“Rescue me”
28 de maio de 2011 2min de leitura
CONRADO TRAMONTINI
No final de semana da Páscoa de 2009, um acidente parou a Rodovia Ayrton Senna, pouco tempo antes de eu passar por ali. A imagem dos bombeiros e da polícia correndo para atender aquelas pessoas, o Águia pousando na Rodovia, as pessoas ainda na pista, o cobertor de alumínio, os carros retorcidos e depois o Águia sobrevoando a Barra Funda, onde eu estava, enquanto voltava do Hospital das Clínicas ficaram gravadas em minha memória. Com isso, ficou a vontade prestar uma homenagem a esses homens, que diariamente, partem para salvar outras vidas, muitas vezes entregando a sua própria vida a isso.
“Rescue me”
Nos detalhes da manhã daquele sábado de aleluia, um azul perfeito dominava todo o céu sem nuvens, enquanto um vento gelado varria a planície cortada pela rodovia. Era um céu de Brigadeiro, como é chamado pelos aviadores. Ótimo para voar.
O helicóptero pousou ali mesmo, no heliponto improvisado. As pás cortando o ar refletiam com flashs, o Sol ainda em ascensão. Olhei para trás, ali estava meu carro, parado em um canto da Rodovia. Dois homens vinham da direção dele, enquanto um terceiro, vindo do helicóptero, veio nos buscar. Perguntou como eu estava. “Nada bem!” respondeu alguém ao meu lado. Lembro que eu estava indo para o trabalho. Apressado e atrasado.
Senti o frio daquela manhã cada vez mais forte. Realmente não estava nada bem. Uma aguda dor no corpo e vertigens. Já não sabia se quem rodava era eu ou as pás do helicóptero, enquanto entrei nele. Olhei outra vez para meu carro, destruído pelo impacto com o outro carro. Um bombeiro prestava os socorros ao outro motorista, enquanto caminhavam para a ambulância.
O mal-estar estava terrível. Sentia a cabeça pulsando a cada batida do coração, em um ritmo decrescente. Minhas pernas formigavam de forma absurda. O paramédico ajeitou o cobertor de alumínio para me aquecer. Eu desmaiei e outra vez, acordei com o zunido do desfibrilador. Senti o cheiro de hospital vindo pela máscara de oxigênio e ouvia o rugido do Águia decolando em direção ao Clínicas.
Olhei outra vez em volta, vendo o rosto daqueles homens, que lutavam, para que outro homem ressuscitasse em um Domingo de Páscoa.
Autor texto e foto: Conrado Tramontini
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