Equipando uma aeronave de segurança pública
26 de outubro de 2011 8min de leitura
Simplesmente pintar as palavras “polícia” ou “bombeiros” em um helicóptero não o fazem um helicóptero para atuar em missões de segurança pública. O conjunto de equipamentos, aviônicos, etc é que verdadeiramente tornam a aeronave apta para cumprir suas missões.
Desde 1960/70, no início das primeiras atividades de segurança pública com helicópteros nos Estados Unidos, sem a atual tecnologia disponível, os operadores já percebiam que para uma eficiente atuação precisavam mais do que apenas o helicóptero.
No início, a criatividade e inovação imperou com a utilização de aeronaves excedentes das Forças Armadas americanas. Os primeiros Bell 47 a operarem para o Departamento de Polícia Metropolitana de Washignton/EUA tiveram um rádio policial de motocicleta “adaptado” instalado em algumas partes no cone de cauda e uma cabeça de controle na cabine para conseguir uma integração da aeronave com os meios terrestres.
Segundo Tom Feldon, um dos primeiros pilotos a voar para o Departamento de Polícia Metropolitana, em Washington/EUA, “Não haviam binóculos giroestabilizados, usávamos binóculos normais. Mas esses binóculos normais não funcionavam, se você tentasse olhar através deles ficava enjoado. Tínhamos que ficar pairado com o helicóptero para conseguir enxergar algo”.
A utilização de farol de busca começou alguns anos depois, mas muito longe da qualidade dos atuais. Rádios policiais e faróis de buscas melhores só viriam a ser utilizados na década de 80, quando começou a operação com aeronaves à turbina. Atualmente, equipamentos complexos para a missão de segurança pública não é mais um luxo.
Toda a equipagem que vai a bordo da aeronave é tão importante que muitas vezes custa tão caro quanto a própria aeronave. Segundo Matt Murphey, que atua com a unidade aérea do Departamento de Polícia do Texas (DPS), “nossas aeronaves compradas em 2008 custaram US $ 1,5 milhão, e gastamos mais US $ 1,5 milhões em equipamentos”.
O trabalho de Matt é selecionar os equipamentos que serão instalados nas aeronaves da unidade aérea da polícia do Texas, que inclui quinze helicópteros Eurocopter e oito aviões Cessna. Atualmente, esse equipamentos inclui sistema EFIS (sistema de instrumentos eletrônicos de vôo), câmera de imagens térmica, sistema de moving maps, seis rádios policiais, dois rádios aeronáuticos, sistemas de navegação, telefonia via satélite, entre outros equipamentos.
Segundo Matt, “O equipamento mais popular em aeronaves de segurança pública são os sistemas de moving maps. Eles permitem a tripulação localizar um local através do endereço em uma cidade grande ou pequena, é isso é imprescindível”.
Equipando as novas aeronaves da polícia de Maryland/EUA
A Polícia do Estado de Maryland (MSP) em outubro de 2010 encomendou quatro novas aeronaves bimotoras Agusta Westland AW139. Essa encomenda é a primeira de um lote total de onze aeronaves que irão substituir a frota atual de dez Eurocopter AS365 Dauphins, que entraram em serviço em meados de 1980.
Bill Bernard, diretor de operações de vôo, junto com sua equipe, está gerenciando o programa de aquisição de AW139 da unidade aérea da polícia estadual de Maryland/EUA (MSP). Isso inclui a seleção dos equipamentos que possibilitarão as aeronaves a operar as três principais missões da unidade aérea: missões policiais e de segurança pública, transporte/resgate aeromédico e missões de busca e salvamento.
“Não que estamos insatisfeitos com o Dauphins que atualmente estamos operando, mas devido à idade da frota, estava na hora de iniciar um processo para uma aeronave em “estado de arte” para servir aos cidadãos de Maryland/EUA nos próximos 20 anos”, disse Bill.
Rádios Policiais
Um helicóptero policial é inútil se a sua tripulação não tem como transmitir suas observações e receber informações de e para as unidade em terra. Isto pode ser particularmente complicado considerando que as frequências de comunicação podem variar de 30 MHz a 960 MHz. O sistema de comunicação de cada aeronave também deve permitir que os membros da tripulação possam utilizar os rádios e com controles independentes de qualquer posição na aeronave, sem afetar nenhum outro membro da tripulação. O equipamento selecionado por Bill para atender as necessidades da MSP foi o conjunto de transceptores digital Wulfsberg RT5000, da Cobham Aerospace. Eles vão ser acoplado a duas cabeças controle na cabine dos pilotos, além de mais quatro montadas na cabine da tripulação, permitindo ao tripulantes e paramédicos falar com as equipes de terra, equipe de emergência médica e pessoal do centro de trauma.
