A cada pouso desta aeronave (que chamo carinhosamente de BESOURO), olhávamos nos olhos das pessoas em busca de uma novidade, uma nova esperança. Foi quando encontramos uma das peças de roupa dele. Agora tínhamos um norte, sabíamos qual caminho tomar e qual área procurar. Duas horas depois encontramos outra peça de roupa. Era ali que ele se encontrava. Muito próximo da gente. Não tinha como não achá-lo. Mesmo que fosse da pior maneira possível.

Cronica3

Uma parada na narração para falar sobre o terreno que estávamos cobrindo. Uma enorme área de aproximadamente 150 hec (1.500.000 metros quadrados), sendo que 50% do terreno coberto havia apenas água de brejo, várzea e lagoa. O restante era de uma mata densa e fechada. Acumulando nessa dificuldade, era uma área de habitat de onças, jacarés, sucuris, antas, porcos do mato (queixada) e capivaras. Aliados a isso a grande dificuldade de locomoção da nossa vítima, a quem estávamos buscando.

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Fizemos o transporte de três mateiros para que estes fossem à procura dele por terra, mas em vão. Nada encontrado. Precisávamos de mais pessoas. Falamos com todos. Mais de 30 pessoas vieram, voluntariamente, ajudar. Agora sim, tínhamos efetivo por terra e um efetivo atento pelo ar. Não havia como perdê-lo.

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No lançamento dos ajudantes por terra, ao começarmos as buscas, não demorou 10 min até que encontramos a nossa vítima. Uma pena que não o encontramos em condições de levá-lo para o hospital, mas o caminho dele seria outro. Não preciso entrar em detalhes. Ele se encontrava dentro d´água, desamparado, sem proteção, sem vida.

No retorno para casa ficam aquelas mensagens do agradecimento de todos. Cada olhar, cada gesto, cada pensamento. Somos a ajuda que vem do céu, mas mais do que isso, somos os anjos do Senhor que leva conforto a cada família quando estamos servindo.

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Posso falar: “nossa missão valeu cada gota de suor, sangue e até mesmo do combustível gasto para darmos uma resposta, um alento a esta família que sofria, sem forças para prosseguir. Fizemos a diferença pelo ar, mas se não fossem os homens, mulheres, idosos e crianças por terra, de nada adiantaria”.

Obrigado meu Deus por mais esta experiência e oportunidade.

Texto: Sargento PM Marcus Vinicius Amaral Soares.


GuRpAer do Pégasus 09:
Cap Miguel Tatis, Ten Alexandre Miranda, Sgt Vinícius, Sgt Weslei, Sgt Silvio, Sgt Asteclides e Sgt Rodnei.