Sistema de imageador térmico
O sistema de imageador térmico, combinando imagens a cores e térmicas é considerado pela maioria do pessoal de unidades aéreas como uma das mais importantes peças da engrenagem de equipamentos policial a bordo do helicóptero. O sistema FLIR cria uma imagem em preto e branco a partir da assinatura de calor de um objeto e as exibe em um monitor para a tripulação. Na escuridão total, o sistema é capaz de “ver” quase tudo, de cápsulas de armas de fogo recém ejetadas a pessoas perdidas. A câmera colorida, que compartilha o mesmo sistema do sensor FLIR, é semelhante a uma câmera de vídeo com qualidade profissional. Ambos muitas vezes são ligado a um sistema de gravação digital à bordo da aeronave ou a um link de transmissão para a central de comando. A MSP selecionou o sistema Wescam MX-15I, da L3 Communications, que será integrado com um sistema de gravador de vídeo digital.
Farol de Busca
Atualmente , um farol de busca de alta potência é praticamente obrigatório a todos os helicópteros da polícia. Seu objetivo principal é iluminar cenas de crime e áreas de buscas. Em um missões de evacuação aeromédica, o piloto utiliza-o para verificar se há obstáculos na zonas de pouso antes de fazer a aproximação final em áreas de pouso não preparadas. A MSP selecionou o farol de busca Nightsun SX-16, com recurso de iluminação infravermelha (IFCO), da Spectrolab. O recurso de IFCO utiliza um filtro sobre a lente do farol para bloquear o feixe de luz branca, permitindo a passagem de apenas parte do espectro de luz necessária para ser visualizado pelo equipamento de visão noturna. O sistema de farol de busca terá a opção de ser operado de forma independente, ou “escravizado” ao sistema de FLIR MX-15I.
Moving Maps
Apesar de Maryland ser o oitavo menor estado nos Estados Unidos, encontrar locais precisamente o mais rápido possível ainda é extremamente importante para uma missão. Portanto, um sistema de moving maps é fundamental para sua capacidade de operação nos limites do estado, bem como em estados vizinhos, onde muitas vezes são chamados, devido a um antigo acordo de ajuda mútua. Talvez o mais importante equipamento da missão para as tripulações, um moving map bem configurado com ruas detalhadas e informações de locais de referencia, bem como auxiliar na gestão do tempo e designação de outros dados para chegar e sair de um determinado destino. A EuroAvionics, com sede em Pforzheim, na Alemanha, foi selecionada para fornecer à MSP o sistema de moving map Euronav. Seu display colorido pode dar informações detalhadas de ruas e endereços, bem como o exibição de cartas de navegação sobrepostas internamente para mostrar a posição da aeronave no sistema do espaço aéreo.
Digital Video Downlink
O velho ditado “Uma imagem vale mais que mil palavras” também se aplica à aviação policial, razão pela qual atualmente muitos helicópteros de polícia equipados com sistemas de vídeo e FLIR utilizam sistemas digitais de downlink para transmitir o que eles estão vendo para as unidades terrestres e centros de operações. Com um foco institucional, comandantes em terra e equipadas com receptores podem obter uma visão clara de uma cena de crime, situação de reféns ou as conseqüências de um desastre em tempo real.
O sistema de downlink selecionado foi o MRC Strata, de 625 MHz, acoplado com uma antena omni-direcionais, da Microwave Radio Communications. Também está incluído no sistema receptores portáteis para equipes terrestres e estações de comando avançado.
Óculos de visão noturna
O NTSB americano (National Transportation Safety Board) recentemente emitiu uma série de recomendações de segurança operacional para a utilização de óculos de visão noturna (NVG) a bordo de helicópteros utilizados para em missões de resgate e remoção aeromédica.
Muitas das unidades aéreas que prestam serviços aeromédicos estão implantando essa recomendação, e estão equipando suas aeronaves e tripulações com óculos de visão noturna (NVG) para ajudá-los na navegação e operação à noite. Além dos óculos e dos capacetes adaptados, a aeronave em si precisa ser compatível com NVG para que os instrumentos e luzes interior não interfiram na operação e processamento de imagem dos sensores dos óculos.
O MSP atualmente usa óculos de visão noturna (NVG) ANVIS-9 de forma limitada, mas em breve irá prover treinamento para todos os seus tripulantes com o objetivo de serem proficientes em seu uso.
O cockpit dos novos AW139 e suas luzes exteriores já serão compatíveis com a operação óculos de visão noturna, mas muitas das luzes utilizados pelo paramédicos para atender a pacientes ainda não serão. Para proteger os pilotos, uma cortina blackout será instalada para separar as duas seções da cabine da aeronave para proteger os piloto dessas luzes não compatíveis.
Fonte: Rotor & Wing – Tradução e adaptação: Alex Mena Barreto / Piloto Policial
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